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R7 Brasília

'Se for verdade, não há clima' para nº 2 da Abin continuar no cargo, diz Lula sobre suposta espionagem

Presidente diz que está sendo provado existência de 'Abin paralela' para espionar ilegalmente adversários da família Bolsonaro

Brasília|Plínio Aguiar e Lucas Nanini, do R7, em Brasília

Lula diz que 'não há clima' para Moretti na Abin
Lula diz que 'não há clima' para Moretti na Abin Pedro França/Agência Senado — Arquivo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (30) que as investigações sobre suposta espionagem ilegal dentro da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) apontam que "não há clima" para que o diretor-adjunto do órgão, Alessandro Moretti, permaneça no cargo. A declaração foi dada durante entrevista a uma rádio de Recife, em Pernambuco.

"Esse companheiro [que foi indicado para a presidência da Abin] montou a equipe dele, e dentro da equipe dele tem um cidadão, que é o que está sendo acusado [Moretti, número dois do órgão], e que mantinha relação com Ramagem, que é o ex-presidente da Abin do governo passado. Se for verdade, e isso está sendo provado, não há clima para esse cidadão continuar na polícia. Mas antes de fazer simplesmente a condenação, é importante que a gente investigue corretamente, que a gente apure, que garanta o direito de defesa", diz Lula.

Lula diz que investigações apontam para 'Abin paralela'
Lula diz que investigações apontam para 'Abin paralela' Ricardo Stuckert/PR - 23.01.2024

A agência é alvo de uma operação da Polícia Federal, que investiga o suposto uso ilegal da estrutura do órgão para espionagem ilegal de adversários políticos da família Bolsonaro. Na mira dos agentes, entre outras pessoas, estão o ex-diretor-geral da agência Alexandre Ramagem e o vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro.

Se for verdade, e isso está sendo provado, não há clima para esse cidadão continuar na polícia. Mas antes de fazer simplesmente a condenação, é importante que a gente investigue corretamente, que a gente apure, que garanta o direito de defesa

(Lula, presidente da República)

Durante a entevista, Lula comentou que "nunca está seguro" sobre a composição da Abin. Ele também respondeu ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que afirmou que o petista utiliza o governo para persegui-lo. Segundo o atual presidente, o antecessor no cargo tentou mandar na PF, "ele trocava superintendente ao seu prazer, sem nenhum respeito ao que pensava".


Bolsonaro diz que sofre perseguição
Bolsonaro diz que sofre perseguição Reprodução/Youtube - 28/01/2024

"Eu posso falar que ele falou uma grande asneira. O governo brasileiro não manda na PF, muito menos manda na Justiça. Você tem processo, investigação, você tem decisão de um ministro da Suprema Corte, que mandou fazer busca e apreensão, sob suspeita de utilização de má-fé pela Abin, dos quais o delegado responsável era ligado à família Bolsonaro. E a PF foi cumprir um mandado da justiça."

Lula afirmou que a PF precisa funcionar "de acordo com os interesses da instituição", mas que não deve fazer espetáculo durante as operações. "E acho que a Polícia Federal não pode exorbitar em fazer pirotecnia. Quer investigar, investigue. Mas não faça show pirotécnico, não fique divulgando nomes de pessoas antes de ter prova concreta contra a pessoa, não fique destruindo as imagens das pessoas antes de apurar." 


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Operação da PF

Endereços ligados ao deputado federal Alexandre Ramagem, que atuou como diretor-geral da Abin, sofreram buscas por parte dos agentes federais em 25 de janeiro último. O parlamentar foi um dos alvos de uma operação que investiga o suposto uso ilegal de uma ferramenta de espionagem em sistemas da agência.

A operação recebeu o nome de Última Milha, em referência ao programa First Mile (primeira milha, em inglês), utilizado para monitoramento. A investigação tem como objeto a suposta espionagem ilegal de adversários políticos da família Bolsonaro. Na mira dos agentes estão o ex-diretor-geral da agência Alexandre Ramagem, o vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, policiais federais e outras pessoas.


O uso irregular de para monitorar autoridades brasileiras, jornalistas e advogados começou a ser investigado em 2023. Segundo a apuração, o programa permitia o monitoramento de milhares de pessoas — teriam ocorrido 60 mil acessos em dois anos e meio.

Segundo a PF, para acionar o sistema de geolocalização e ter acesso às informações das pessoas, bastava digitar o número do celular. A aplicação também criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.

Entre os monitorados ilegalmente, estariam os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Morais e os ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (PSDB-RJ).

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