Mauro Cid depõe à CPMI do 8 de Janeiro nesta terça-feira
Preso desde 3 de maio, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro tem direito a permanecer em silêncio para não se comprometer
Brasília|Do R7, em Brasília
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, vai prestar depoimento às 9h desta terça-feira (11) à CPMI que apura os ataques do 8 de Janeiro. Ele tem direito a permanecer em silêncio para não se comprometer. Cid está preso desde 3 de maio, por uma operação que apura um esquema de fraude em cartões de vacinação.
O tenente também é investigado nos casos das joias de Jair e Michelle Bolsonaro e dos atos extremistas de 8 de janeiro. À Polícia Federal, ele já prestou seis depoimentos, mas foi no último dia 30 que ele falou pela primeira vez sobre as invasões dos prédios dos Três Poderes, em Brasília, em uma oitiva de quase quatro horas.
O foco do depoimento eram as mensagens encontradas no celular de Cid supostamente incentivando um golpe de Estado. No material visto no aparelho, o coronel do Exército Jean Lawand Júnior pede "pelo amor de Deus" ao ex-ajudante de Bolsonaro que faça "alguma coisa" após a derrota no segundo turno da eleição.
Em um áudio, Lawand dizia que Bolsonaro precisava "dar a ordem" para que os militares pudessem agir. Em depoimento à CPMI, o coronel negou que tenha incentivado um golpe e classificou a mensagem como um "desabafo infeliz".
O R7 apurou que, depois de Cid quebrar o silêncio no depoimento à PF, parlamentares que integram a CPMI do 8 de Janeiro apostam na colaboração do militar no que seria sua primeira fala pública.
Procurada, a defesa de Cid não informou qual seria a orientação. Os advogados chegaram a entrar na Justiça para pedir que o investigado não fosse obrigado a comparecer ao Congresso. A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que Cid será obrigado a comparecer, mas pode ficar em silêncio e não vai precisar responder a perguntas que possam incriminá-lo.
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A possibilidade de que a mulher do militar, Gabriela Cid, seja convocada a depor caso não haja nenhuma resposta por parte do ex-ajudante também pode influenciar na disposição de Cid em falar aos parlamentares. Ela e a filha do general Eduardo Villas Bôas, Ticiana Villas Bôas, articularam atos extremistas para manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições.
Mensagens obtidas pela PF revelam que as duas tramaram a invasão de Brasília e a queda do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"Vai depender da fala do Mauro Cid. Se ele contribuir, se ele falar, não se fará necessária a convocação da Gabriela. Agora, se ele ficar calado, se não contribuir, vai estar, automaticamente, permitindo que a Gabriela, a própria esposa, seja convocada", afirmou o deputado Duarte Jr. (PSB-MA) em um vídeo divulgado nas redes sociais.
A relatora da CPMI, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), não deve explorar questões de cunho familiar na oitiva, conforme a reportagem apurou. Ela prepara perguntas relacionadas aos atos extremistas e ao documento encontrado no celular de Cid que apresentava o roteiro para um golpe de Estado no país após o resultado das eleições presidenciais do ano passado.
Oposição
Os membros que representam a oposição na CPMI pretendem aproveitar a presença do aliado de Bolsonaro para questioná-lo sobre omissões do atual governo durante a invasão dos prédios dos Três Poderes.
"Buscaremos elaborar perguntas que possam ajudar a esclarecer quem foram os verdadeiros responsáveis para que aqueles fatos do dia 8 de janeiro ocorressem. Tanto quem cometeu a ação violenta como quais autoridades foram omissas nas suas respectivas áreas de competência", disse o senador Eduardo Girão (Novo-CE) ao R7.