Ministra da Cultura diz que não sabe se conseguirá restaurar relógio doado pela corte francesa
Margareth Menezes vistoriou nesta terça-feira (10) o Palácio do Planalto, após extremistas terem depredado o edifício
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, afirmou nesta terça-feira (10) que ainda não sabe se poderá restaurar o relógio de Balthazar Martinot, destruído por extremistas durante a invasão do Palácio do Planalto, em Brasília.
Doado pela corte francesa a dom João 6º, o relógio fabricado por Balthazar Martinot, relojoeiro do rei Luís 14, foi danificado. Existem apenas dois medidores desse autor — o outro está exposto no Palácio de Versalhes, na França.
"O relógio talvez seja a obra mais sensível. Existe um outro daquele tipo, de tamanho menor. Está muito danificado. Não está fechada [a avaliação sobre reparos], mas está bastante danificado", afirmou Menezes.
O objeto ficava no 3º andar, onde está localizado o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A ministra da Cultura vistoriou o Planalto acompanhada da primeira-dama, Rosângela da Silva, mais conhecida como Janja.
Outra obra rasgada pelos extremistas durante a invasão é do artista Di Cavalcanti. Segundo a ministra da Cultura, a restauração desse quadro custará entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões.
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Menezes destacou que ainda não há um valor fechado sobre o prejuízo causado pelos extremistas durante a invasão e que o levantamento, com cálculos e informações, deverá ser apresentado até quinta-feira (12).
"Até quinta-feira vai ser entregue todo o levantamento, incluindo eventuais valores [dos prejuízos]. Não sabemos se vai ter condições de restaurar [todas as obras destruídas]", disse a ministra.
Depredação
Relógio de Balthazar Martinot, obras de Di Cavalcanti e Bruno Giorgi, mesa de trabalho de Juscelino Kubitschek e escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg. Esses são alguns dos objetos que foram alvo de destruição por parte dos extremistas que invadiram o Palácio do Planalto, em Brasília, no último domingo (8). De acordo com avaliação inicial, o rastro de desmantelamento do patrimônio público causou prejuízo de ao menos R$ 8,5 milhões.
O Planalto havia informado que não é possível ainda ter um levantamento minucioso de todas as pinturas, esculturas e peças de mobiliário destruídas, mas a avaliação preliminar feita pela equipe responsável aponta diversos estragos em peças icônicas do acervo.
O diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, havia dito que será possível realizar a recuperação da maioria das obras vandalizadas, mas estima como "muito difícil" a restauração do relógio de Balthazar Martinot.
"O valor do que foi destruído é incalculável por conta da história. O conjunto do acervo é a representação de todos os presidentes que representaram o povo brasileiro durante este longo período que começa com JK. É este o seu valor histórico", disse Carvalho. "Do ponto de vista artístico, o Planalto certamente reúne um dos mais importantes acervos do país, especialmente do modernismo brasileiro", completou.
Intervenção
O presidente Lula decretou intervenção federal na segurança do Governo do Distrito Federal diante do cenário de vandalismo registrado na capital federal até 31 de janeiro. O interventor escolhido foi Ricardo Cappelli, atual secretário-executivo do Ministério da Justiça.
A medida foi tomada após a invasão do Palácio do Planalto e dos prédios do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal pelos extremistas, na tarde de domingo (8).
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi afastado do cargo por 90 dias. Em seu lugar, assumiu a vice-governadora, Celina Leão (PP). A ação foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.