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Morto durante ditadura, Honestino Guimarães recebe diploma póstumo da UnB

Líder estudantil foi a primeira pessoa a receber o documento post mortem

Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília

O corpo de Honestino nunca foi encontrado Reprodução/RECORD - 26.07.2024

A UnB (Universidade de Brasília) concedeu nesta sexta-feira (26) um diploma póstumo a Honestino Guimarães, líder estudantil durante a ditadura militar que foi preso e desapareceu. A reitora Márcia Abrahão afirmou que a homenagem é um reconhecimento a um ex-aluno que “poderia ter sido um geólogo brilhante”.

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Abrahão reforçou que Honestino “representa a defesa da democracia e da liberdade”, e que o ato é um reconhecimento da violência que aconteceu na época. Ela afirmou que o diploma é “um resgate da memória e da história da UnB”.

Familiares e amigos de Honestino estiveram presentes na cerimônia. O sobrinho dele, Mateus Guimarães, diz que a homenagem é uma “reconciliação” para a família. “Para podermos olhar para o nosso passado e estarmos em paz com ele”, relata. “Sensação de muita alegria, profunda alegria, de esperança”, reforça.

Membros do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UnB estiveram presentes no evento. Honestino Guimarães dá nome ao grupo e o rosto dele é símbolo do movimento.


Quem foi Honestino Guimarães

Honestino Guimarães foi um importante líder estudantil no período da ditadura, desaparecido político em 10 de outubro de 1973, após ser preso pela sexta vez, no Rio de Janeiro. Ele iniciou sua militância no movimento secundarista e foi filiado à Ação Popular.

Como aluno da UnB, Honestino foi eleito para o Diretório Acadêmico de Geologia e, em 1967, mesmo estando preso, foi eleito presidente da Feub (Federação dos Estudantes Universitário de Brasília). A entrega do diploma post mortem é articulada desde o começo do ano na Universidade e foi aprovada em 7 de junho pelo Conselho Universitário da UnB.


Honestino nasceu em 28 de março de 1947, em Itaberaí (GO). Ele foi o primeiro colocado no vestibular para geologia realizado na UnB em 1965. Em agosto de 1968, forças do Exército e da polícia política invadiram a UnB para cumprir mandados de prisão contra Honestino e mais sete lideranças estudantis. Ele foi retirado da sede da Feub e ficou preso até novembro.

O estudante de geologia também atuou no processo de expulsão de um falso professor da UnB, mas, como punição, ele chegou a ser desligado da universidade. Em dezembro de 1968, com o AI-5 (Ato Institucional nº 5), ele fugiu de Brasília e passou a viver clandestinamente em São Paulo.


Em 1971, ele foi eleito presidente da UNE (União Nacional de Estudantes), no Rio de Janeiro, e se mudou para o estado fluminense. No entanto, em 1973 ele foi preso pelo Centro de Informações da Marinha, após cinco anos de clandestinidade. Supõe-se que ele foi transferido para o Pelotão de Investigações Criminais de Brasília, onde sua mãe foi autorizada a visitá-lo no Natal, mas no dia da visita, disseram que ele não estava ali.

O desaparecimento de Honestino foi denunciado pelos presos políticos de São Paulo, em documento datado de 1976. Apenas vinte anos depois, em 1996, o Estado reconheceu a responsabilidade por seu desaparecimento, quando a família de Guimarães recebeu um atestado de óbito do estudante emitido pelo poder judiciário do Rio de Janeiro, sem mencionar a causa da morte.

Em abril de 2014, Honestino foi oficialmente anistiado político post mortem pelo governo federal. Na época, o Ministério da Justiça também determinou a retificação do atestado de óbito para que constasse como causa da morte “atos de violência praticados pelo Estado”.

Ponte Honestino Guimarães

Uma das pontes do DF foi nomeada em homenagem a Honestino Guimarães em 2022. A CLDF (Câmara Legislativa do DF) aprovou um projeto de lei que alterava o nome da ponte Costa e Silva para o nome do estudante da UnB, mas o PL foi vetado pelo governador Ibaneis Rocha. A Câmara derrubou o veto e o nome foi mudado

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