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‘Ninguém vai colocar o dedo nos nossos minerais críticos e nas terras raras’, diz Lula, em recado a Trump

Petista quer criar conselho ligado à Presidência da República para debater assunto; produtos são cobiçados pelos EUA

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Lula afirma que "ninguém vai colocar o dedo" nos minerais críticos do Brasil, em resposta a Trump.
  • O presidente planeja criar um conselho ligado à presidência para discutir a exploração de minerais como lítio e cobalto.
  • Critica a dependência do Brasil em relação aos Estados Unidos e defende a soberania nacional para decidir sobre suas riquezas.
  • Reforça a importância de mapear e controlar a exploração dos recursos naturais, evitando que empresas atuem sem anuência do governo.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

'É nosso e vamos tomar conta', disse Lula José Cruz/Agência Brasil - 27.08.2025

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta sexta-feira (29) que “ninguém vai colocar o dedo nos nossos minerais críticos e terras raras”, em recado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Os minerais estratégicos estão presentes nas chamadas terras raras e incluem, por exemplo, lítio, cobalto e níquel (leia abaixo).


Em julho deste ano, os EUA demonstraram formalmente o interesse nos minerais críticos brasileiros (veja abaixo), essenciais para setores como defesa, tecnologia e transição energética.

“É nosso e vamos tomar conta disso. Isso vai ser utilizado para o futuro do nosso país. Quem quiser que venha comprar da gente ou venha produzir aqui. Chega de a gente ser tratado como se fosse um grupo de banana. Nós somos uma nação grande, um povo maravilhoso e extraordinariamente alegre”, afirmou Lula, durante inauguração de um centro de tecnologia e inovação agroindustrial em Montes Claros (MG).


O petista reforçou que pretende criar um comitê específico para discutir o assunto (leia abaixo).

“Semana que vem já tem reunião marcada com o Conselho Nacional de Política Mineral, o [ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira] e o[ministro da Casa Civil] Rui Costa. Eu vou criar um conselho ligado à Presidência da República, ninguém vai colocar o dedo nos nossos minerais críticos e terras raras”, acrescentou o presidente.


Brasil x EUA

Lula aproveitou para “alfinetar” Trump em relação ao tarifaço de 50% a produtos brasileiros. A tarifa foi anunciada em 9 de julho e entrou em vigor em 6 de agosto.

O presidente descarta usar a exploração dos minerais críticos como moeda de troca para redução das tarifas.


“Não existe outra saída para o Brasil. Ou o Brasil acredita nele próprio e resolve andar com suas próprias pernas e continua a fazer parcerias com quem quer investir no Brasil. Cabe ao Brasil não ficar deitado em berço esplêndido esperando que alguém venha nos procurar. Somos nós que temos que ser ousados e ir lá fora vender o que a gente pode vender”, defendeu o petista.

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O presidente afirmou, ainda, que “quem tem que resolver o problema do Brasil somos nós.”

“Nós é que temos que pensar que tipo de nação e projeto de desenvolvimento queremos. A gente não pode ficar na expectativa de ficar rindo para os EUA que ele vai fazer aquilo que nós precisamos. Não vai”, ressaltou.

“Se alguém não acredita nisso, é só perceber. Qual é o país da América Latina vizinho dos EUA que ficou rico, em 500 anos? Não estou falando de um mandato presidencial, estou falando de 500 anos. Vocês não acham inexplicável que, em toda a América Latina, América Central e Caribe não tenha um país rico?“, questionou Lula.

Novamente em recado a Trump, o petista destacou a defesa da soberania brasileira e criticou “palpites” dados por líderes estrangeiros — sem citar o presidente norte-americano.

“Eu sonho com uma nação grande, uma nação independente, uma nação dona do seu nariz. Por isso, que não aceito que ninguém venha dar palpite sobre a democracia brasileira e se meter na soberania brasileira. Eu não sou orgulhoso, não, mas caráter e dignidade nós temos que ter, senão a gente não é respeitado”, frisou.

Minerais críticos

Recursos-chave para a transição energética, os minerais críticos incluem elementos como cobalto, níquel e lítio, fundamentais para a produção de baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores.

Apesar de serem essenciais a diversos setores estratégicos, esses minerais estão sujeitos à escassez e à dependência de poucos fornecedores.

Segundo projeções feitas pela Empresa de Pesquisa Energética, ligada ao Ministério de Minas e Energia, com o aumento da demanda global, o cobre e níquel terão lacunas de oferta previstas de 10% a 15% até 2030.

Já outros metais de bateria, como cobalto, lítio e grafite, apresentam escassez prevista de 30% a 40%.

Interesse norte-americano

Em 23 de julho, o encarregado de negócios e representante oficial da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, se reuniu com a diretoria do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração) para tratar dos acordos comerciais.

Segundo o instituto, a agenda foi solicitada pelo representante norte-americano e tratou da “missão comercial de mineradoras que atuam no Brasil ao mercado daquele país e do interesse dos Estados Unidos em possíveis acordos com o setor mineral brasileiro, principalmente com relação aos minerais críticos e estratégicos“.

Durante a reunião, Escobar teria demostrado interesse na Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, que está em preparação pelo governo brasileiro, além de outras ações parlamentares.

Resposta de Lula e conselho especial

Após os EUA demonstrarem interesse nos minerais críticos brasileiros, Lula anunciou a criação de uma “comissão ultra-especial” para mapear as reservas do Brasil e reforçou que nenhuma empresa pode explorar o recurso sem anuência do governo federal.

“Por que vou deixar outro [país] pegar [esses recursos]? Estamos construindo uma parceria no governo, com a criação de uma comissão ultra-especial, primeiro para a gente fazer o levantamento de todo tipo de riqueza que o Brasil tem no solo e no subsolo”.

Lula explicou que o país conhece cerca de 30% das riquezas do território nacional.

“Ou seja, temos 70% das nossas riquezas ainda não pesquisadas e precisamos autorizar a empresa a pesquisar sob nosso controle. Não podemos relaxar, nem [os empresários] venderem sem conversar com o governo e muito menos venderem a área onde está o minério. Aquilo é nosso, é do povo brasileiro”, reforçou.

Perguntas e Respostas

Qual foi a declaração de Lula sobre os minerais críticos e terras raras?

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “ninguém vai colocar o dedo nos nossos minerais críticos e terras raras”, direcionando a mensagem ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Quais minerais estão incluídos nas terras raras mencionadas por Lula?

Os minerais estratégicos presentes nas terras raras incluem lítio, cobalto e níquel.

Qual é o interesse dos EUA em relação aos minerais brasileiros?

Os EUA demonstraram interesse formal nos minerais críticos brasileiros, que são essenciais para setores como defesa, tecnologia e transição energética.

O que Lula planeja fazer em relação à gestão dos minerais críticos?

Lula pretende criar um comitê específico ligado à presidência da República para discutir a gestão dos minerais críticos e terras raras.

Qual foi a crítica de Lula em relação às tarifas impostas por Trump?

Lula criticou a tarifa de 50% a produtos brasileiros anunciada por Trump, afirmando que não usará a exploração dos minerais críticos como moeda de troca para a redução dessas tarifas.

O que Lula disse sobre a autonomia do Brasil?

Ele enfatizou que o Brasil deve acreditar em si mesmo e buscar parcerias com quem deseja investir no país, sem esperar que outros venham resolver seus problemas.

Quais são os desafios enfrentados pelo Brasil em relação aos minerais críticos?

Os minerais críticos estão sujeitos à escassez e dependência de poucos fornecedores, com projeções indicando lacunas de oferta de 10% a 15% para cobre e níquel até 2030, e de 30% a 40% para metais de bateria como cobalto, lítio e grafite.

O que ocorreu durante a reunião entre o representante dos EUA e o Ibram?

O encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, se reuniu com a diretoria do Ibram para discutir acordos comerciais e o interesse dos EUA em minerais críticos e estratégicos brasileiros.

Qual foi a proposta de Lula para a exploração dos recursos minerais?

Lula anunciou a criação de uma “comissão ultra-especial” para mapear as reservas do Brasil e afirmou que nenhuma empresa pode explorar os recursos sem a anuência do governo federal.

Qual é a situação atual do conhecimento sobre as riquezas do Brasil?

Lula explicou que o Brasil conhece cerca de 30% das suas riquezas, indicando que 70% ainda não foram pesquisadas e que a exploração deve ser feita sob controle do governo.

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