Polícia do DF prende 16 membros de facção que movimentou R$ 200 milhões em drogas
Agentes também cumpriram 51 mandados de busca e apreensão e 52 ordens de sequestro de bens e bloqueios de contas
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu 16 integrantes de uma facção criminosa do Norte do país que tentava se instalar na capital. O grupo usava empresas de fachada para lavar o dinheiro do tráfico e teriam movimentado pelo menos R$ 200 milhões na compra de drogas e manutenção das operações criminosas. Além dos suspeitos presos, os agentes também cumpriram 51 mandados de busca e apreensão, 27 ordens de sequestros de bens, como casas e veículos, e 25 ordens de bloqueios de contas bancárias.
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O grupo tem alcance nacional e atuava na venda de drogas para consumidores e na comercialização e transporte no atacado das substâncias, inclusive forneciam drogas para outra facção do DF. A polícia apreendeu armas, drogas e outras provas vinculados ao trabalho dos suspeitos, incluindo seis caminhões e um imóvel em Manaus.
Segundo o delegado do Decor (Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado), Leonardo de Castro Cardoso, a investigação começou há mais de um ano. “A operação foi voltada ao braço financeiro do grupo, com bloqueio de imóveis e sequestro de veículos e contas bancárias. A conduta do grupo era a mescla de dinheiro, ou seja, eles juntavam valores de atividades lícitas com o dinheiro do tráfico”, explica.
Delegado adjunto da Draco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado), Jorge Teixeira de Lima, explica que o valor de R$ 200 milhões teria sido movimentado nos últimos dois anos. O grupo lavava o dinheiro principalmente no Norte do país e em Goiás. “Encontramos uma loja de fachada no estado de Goiás, que tinha uma placa do ramo de logística, mas dentro era apenas um despachante que ganhava dinheiro para manter a placa na frente da loja”, relatou. Outra empresa de fachada também funcionava em Tabatinga (AM), na fronteira com a Colômbia.
Paulo Fernando Coppi, também delegado da Draco e um dos responsáveis pela investigação, detalhou que a operação tentou atacar três focos: “logística do transporte de drogas, que vem de Amazonas para o DF, combate a lavagem de dinheiro; e o comércio varejista de entorpecentes em especial Skank”.
Penas de até 41 anos de prisão
Os mandados foram cumpridos em Águas Claras, Ceilândia, Taguatinga Sul, Samambaia, Grande Colorado (Sobradinho), Gama, Setor de Mansões Park Way, Asa Norte, Riacho Fundo, Guará, Riacho Fundo II, Lago Norte, Vicente Pires, Setor Sudoeste, Cruzeiro Velho, Recanto das Emas, Núcleo Bandeirante e Ponte Alta Norte.
Em outros estados foram cumpridas ordens judiciais em Goiânia (GO), Senador Canedo (GO), Trindade (GO), Valparaíso de Goiás (GO), Maceió (AL), Timbau do Sul (RN), Manaus (AM), Tabatinga (AM) e Boa Vista (RR).
Participaram da operação 196 policiais civis do DF e 117 agentes de outros estados, como policiais civis de Goiás, Rio Grande do Norte, Amazonas, Roraima e Alagoas. A operação também contou com a atuação do Ministério Público do DF.
Os investigados poderão responder pelos crimes de tráfico de drogas interestadual, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e integração em organização criminosa, com penas que, somadas, podem ultrapassar 41 anos de reclusão.
A operação recebeu o nome de “Dog Head” em referência à região conhecida como Cabeça do Cachorro, localizada no extremo noroeste do Brasil, nas divisas com a Colômbia, Peru e Venezuela, no estado do Amazonas. Essa área é estratégica para o tráfico de drogas, atuando como ponto de passagem e distribuição de entorpecentes adquiridos pelas organizações criminosas. As investigações apontam que o grupo utilizava empresas de fachada na região da Cabeça do Cachorro para movimentar grandes somas de dinheiro, direcionadas à compra de drogas e ao fortalecimento das atividades ilícitas do grupo.