Logo R7.com
RecordPlus
R7 Brasília

Potência do musgo: entenda como planta encontrada no Ártico pode ajudar na cura do câncer

Pesquisadores do DF sairão em expedição para estudar a planta ainda não explorada no Círculo Polar

Brasília|Yumi Kuwano, do R7, em Brasília

  • Google News

RESUMO DA NOTÍCIA

  • Cientistas do DF partem para o Círculo Polar Ártico em busca de musgos com potencial para novos tratamentos contra o câncer.
  • Briôfitas podem oferecer novas moléculas para reduzir resistência a quimioterápicos e antibióticos.
  • Pesquisas em musgos podem gerar bioinsumos para agricultura, diminuindo a dependência de importações.
  • Projeto também visa explorar usos cosméticos, como protetores solares e antioxidantes para a pele.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Musgo do Ártico tem potencial para áreas da saúde, como tratamento contra câncer, e na área agrícola
Musgo do Ártico tem potencial para áreas da saúde, como tratamento contra câncer, e na área agrícola Samuel Paz/UCB

Cientistas do Distrito Federal embarcaram neste sábado (26) para uma expedição no Círculo Polar Ártico em busca de algo que pode trazer benefícios para diversos setores em todo o mundo, da saúde à indústria. O objetivo é coletar amostras de musgos, um tipo de briófitas, para avançar nas pesquisas.

Entre os potenciais benefícios do musgo, estão substâncias que podem combater tumores. Por serem pouco estudadas, as briófitas — plantas que não apresentam vasos condutores de seiva — têm um grande potencial de novas moléculas que ainda não foram exploradas. Isso pode resultar em novos tratamentos, terapias e medicamentos para o câncer.


Leia mais

O biólogo e coordenador do grupo de pesquisa Briotech da UCB (Universidade Católica de Brasília), Marcelo Ramada, diz que, a longo prazo, isso pode até diminuir a chance de resistência a antibióticos e quimioterápicos. “Quando você aumenta o número de possibilidades, consequentemente, pode diminuir a chance de ter resistência de quimioterápicos, ou diminuir a chance de desenvolvimento mais rápido, principalmente se eles atuarem em vias diferentes de controle das células tumorais”, explica.

Essa é a terceira vez que o projeto viaja para o Ártico. A primeira expedição oficial foi em 2023, parte do Programa Antártico Brasileiro, que já explora cientificamente a região da Antártica desde 1982. O objetivo é comparar dados entre polos e, a cada ano, os grupos avançam nas descobertas. Desta vez, os musgos serão cultivados em laboratório para extração de compostos promissores.


Outros potenciais

No campo da agricultura, as briófitas podem gerar bioinsumos para melhoria da produtividade de alimentos dentro do país, diminuindo até a necessidade de importação, de acordo com Ramada.

Pesquisador Divulgação/UCB/Arquivo

“Elas crescem em cima de rochas, ou seja, sem ser um solo, isso é um grande indicativo de que elas estão conseguindo desmineralizar essas rochas para conseguir obter alguns tipos de consumos necessários para o seu desenvolvimento. E isso é muito interessante, porque muitas vezes alguns insumos importantes para a agricultura — como fosfato, fontes de nitrogênio, entre outros — são importados pelo Brasil de outros países.”


Outro benefício promissor dos musgos é na área cosmética. Segundo o pesquisador, os musgos encontrados no Ártico sobrevivem a situações de radiação ultravioleta muito grande, durante vários meses do ano. O que é um indicativo de novas moléculas para protetor solar, por exemplo, contra os efeitos nocivos dos raios ultravioleta. “Podemos ver também a capacidade de produção de moléculas antioxidantes que podem ajudar na questão do rejuvenescimento da pele”, avalia.

A estudante de odontologia e integrante do grupo de pesquisa Maria Karollina Gonçalves foi uma das selecionadas pelo coordenador para participar da missão. Ela, que entrou no grupo de pesquisa sem conhecer o universo, se encantou pelo projeto dos musgos assim que a foi apresentada.


Maria Karollina e Thaíssa
Maria Karollina e Thaíssa Samuel Paz/UCB/Arquivo

“Envolvia pegar ‘algo’ que muitas vezes passa despercebido, como os musgos, e investigar se neles existe algum potencial bioativo que possa beneficiar a sociedade, como ação antioxidante, antitumoral e antimicrobiana. Achei isso fascinante”, conta.

Atualmente, ela é a responsável pelo cuidado de uma espécie de musgo coletada na Antártica e está desenvolvendo o seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), que testa o potencial antimicrobiano e antibiofilme de extratos de musgos do Cerrado contra bactérias.

Bolsista, essa será a primeira viagem internacional de Karollina e, para ela, representa muito mais do que uma experiência acadêmica. “É uma celebração de tudo o que construímos”, completa.

Missão diplomática

Para além das atividades científicas, a missão tem caráter diplomático. O grupo vai se encontrar com o Embaixador Luís Balduíno na Embaixada do Brasil na Finlândia.

Também está programada uma palestra do professor Marcelo Ramada na Universidade de Helsinque, em Vikki, na Finlândia, sobre as pesquisas e o programa brasileiro.

Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp

Últimas


    Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.