Mais de 6 mil agentes vão atuar na segurança das eleições no DF
Escalada de violência política preocupa dirigentes partidários no pleito local; drones serão usados para o monitoramento
Brasília|Jéssica Moura, do R7, em Brasília
Mais de 6 mil agentes vão atuar na segurança das eleições no Distrito Federal. Episódios de violência relacionados à política, como a morte do militante do Partido dos Trabalhadores (PT) e guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda a tiros por um policial penal em Foz do Iguaçu (PR), aumentam a preocupação das autoridades.
As forças de segurança e a Justiça Eleitoral se articulam para reforçar as ações contra violência durante a campanha eleitoral. A estratégia envolve não só o patrulhamento nas ruas, mas também a segurança de magistrados e das próprias urnas eletrônicas. Recentemente, representantes de todas as corporações de segurança pública — como Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Federal — e dos tribunais eleitorais se reuniram para discutir a estratégia durante o período eleitoral.
Além das patrulhas, a segurança patrimonial dos prédios que ficam ao longo do Eixo Monumental e Esplanada dos Ministérios vai integrar o plano de segurança. "Essa foi uma reunião inicial articulada pela Secretaria de Segurança", explicou o diretor-geral do TRE-DF, Eduardo de Castro Rodrigues. Segundo ele, cinco eixos temáticos estão sendo considerados no planejamento.
O cientista político Valdir Pucci considerou que, no DF, pode haver confusões políticas e prédios também podem ser alvos de ataques. "O risco entre as pessoas vai existir por conta da polarização, mas, a depender do resultado das eleições ou manifestações da campanha, pode haver ataques a edifícios oficiais no âmbito federal."
Pela primeira vez, drones para captura de imagens serão usados no monitoramento da Polícia Federal. A Polícia Militar vai escoltar os magistrados e o Departamento de Trânsito deve organizar o fluxo. "[O planejamento] leva em conta o período eleitoral, que começa em 16 de agosto, temos essa articulação”, destacou o diretor-geral do TRE-DF. "Tudo isso é para que haja tranquilidade desde o início do processo eleitoral até a finalização", acrescentou.
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"Tem que ter um trabalho de inteligência das forças para prevenir tentativas de práticas violentas. Não pode proibir aglomeração em ambiente democrático, mas pode antever as ações violentas, que deixam rastros", argumentou Pucci. Para ele, os esforços têm que ser concentrados nos dias de votação.
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal informou que "os protocolos de operações integradas são consolidados após reuniões de ajustes e alinhamento com os entes envolvidos". A pasta destacou que a elaboração do plano ainda está em andamento. "Nossa preocupação é com a segurança de todos. A gente torce para que não aconteça nada fora do planejado, mas estamos preparados para qualquer tipo de contingência."
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Números da eleição
Ao todo, serão usadas 7 mil urnas eletrônicas no Distrito Federal, distribuídas em 612 locais de votação. Dessas, mil serão destinadas à eleição no exterior, que é organizada pelo TRE-DF. Os equipamentos ficam armazenados em galpões e são levados para o local de votação na antevéspera do pleito. Pelo menos 35 mil agentes eleitorais estarão envolvidos no processo. No DF, as eleições devem ter um custo de R$ 8,3 milhões. Na capital, 2,2 milhões de eleitores estão aptos a votar.
Cibersegurança
Outra preocupação das autoridades é com a segurança virtual, para evitar a propagação de desinformação e discurso de ódio. "O reforço na cibersegurança começou desde o ano passado com recursos em infraestrutura. Temos uma comissão de juízes para o combate às fake news", explicou Rodrigues.
Pucci argumenta que a eleição de 2022 é fora da curva. "Vejo a democracia passando por um momento de muita tensão, nesta eleição vamos ter muita contestação. Já tivemos eleições tensas no passado. Essa é mais complicada."
Violência política
De acordo com levantamento do Observatório da Violência Política e Eleitoral, no primeiro semestre deste ano, o DF não tinha registrado nenhum caso de violência com motivação política. Em 2020, ano eleitoral nos outros estados, já que não há eleição municipal na capital, foram quatro incidentes. Contudo, no início de julho, dois colegas de trabalho chegaram a brigar depois de uma discussão on-line sobre política e acabaram na delegacia.