Polícia Civil do DF prende grupo que aplicava 'golpe do consignado'
Grupo criminoso instalado em Canoas (RS) captava vítimas em todo o país e roubava dados bancários para cometer fraudes
Brasília|Jéssica Moura, do R7, em Brasília
Agentes da Polícia Civil do Distrito Federal cumpriram três mandados de prisão e cinco de busca e apreensão em endereços ligados a integrantes de uma quadrilha que aplicava o chamado "golpe do consignado" no município de Canoas, no Rio Grande do Sul. A abordagem começou às 5h desta terça-feira (26).
O grupo fez vítimas em todo o país, menos na cidade onde estava instalado. O objetivo era justamente evitar que fossem alvo de investigações policiais e descobertos nas fraudes. Por isso, foram surpreendidos com a chegada dos agentes.
Cadernos, documentos, maços de dinheiro e celulares foram recolhidos da sala comercial alugada pelos estelionatários em Canoas. No local, o esquema era efetuado, inclusive, com a ajuda de funcionários contratados para captar vítimas.
O golpe
De acordo com a apuração da PCDF, o golpe começa com o recolhimento de informações sigilosas. Para tanto, os criminosos abriram uma empresa de fachada com o intuito de firmar contratos com instituições financeiras.
Essas, por sua vez, acabavam funcionando como "correspondentes bancários", ou seja, eram empresas parceiras de bancos que comercializam produtos e serviços financeiros. Assim, os estelionatários tinham acesso a informações privilegiadas dos próprios bancos e dos clientes que contrataram empréstimo consignado.
Outra estratégia era o uso do "darknet". Esse espaço virtual não é acessível por navegadores comuns, mas, sim, por uma página específica que possibilita ao usuário navegar de maneira anônima, sem deixar rastros do IP - a idenficação do dispositivo conectado à internet.
De posse dessas informações, os golpistas entravam em contato com as possíveis vítimas por mensagem de WhatsApp. Na conversa, eles ofertavam conduções de juros mais baratas para que o cliente fizesse a portabilidade do empréstimo consignado. Iludidas pela facilidade, as vítimas entregavam mais dados pessoais e documentos para efetuar a transação, que na verdade se tratava de uma fraude.
Na simulação, os estelionatários emitiam um boleto e diziam aos clientes que deveriam pagar a cobrança para quitar o empréstimo anterior e manter o novo contrato. Ainda que o boleto parece autêntico, com informações de bancos, o código de barras direcionava o pagamento para contas de laranjas do grupo.
Vítima do DF
Assim, as vítimas acabavam com duas dívidas. Um morador do DF, que originalmente tinha contratado um empréstimo consignado de R$ 50 mil, ficou com uma dívida de R$ 200 mil. Depois de concluída a fraude, os criminosos bloqueavam as vítimas no WhatsApp, para evitar o contato.
Agora, a Polícia Civil do DF vai analisar o material recolhido para identificar mais integrantes e vítimas do esquema. Os suspeitos vão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro e fraude eletrônica com penas somadas que podem alcançar 21 anos de prisão.