Moraes manda PF ouvir Wajngarten e advogado de Bolsonaro por pressão sobre Cid
Fabio Wajngarten e Paulo Bueno teriam tentado contato com mãe, mulher e filha de Cid para assumir defesa dele

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes deu cinco dias para a Polícia Federal ouvir os depoimentos de Fabio Wajngarten e Paulo Bueno após eles terem sido acusados pela família do tenente-coronel Mauro Cid de fazer pressão para influenciar a defesa dele ou interferir no acordo de colaboração premiada que firmou com a Justiça.
Wajngarten é ex-advogado de Jair Bolsonaro, enquanto Bueno defende o ex-presidente na ação penal por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Moraes determinou o depoimento dos dois após Cid apresentar à Polícia Federal documentos com declarações da mãe, da mulher e da filha de supostas “investidas” de Wajngarten e Bueno sobre elas.
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Wajngarten disse que recebeu com “tranquilidade” a notícia de que terá que prestar depoimento. “A criminalização da advocacia é a cortina de fumaça para tentar ocultar a expressa falta de voluntariedade do réu delator Mauro Cid e a consequente nulidade da colaboração.” O R7 tenta contato com Paulo Bueno.
Além dos documentos, a defesa de Cid entregou à PF o celular da filha do tenente-coronel e uma autorização para acesso aos dados pela corporação.
Segundo o ministro do STF, a conduta de Wajngarten e Bueno configura, em tese, a prática do delito de obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa. Outro advogado que teria feito pressão sobre a família de Cid foi Luiz Eduardo Kuntz, que defende Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro réu no STF por tentativa de golpe de Estado.
Wajngarten foi acusado de “intensa tentativa de falar com a família e com Mauro Cid, tanto através da filha como de sua esposa, Gabriela Ribeiro Cid”.
Gabriela Ribeiro Cid e Agnes Barbosa Cid (mãe de Mauro Cid) também firmaram declarações sobre as “investidas realizadas por Luiz Eduardo Kuntz, Paulo Bueno e Fabio Wajngarten no sentido de acessar e conversar com Mauro César Barbosa Cid, bem como para assumir sua defesa técnica”.
De acordo com a família de Cid, Bueno teria acompanhado Kuntz em eventos na Hípica de São Paulo, onde cercaram a mãe do militar no sentido de demover a defesa então constituída por ele.
Posicionamento de Wajngarten
Recebo com tranquilidade a notícia de que terei que prestar depoimento em inquérito policial.
Sempre atuei como advogado e gestor de crise de imprensa produzindo relatórios de mídia diários que mais de 200 pessoas recebem.
A criminalização da advocacia é a cortina de fumaça para tentar ocultar a expressa falta de voluntariedade do réu delator Mauro Cid e a consequente nulidade da colaboração.
Causa indignação e não surpresa que a decisão do Ministro seja amplamente publicizada enquanto as razões que supostamente as motivam estejam em sigilo.
Tão logo tenha acesso aos autos do inquérito, que não seja através da imprensa, voltarei a me manifestar.
Estarei, como sempre estive, ao lado da verdade e da Justiça.
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