Motoristas suspeitos de matar mãe e filho em racha na L4 vão a júri popular
Familiares esperam há sete anos por decisão na justiça e pedem que vítimas não sejam apenas estatística
Brasília|Do R7, em Brasília
Os dois motoristas suspeitos de disputar um racha na Avenida L4 do Distrito Federal em 2017 que terminou na morte de mãe e filho vão a júri popular nesta terça-feira (30) e quarta-feira (31). O bombeiro Noé Albuquerque Oliveira e o advogado José Cavalcante Pereira são acusados de homicídio qualificado. Os dois vinham de uma festa em uma lancha no Lago Paranoá, em 30 de abril de 2017, por volta das 19h30, quando bateram em outro carro na avenida.
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O acidente aconteceu próximo à Ponte das Garças. Um dos carros dirigidos pela dupla bateu na traseira do veículo onde estavam Cleuza Maria Cayres, de 69 anos, e Ricardo Clemente Cayres, de 46 anos. Com a colisão, o motorista perdeu o controle e o carro saiu da pista e capotou diversas vezes. Os dois morreram no local. Outras duas pessoas que estavam no carro com as duas vítimas se feriram.
Para Fabricia Gouveia, de 54 anos, esposa de Ricardo Clemente Cayres, o crime fez a família perder muito ao longo desses sete anos. “Foram sete anos de uma espera muito sofrida. Sete anos em que testemunhamos os acusados levando uma vida tranquila (um deles até voltou a frequentar as páginas policiais, dessa vez com arma envolvida), sem uma manifestação de arrependimento. Foram muitos recursos, uma batalha longa”, disse.
Fabrícia detalha que Noé foi absolvido na primeira instância, com reclassificação do crime para culposo (quando não há intenção de matar). “Mas conseguimos, graças aos nossos excelentes advogados e ao MP (Ministério Público), restaurar a denúncia original. E eu sigo por nós e por todas as pessoas que perderam alguém em um crime de trânsito, mas que não tiveram estrutura para lutar. Não será só a nossa família naquele tribunal”, garantiu.
Ela detalha, ainda, os danos que o acidente trouxe. “A maior perda foi o meu sogro, que definhou de tristeza por ter perdido o filho mais velho (Ricardo) e a companheira de mais de 50 anos (Cleuza Maria). Seu Cayres nos deixou em agosto de 2022, depois de 5 internações na UTI. Ele não suportava a lembrança dos últimos momentos. Ele estava naquele carro também, mas saiu com vida”, conta.
Apesar da demora pelo julgamento, Fabricia diz que acredita na justiça. “Acreditamos que vai haver uma punição compatível com o crime cometido. Não buscamos vingança. Buscamos justiça e queremos criar jurisprudência. Nossas leis de trânsito precisam mudar. E foi isto que prometemos ao Ri e à Cleuza: eles não serão apenas estatísticas”, afirma.
A reportagem procura a defesa dos suspeitos e o espaço segue aberto para posicionamento.