PF diz ao Supremo que houve crime de deputada que fez postagens que incentivavam atos de 8 de janeiro
À época das publicações, a deputada não havia tomado posse e não tinha, portanto, imunidade parlamentar
Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
A Polícia Federal disse ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) cometeu crime ao supostamente incentivar, nas redes sociais, os atos extremistas de 8 de janeiro. Agora, cabe à Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir se acusa ou não a parlamentar.
"Inquirida pela Polícia Federal, a investigada reconheceu que fez a postagem questionada, mas negou que tenha participado da manifestação e pronunciado as frases que são ditas no vídeo, apresentando documentos que indicariam estar na Cidade do Rio de Janeiro no dia 08/01/2023", disse a Polícia Federal em documento no processo.
Segundo a investigação, alguns parlamentares, entre eles Waiãpi, fizeram publicações na internet antes e durante a invasão dos prédios dos Três Poderes que podem configurar incitação pública à prática de crime e tentativa de abolir o Estado democrático de Direito.
"Povo toma a Esplanada dos Ministérios nesse domingo! Tomada de poder pelo povo brasileiro insatisfeito com o governo vermelho? QUE confirma haver publicado, em sentido jornalístico de informação, a legenda Povo toma a Esplanada dos Ministérios nesse domingo! Tomada de poder
pelo povo brasileiro insatisfeito com o governo vermelho", escreveu a parlamentar em uma rede social.
Postagens podem ter sido removidas
A Polícia Federal realizou nova pesquisa nas redes sociais da parlamentar para tentar identificar conteúdos e publicações com potencial de influenciar atos extremistas, mas informou ao Supremo não ter encontrado mais nada.
"Realizada em 6 de março de 2023, não indicou postagens com o intuito de convocar ou incitar pessoas contra o Estado democrático de Direito. Contudo, a pesquisa ocorreu praticamente dois meses após os atentados, e, face às poucas publicações hoje existentes, é possível que a parlamentar tenha removido algum material comprometedor", firmou a PF.
A Polícia Federal disse ainda que, em 8 de janeiro, a deputada não havia tomado posse, não tendo, então, imunidade parlamentar por opiniões, palavras e votos proferidos.