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R7 Brasília

Maduro deve ‘arcar com consequências’, diz Lula sobre impasse na Venezuela

Chavista foi declarado vencedor da eleição presidencial, mas parte da comunidade internacional e a oposição contestam resultado

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

'Sinceramente, não sei o que Maduro fez', criticou Lula Divulgação/Governo Bolivariano da Venezuela – 30.8.2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (30) que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deve “arcar com as consequências de seus gestos” em relação às eleições venezuelanas. Lula voltou a defender transparência nos resultados do pleito na Venezuela e afirmou ter “consciência” de que tentou ajudar o país vizinho. A Venezuela foi às urnas em 28 de julho e, mesmo mais de um mês depois do pleito, a nação enfrenta um impasse político entre Maduro e a oposição, representada nas eleições pelo candidato Edmundo González.

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O chavista foi declarado vencedor um dia depois da votação pelo órgão eleitoral venezuelano, mas parte da comunidade internacional e a oposição não aceitam o resultado. Como o governo venezuelano não apresentou as atas eleitorais, que contêm os dados das urnas de cada zona, González afirma ter recebido cerca de 70% dos votos. Sem a divulgação das informações, o Brasil não reconhece nem refuta a suposta reeleição de Maduro.

“O Maduro que cuide de lá, ele que arque com as consequências do gesto dele e eu com as minhas. Eu tenho consciência política de que tentei ajudar muito, mas muito”, afirmou, ao declarar que não saber o que Maduro fez. “Ele fez uma opção política”, acrescentou, durante entrevista a uma rádio paraibana.

Lula se uniu aos presidentes do México, López Obrador, e da Colômbia, Gustavo Petro, para, em declaração conjunta dos três países, pedir a liberação das atas eleitorais pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral) venezuelano. Brasil, Colômbia e México emitiram, nas últimas semanas, dois comunicados em defesa da transparência das eleições na nação vizinha e pediram a divulgação dos dados completas das urnas. A primeira nota conjunta é de 1º de agosto, quatro dias depois das eleições na Venezuela, e o segundo texto foi divulgado na última quinta (8). Depois, sem o México, Brasil e Colômbia emitiram um terceiro documento, na semana passada.


“Eu tomei muito cuidado de reunir México e Colômbia para a gente tomar decisão conjunta. O López Obrador resolveu não assinar [o terceiro texto] porque está a 15 dias de deixar a presidência, então ficou eu e Petro”, explicou. Eleita em junho, Claudia Sheinbaum será a primeira mulher presidente do México. Ela toma posse em 1º de outubro.

“O que estamos exigindo? A Venezuela tinha um colégio eleitoral com três pessoas do governo e duas da oposição. Era esse colégio que tinha que dar o parecer sobre as atas. Acontece que Maduro não ouviu esse colégio, passou direto para a Suprema Corte. Não estou questionando a Suprema Corte, apenas acho que, corretamente, deveria passar pelo colégio eleitoral, criado para esse fim. Então, não aceito a vitória dele nem da oposição. Não tem prova, estamos exigindo a prova. Obviamente que ele tem o direito de não gostar, eu falei que era importante que convocasse novas eleições”, acrescentou.


Na semana passada, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela ratificou a vitória de Maduro e considerou que a oposição falsificou os dados apresentados para contestar o resultado do pleito. Há 15 dias, Lula sugeriu que o país vizinho faça novas eleições, em meio ao impasse.

“Eu não tenho relação ideológica com chefe de Estado, não é assim que funciona a política. Eu, enquanto cidadão e pessoa física, posso ter uma preferência, mas, enquanto chefe de Estado, eu tenho que tratar todo mundo igual. Sempre me preocupei com a Venezuela, porque o Brasil tem 1.600 km de fronteira. Eu gostava muito do Chávez [morto em 2013], que criava muito problema e eu ajudava a resolver os problemas”, completou Lula, ao declarar que, “infelizmente”, Chávez morreu e Maduro assumiu.

O petista se pronunciou pela primeira vez sobre as eleições na Venezuela dois dias depois da votação, quando afirmou que não há nada “grave” nem “anormal” no processo eleitoral do país vizinho. Há cerca de duas semanas, Lula declarou que o governo de Maduro é um regime “muito desagradável”, mas não chega a ser uma ditadura, apesar do viés autoritário.

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