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R7 Brasília

Ministro da Defesa de Israel chama fala de Lula de abominável e diz que presidente apoia o Hamas

Yoav Gallant deu declaração nas redes sociais depois de o presidente comparar as ações de Israel em Gaza ao nazismo

Brasília|Do R7, em Brasília

Posição de Lula gerou reações do governo de Israel
Posição de Lula gerou reações do governo de Israel Chuck Kennedy/U.S. Department of State — 30.11.2023

O Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, reagiu neste domingo (18) às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que comparam Israel ao nazismo e afirmou que o chefe do Executivo brasileiro apoia o Hamas. "Acusar Israel de perpetrar um Holocausto é ultrajante e abominável. O Brasil está ao lado de Israel há anos. O presidente Lula apoia uma organização terrorista genocida — o Hamas — e ao fazê-lo traz grande vergonha ao seu povo e viola os valores do mundo livre", escreveu Gallant nas redes sociais.

Lula vem sendo criticado após posicionamento em entrevista coletiva depois de participar da 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Adeba, capital da Etiópia. O presidente disse que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico”. “Aliás, existiu quando Hitler decidiu matar os judeus”, afirmou.

Procurado pelo R7, o Palácio do Planalto disse que "o presidente Lula condenou desde o dia 7 de outubro os atos terroristas do Hamas". "O fez diversas vezes. E se opõe a uma reação desproporcional e ao sofrimento de mulheres e crianças na Faixa de Gaza", diz nota.

Na quinta-feira, Lula já tinha feito críticas a Israel. "O Brasil foi um país que condenou, de forma veemente, a posição de Hamas ao ataque a Israel e ao sequestro de centenas de pessoas. Nós condenamos e chamamos o ato de ato terrorista. Mas não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel, a pretexto de derrotar o Hamas. Está matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra."


O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também respondeu às declarações ainda na manhã deste domingo. Ele afirmou que a fala de Lula é vergonhosa e grave e disse que o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, convocará o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, para uma "dura conversa de repreensão".

"Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender. Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha. Israel luta pela sua defesa e pela garantia do seu futuro até à vitória completa e fará isso ao mesmo tempo em que defende o direito internacional", declarou Netanyahu.


O presidente do Brasil foi criticado também pelo presidente do Yad Vashem (o memorial do Holocausto em Jerusalém), Dani Dayan, que disse que a comparação entre as ações de Israel e o Nazismo é uma “escandalosa combinação de ódio e ignorância”. Dayan acrescentou que segundo a definição da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), falas do presidente são “antissemitas”.

"Comparar um país que luta contra uma organização terrorista assassina com as ações dos nazis no Holocausto merece toda a condenação. É triste que o presidente do Brasil desça a um ponto tão baixo de extrema distorção do Holocausto", escreveu nas redes sociais.


Especialistas e entidades criticam posicionamento

Especialistas, políticos e entidades reagiram às declarações de Lula e afirmaram que as falas comprometem a imagem do Brasil no cenário internacional e demonstram desconhecimento histórico e visão anti-Israel.

Professora de relações internacionais e doutora em ciência política pela USP (Universidade de São Paulo), Denilde Holzhacker avalia que a posição de Lula não reflete o que aconteceu na história. "É mais uma frase em que ele expõe uma visão anti-Israel, o que reforça os argumentos de que há um fundo antissemita nas falas do próprio presidente Lula", afirma.

Para a especialista, a fala de Lula inviabiliza a proposta do Brasil de ser intermediário na busca da paz e deixa o país mais longe de ser parte de uma solução. "A declaração cria para o Brasil um distanciamento não só com Israel, mas também com outros países e com a comunidade judaica brasileira."

O diplomata e doutor em ciências sociais pela Universidade de Bruxelas Paulo Roberto de Almeida ressalta que "as alusões ao Holocausto hitlerista são absolutamente equivocadas e inaceitáveis do ponto de vista histórico e diplomático". "Apenas diminuem a credibilidade de Lula como interlocutor responsável em face dessa tragédia. Elas [as declarações] apenas revelam seu despreparo para tratar desse assunto", acrescenta.

O Instituto Brasil-Israel afirmou que a fala de Lula é um erro grosseiro que inflama tensões e mina a credibilidade do governo brasileiro como um interlocutor pela paz. “O genocídio nazista foi um plano de exterminar, em escala industrial, toda a presença judaica na Europa, sob uma ideologia de superioridade racial e antissemitismo. Não há paralelo histórico a ser feito com a guerra em reação aos ataques do Hamas, por mais revoltantes e dolorosas que sejam as mortes de dezenas de milhares de palestinos, entre eles mulheres e crianças, além dos cerca de 1.200 mortos israelenses e as centenas de civis que permanecem sequestrados em Gaza”, diz o texto.

Segundo a entidade, a posição de Lula banaliza o Holocausto e fomenta o antissemitismo. “Ganha contornos ainda mais absurdos em um desrespeito flagrante à presença em Israel hoje de milhares de sobreviventes da barbárie nazista e seus descendentes”, afirma a nota.

“O Brasil firmou compromissos internacionais para a preservação da memória do Holocausto e historicamente defendeu a luta contra sua banalização. Essa deve continuar a ser a posição brasileira.”

A Conib (Confederação Israelita do Brasil) repudiou as declarações do presidente e classificou a fala do chefe do Executivo brasileiro como "distorção perversa da realidade que ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes".

"Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua Carta de fundação a eliminação do Estado judeu", diz a Conib.

A entidade criticou também a posição do governo brasileiro em relação ao conflito. "Uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira", afirma o texto.

Reação de políticos

O senador Ciro Nogueira (PP-PI) também chamou de vergonhosa a fala do presidente. "Comparar o Holocausto à reação militar de Israel aos ataques terroristas que sofreu é vergonhoso. O Holocausto é incomparável e não pode ser naturalizado nunca. Em nome dos brasileiros, pedimos desculpas ao mundo e a todos os judeus", disse.

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) afirma que Lula demonstra que não sabe o que foi o holocausto. "Ofende o povo judeu e mancha, mais uma vez, a imagem do Brasil no exterior." Para o senador Izalci Lucas (PSBD-DF), o presidente deveria "buscar a paz" em vez de dar declarações assim.

"Lula mais uma vez envergonha o Brasil e ataca Israel e o povo judeu comparando a sua legítima defesa contra os terroristas do Hamas ao genocídio promovido por Hitler contra os judeus. É repugnante", declarou também o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ).

O deputado federal cabo Gilberto (PL-PB) chamou as falas do presidente de "momento de insanidade". "Lula compara o governo de Israel a Hitler, que promoveu a morte de milhões de judeus em câmaras de gás."

O presidente do Partido Novo, Eduardo Ribeiro, reforçou que o posicionamento de Lula trará prejuízos ao Brasil no cenário internacional. "A fala surreal de Lula comparando Israel a Hitler vai rodar o mundo ocidental e afundar de vez a imagem do Brasil."

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