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Malafaia sugeriu que Bolsonaro gravasse vídeo sobre tarifas de Trump: ‘Vai arrebentar’

Conversa foi descoberta após a apreensão do celular do ex-presidente pela Polícia Federal

Brasília|Rafaela Soares, do R7, em Brasília

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Jair Bolsonaro consultou Silas Malafaia sobre como se pronunciar sobre tarifas de 50% impostas por Donald Trump.
  • Malafaia recomendou a gravação de um vídeo em vez de uma carta, ressaltando que o público consome mais conteúdo em vídeo.
  • A PF indiciou Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro por tentativa de interferir na ação penal que envolve o ex-presidente.
  • Eduardo Bolsonaro é acusado de buscar sanções contra ministros e de movimentar dinheiro de forma ilícita para proteger o pai.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Silas Malafaia orientou Jair Bolsonaro na divulgação de posicionamento sobre tarifaço de Trump Gabriel Silva/E.Fotografia/Estadão Conteúdo - 29/06/2025

O ex-presidente Jair Bolsonaro consultou o pastor Silas Malafaia sobre um pronunciamento que planejava fazer após o anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo de Donald Trump.

Em mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF), Bolsonaro enviou a versão escrita do comunicado e pediu orientações ao pastor.


Malafaia respondeu que o texto estava bom, mas sugeriu alterações. “Só uma questão para pensar: você não acha melhor gravar um vídeo falando o que está na carta do seu jeito? O brasileiro vê muito mais vídeo do que lê carta”, disse.

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O texto, dividido em cinco tópicos, afirmava que a carta de Trump tinha “muito mais, ou quase tudo, a ver com valores e liberdade do que com economia”.


Além disso, indicava que a solução deveria passar pela Justiça em relação aos presos do 8 de Janeiro e pela anistia, “que é algo privativo do Congresso e não de qualquer outro Poder”.

Conversa entre Bolsonaro e Silas Malafaia obtida pela PF Divulgação/PF - 20.8.2025
Conversa entre Bolsonaro e Silas Malafaia obtida pela PF Divulgação/PF - 20.8.2025

Malafaia insistiu que a divulgação em vídeo ajudaria a propagar a narrativa defendida pelo grupo. “Se você gravar um vídeo dessa carta, vai arrebentar! Um instrumento para o povo que te apoia divulgar. Povo não divulga carta, mas sim vídeo”, afirmou.


Em resposta, Bolsonaro disse que publicaria o texto escrito primeiro e só depois avaliaria a versão em vídeo. “A carta vale para a imprensa, o pessoal que pensa. Vídeo para o povo em geral”, declarou o líder religioso.

Conversa entre Bolsonaro e Silas Malafaia obtida pela PF Divulgação/PF - 20.8.2025
Conversa entre Bolsonaro e Silas Malafaia obtida pela PF Divulgação/PF - 20.8.2025

Mais tarde, Malafaia informou haver conversado com um “marqueteiro” para criar uma frase de impacto, como “anistia já e a taxação cai”.


“Vale ressaltar que, nas orientações repassadas ao ex-presidente, Silas Malafaia evidencia que a real intenção dos atos praticados pelos investigados é coagir as autoridades brasileiras para obter anistia e impunidade nas ações penais em curso”, afirma o relatório da PF.

A investigação também demonstrou que, em uma das mensagens, o pastor destacou a necessidade de associar “a taxa com a questão da anistia”. “É a carta de Trump, não vão ter como dizer que é fake”, ressaltou.

Campanha orquestrada

No diálogo seguinte, Malafaia afirmou que o marqueteiro produziria vídeo e banner, preparando uma “campanha orquestrada”. A frase proposta era: “Anistia para todos! O Brasil da liberdade não será taxado.”

Mais tarde, Bolsonaro disse que não conseguiu gravar o vídeo devido a uma crise de soluço: “A cada três segundos, um soluço. É impossível gravar qualquer coisa. E a crise está comigo há dias. Tá ok? Se por acaso acalmar aqui, eu faço”, escreveu o ex-presidente.

Entenda o caso

A PF decidiu indiciar Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro por tentativa de interferir na ação penal em que o ex-presidente é réu por tentativa de golpe de Estado.

No relatório final, os investigadores apontaram indícios de crimes de coação no curso do processo (artigo 344 do Código Penal) e abolição violenta do Estado Democrático de Direito (artigo 359-L).

O documento foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e à Procuradoria-Geral da República (PGR).

Segundo a PF, Eduardo buscou autoridades dos Estados Unidos para tentar impor sanções a ministros do STF, membros da PGR e da PF, visando interferir na ação penal e garantir impunidade ao pai.

Ele também teria usado redes sociais em inglês para atingir o público internacional e coordenado a divulgação de narrativas favoráveis aos investigados.

Ainda conforme o relatório, Eduardo recebeu R$ 2 milhões de Bolsonaro e realizou operações de câmbio e transferências para ocultar a origem do dinheiro.

Acusações contra Jair Bolsonaro

A PF afirma que o ex-presidente financiou e corroborou as ações do filho. Ele teria descumprido medidas cautelares, mantido comunicação coordenada com aliados para coagir autoridades e até planejado fuga do país.

As investigações também apontam movimentações financeiras atípicas para custear atividades ilícitas.

“O conjunto de elementos probatórios arrecadados indica que o ex-presidente Jair Bolsonaro atuou deliberadamente, de forma livre e consciente, desde o início de 2025 e, com maior ênfase, nos meses de maio, junho e julho de 2025 — quando se intensificaram as ações de Eduardo Bolsonaro no exterior — com a finalidade de se desfazer dos recursos financeiros que tinha em sua posse imediata, bem como evitar possíveis medidas judiciais que limitassem ou impedissem a consumação do intento criminoso”, escreveu a PF.

Defesas

Nas redes sociais, Eduardo declarou que lhe “causa espanto” ser apontado como participante de crime sem que a PF identifique os autores.Em nota publicada no X (antigo Twitter), classificou a acusação como “delirante” e questionou por que autoridades americanas não foram incluídas:

“Se a tese da PF é de que haveria intenção de influenciar políticas de governo, o poder de decisão não estava em minhas mãos, mas em autoridades americanas, como o presidente Donald Trump, o senador Marco Rubio ou o Secretário do Tesouro Scott Bessent. Por que, então, a PF não os incluiu como autores? Omissão? Falta de coragem?”, escreveu.

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro declarou ter recebido com “surpresa” o indiciamento. Em nota, os advogados informaram que vão apresentar esclarecimentos no prazo estabelecido por Moraes.

Os representantes de Bolsonaro negam que o ex-presidente tenha descumprido medidas cautelares impostas pelo STF. Segundo a defesa, ele sempre respeitou as determinações judiciais.

Perguntas e respostas

Qual foi a consulta feita por Jair Bolsonaro a Silas Malafaia?

O ex-presidente Jair Bolsonaro consultou o pastor Silas Malafaia sobre um pronunciamento que planejava fazer após o anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo de Donald Trump. Ele enviou a versão escrita do comunicado e pediu orientações ao pastor.

O que Silas Malafaia sugeriu a Bolsonaro sobre o pronunciamento?

Silas Malafaia sugeriu que Bolsonaro gravasse um vídeo falando sobre o conteúdo da carta, afirmando que os brasileiros assistem mais a vídeos do que leem cartas. Ele destacou que um vídeo poderia ajudar a propagar a narrativa proposta pelo grupo.

Como Bolsonaro respondeu à sugestão de Malafaia?

Bolsonaro respondeu que publicaria o texto escrito primeiro e só depois consideraria a versão em vídeo, afirmando que a carta era voltada para a imprensa e pessoas que pensam, enquanto o vídeo seria para o público em geral.

O que mais foi discutido entre Malafaia e Bolsonaro?

Malafaia mencionou que havia conversado com um marqueteiro para criar uma frase de impacto relacionada à anistia e às tarifas. Ele também destacou a necessidade de associar a questão da anistia à carta de Trump.

Quais foram as consequências da investigação da Polícia Federal?

A Polícia Federal decidiu indiciar Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro por tentativa de interferir na ação penal em que o ex-presidente é réu por tentativa de golpe de Estado. O relatório apontou indícios de crimes de coação e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

O que Eduardo Bolsonaro fez segundo as investigações?

Eduardo Bolsonaro buscou autoridades dos EUA para tentar impor sanções a ministros do STF, membros da PGR e da Polícia Federal, visando interferir na ação penal e garantir impunidade ao pai. Ele também utilizou redes sociais em inglês para atingir o público internacional.

Como a defesa de Jair Bolsonaro reagiu ao indiciamento?

A defesa de Jair Bolsonaro expressou surpresa com o indiciamento e afirmou que apresentará esclarecimentos dentro do prazo estabelecido. Os advogados negaram que o ex-presidente tenha descumprido medidas cautelares impostas pelo STF, afirmando que ele sempre respeitou as determinações judiciais.

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