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Marina após novos ataques: ‘Às vezes, desrespeito é a única coisa que as pessoas podem oferecer’

Ministra esteve na Câmara para dar explicações sobre desmatamento e queimadas; em maio, ela foi ofendida no Senado

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

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Marina Silva criticou 'contradição' de deputados Fernando Donasci/MMA - 2.7.2025

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, lamentou nesta quarta-feira (2) o novo episódio de ataques contra ela, ocorrido na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados.

A ministra declarou que, apesar de ter apresentado as informações pedidas, os parlamentares não ficaram satisfeitos e partiram para as ofensas. “O desrespeito, às vezes, é a única coisa que as pessoas que não conhecem o respeito são capazes de oferecer”, destacou a jornalistas, após a reunião.


Marina esteve na comissão para prestar explicações sobre desmatamentos e queimadas. “Eu, graças a Deus, participei do debate, trazendo as informações e contribuindo para que a gente possa ajudar, inclusive aqueles que estão querendo dar um tiro no pé”, acrescentou Marina.

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Na avaliação da ministra, as reações demonstram de que lado os ofensores estão. “Obviamente que aqueles que se colocam do lado dos 2% que cometem as contravenções não ficam satisfeitos. Eu tenho que olhar para os 98% que estão se esforçando para que o Brasil ocupe o lugar que merece ocupar”, continuou.


A ministra relembrou outros momentos de embate que ministros do governo tiveram com parlamentares em audiências no Congresso.

“Isso não foi a primeira vez que aconteceu nessa comissão e eu não sou a única. Ministro [da Fazenda, Fernando] Haddad já foi desrespeitado, [ministra dos Povos Indígenas] Sonia Guajajara, [ex-ministra da Saúde] Nísia Trindade. Todos nós que não defendemos a agenda autoritária e negacionista, que não reconhece a mudança do clima, somos desrespeitados”, observou.


Marina aproveitou para criticar o que chamou de “contradição” dos parlamentares.

“As pessoas aparentemente falam que estão preocupadas com incêndios e desmatamentos, mas vamos verificar a quantidade de emendas [parlamentares] que foram colocadas para combater incêndios e desmatamento? As pessoas falam que estão preocupadas em proteger a amazônia, no entanto, estão reclamando do trabalho que o Ibama faz de retirada de gado criado de forma criminosa dentro de unidades de conservação, de terras indígenas e florestas nacionais”, criticou.


A ministra destacou, contudo, que não vai “não ceder, em hipótese alguma, a qualquer tentativa de intimidação”. “Existe uma régua, e a medida é pelo caminho de cima, não é pelo caminho de baixo”, completou.

Ofensas

Durante a sessão, o deputado Evair de Melo (PP-ES), que integra o colegiado, fez críticas à ministra em diferentes momentos.

“Sua incoerência nos irrita, porque se a senhora fosse coerente eu entenderia”, afirmou o parlamentar.

Em outro momento, declarou: “A senhora tem dificuldade com o agronegócio, porque a senhora nunca trabalhou, nunca produziu, não sabe o que é prosperidade construída pelo trabalho. O mundo sabe que a senhora tem um discurso alinhado com ONGs internacionais”, completou.

Em resposta, Marina Silva citou a própria trajetória e afirmou ter sido “terrivelmente agredida”. A ministra disse ainda que não pretendia entrar em confronto e que “estava em paz” durante a audiência.

“Você não se revela naquilo que o outro diz de você. Você não se revela naquilo que você diz de si mesmo. Você se revela é quando você se refere ao outro. E vossa excelência se revelou”, disse a ministra.

Ela também defendeu o uso de informações baseadas em evidências. “Deputado, eu tenho trabalhado muito, mas a história só é enxergada por aqueles que a querem enxergar. Existe uma tecnologia chamada negacionismo, não vê a história, não vê os fatos”, disse.

Audiência no Senado

Em maio, Marina participou de uma audiência no Senado também marcada por embates. Na ocasião, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) declarou que não a respeitava como ministra.

Já o presidente da comissão, senador Marcos Rogério (PL-RO), afirmou que ela deveria “se pôr no seu lugar”.

O deputado Evair de Melo fez referência a esse episódio durante a audiência na Câmara, classificando a discussão como “acalorada” e apontando “incoerência” por parte da ministra.

Marina mencionou novamente o ocorrido no Senado e disse ter buscado ações espirituais antes de retornar ao Congresso.

“Fiz uma longa oração. E pedi a Deus que me desse muita calma, muita tranquilidade, porque eu sabia que depois do que aconteceu, aqueles que gostam de abrir a porteira para o negacionismo, para a destruição do meio ambiente, para o machismo, para o racismo [...] As pessoas iriam achar muito normal fazer o que está acontecendo aqui no nível piorado, mas acho que Deus me ouviu e eu estou em paz”, declarou.

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