Malafaia chamou Eduardo de ‘babaca’ em áudio enviado a Bolsonaro, diz PF
Corporação afirma que pastor exercia forte influência sobre a família Bolsonaro, atuando como conselheiro e articulador de ações políticas
Brasília|Do R7, em Brasília
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Na investigação sobre a suposta atuação do ex-presidente Jair Bolsonaro e do filho dele Eduardo Bolsonaro para atrapalhar o processo por tentativa de golpe de Estado, a Polícia Federal disse que o pastor Silas Malafaia teve forte influência no caso, trocando constantes mensagens com o ex-presidente. Em uma das conversas, Malafaia criticou a conduta de Eduardo, chamando-o de “babaca”.
O pastor fez o comentário após elogiar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pela forma como tratou a questão das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, defendendo a necessidade de discutir uma “anistia” em troca de negociações. Malafaia, contudo, rechaçou a postura de Eduardo, vista como prejudicial para o pai.
“A faca e o queijo tá na tua mão. E nós não podemos perder isso. E vem o teu filho babaca falar m****. Dando discurso nacionalista, que eu sei que você não é a favor disso. Dei-lhe um esporro, cara... Mandei um áudio para ele de arrombar. E disse para ele, a próxima que tu fizer eu gravo um vídeo e te arrebento. Falei para o Eduardo . Vai pro meio de um cacete. O cara parecendo contra você. Essa fogueira de m**** de vaidade. Mas dá parabéns ao Fávio, tá? Foi certinho. É isso ai. Vou dar parabéns a ele também. Vambora. A faca e o queijo tá contigo. Deus tá contigo, cumpade. Eles tão é ferrado. Vão ter que sentar no colinho. Tá? Essa que é a verdade. Um abraço”, teria dito Malafaia no áudio obtido pela PF.

Segundo a PF, as mensagens trocadas entre Bolsonaro e Malafaia revelam a proximidade do líder religioso com as decisões políticas da família Bolsonaro, com orientações para pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal).
O relatório da PF aponta que Malafaia atuou diretamente na elaboração de estratégias para coagir ministros do STF, com o objetivo de obter uma anistia ampla aos envolvidos na tentativa de golpe. Em mensagens enviadas em 13 de julho, ele orientou Jair Bolsonaro a vincular a tarifa de 50% imposta pelo governo Donald Trump à concessão de anistia:
“Tem que pressionar o STF dizendo que se houver uma anistia ampla e total, a tarifa vai ser suspensa. Ainda pode usar o seguinte argumento: NÃO QUEREMOS VER SANÇÕES CONTRA MINISTROS DO STF E SUAS FAMÍLIAS.”
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Segundo a PF, Malafaia também validava conteúdos publicados por Bolsonaro nas redes sociais, coordenava a criação de campanhas digitais e chegou a se oferecer para produzir versões em inglês de vídeos utilizando inteligência artificial.
O material seria encaminhado a Donald Trump por intermédio de Eduardo Bolsonaro, que está nos EUA e mantém contato com assessores do presidente americano.

Para a corporação, as mensagens indicam que Malafaia exercia forte influência sobre a família Bolsonaro, atuando como conselheiro e articulador de ações políticas. Ele chegou a orientar Bolsonaro sobre o formato de cartas e vídeos a serem divulgados, além de sugerir a associação de slogans como “anistia já e a taxação cai” a campanhas digitais.
A PF conclui que o pastor participou de forma consciente e ativa da definição de narrativas para atacar e pressionar autoridades do STF, condutas que se enquadram na dinâmica das chamadas “milícias digitais” — operações orquestradas para deslegitimar instituições democráticas.
Pastor é alvo de operação da PF
Malafaia foi alvo de um mandado de busca e apreensão expedido pelo STF nesta quarta-feira (20). O pastor foi abordado por agentes da Polícia Federal no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, depois de uma viagem a Portugal e teve o celular apreendido.
De acordo com documento assinado pelo ministro Alexandre de Moraes, também foram impostas medidas cautelares alternativas à prisão.
Pela decisão, Malafaia teve o passaporte apreendido e está proibido de sair do país, além de se comunicar com outros Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro.
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