Ministro diz que vai acionar PF para investigar eventuais reuniões entre hacker e militares
Walter Delgatti Neto contou à CPMI que foi cinco vezes ao Ministério da Defesa para tentar pôr plano de Bolsonaro em prática
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou ao R7 que vai acionar a Polícia Federal (PF) para que investigue as eventuais entradas do hacker Walter Delgatti Neto na sede da pasta que comanda. Isso porque o ministério não possui registros dos encontros que ele disse ter tido com militares. Mais cedo, no depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, o hacker afirmou que foi ao prédio cinco vezes, que a ordem partiu do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que o objetivo era pôr em prática o plano de divulgar à população questionamentos sobre a segurança do sistema eleitoral brasileiro.
Delgatti Neto contou que a ordem de Bolsonaro foi repassada ao assessor especial Marcelo Câmara. Segundo o hacker, a ideia de questionar a segurança do sistema eleitoral era falar da "lisura das urnas e das eleições". "O presidente disse: 'A parte técnica eu não entendo, vou te enviar ao Ministério da Defesa'", afirmou ele à CPMI.
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O hacker disse que,nas idas ao Ministério da Defesa, foi recebido pelo ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira e se encontrou com a equipe técnica da pasta. Ele revelou que passou orientações a respeito do relatório feito pelo ministério sobre o sistema de votação. "Posso dizer que, de forma integral, aquele relatório tem exatamente o que eu disse", afirmou Delgatti Neto.
O documento citado levanta dúvidas sobre o sistema eleitoral, já que diz não ser possível atestar a "isenção" das urnas. Essa foi a primeira vez que a pasta fez um relatório do tipo. Até então, as Forças Armadas apenas participavam da logística do processo eleitoral. A reportagem procurou o Ministério da Defesa e aguarda seu posicionamento.
Ainda durante seu depoimento à CPMI, Delgatti Neto afirmou que Bolsonaro teria pedido a ele que fraudasse uma urna, com o objetivo de pôr em dúvida o processo eleitoral. O hacker contou que o ex-presidente queria que ele "autenticasse a lisura das eleições, das urnas". O marqueteiro do ex-chefe do Executivo Duda Lima teria, então, aconselhado ao hacker criar um "código-fonte falso" para mostrar a possibilidade de invadir uma urna e fraudar as eleições.
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Delgatti afirmou também que Bolsonaro lhe ofereceu um indulto caso ele assumisse ter grampeado o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa do ex-presidente disse que vai entrar com uma queixa-crime contra Delgatti Neto sob a alegação de calúnia e difamação. Nas redes sociais, o advogado do ex-presidente, Fabio Wajngarten, negou a existência do grampo ou "qualquer atividade ilegal". "Mente e mente", completou.