Decisão de Moraes mostra que família Bolsonaro usou Abin para se beneficiar
Nesta quinta-feira, endereços ligado ao deputado federal Alexandre Ramagem, que atuou como diretor-geral da agência
Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, citou em sua decisão que a Polícia Federal apontou a utilização da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a preparação de relatórios para defesa do senador Flávio Bolsonaro. De acordo com as investigações, a estrutura da agência auxiliou na confecção de relatórios para subsidiar a defesa do parlamentar no caso em que ficou conhecido como “rachadinhas”.
A decisão também indica que PF descobriu que policiais federais destacados, sob a direção de Ramagem, utilizaram das ferramentas e serviços da agência para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal, como por exemplo, para tentar fazer prova a favor de Renan Bolsonaro, outro filho do ex-presidente - o filho mais novo é investigado por tráfico de influência, por ter recebido um veículo elétrico de empresários do ramo de exploração minerária.
Nesta quinta-feira (25), endereços ligado ao deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que atuou como diretor-geral da agência, foram alvos de buscas por parte dos agentes federais. Ramagem é um dos alvos de uma operação que investiga o suposto uso ilegal de uma ferramenta de espionagem em sistemas da agência.
Ramagem já defendeu a operação que investiga o suposto uso ilegal de uma ferramenta de espionagem em sistemas da agência. Em outubro de 2023, o parlamentar afirmou que as ações da Operação Última Milha só foram realizadas graças ao trabalho desenvolvido na sua gestão durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Rogamos que as investigações prossigam atinentes a fatos, fundamentos e provas, não se levando por falsas narrativas e especulações", publicou na época em uma rede social. Nesta quinta-feira (25), endereços ligados a Ramagem foram alvo de buscas em um desdobramento da operação do ano passado.
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Em nota, o senador Flávio Bolsonaro afirmou que "é mentira que a Abin tenha me favorecido de alguma forma, em qualquer situação, durante meus 42 anos de vida".
"Isso é um completo absurdo e mais uma tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro. Minha vida foi virada do avesso por quase cinco anos e nada foi encontrado, sendo a investigação arquivada pelos tribunais superiores com teses tão somente jurídicas, conforme amplamente divulgado pela grande mídia", disse na nota.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou nesta quinta-feira (25) que a operação é uma "perseguição" ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O parlamentar foi o coordenador da segurança de Bolsonaro na campanha de 2018.
A Polícia Federal investiga, desde o ano passado, o uso irregular de um sistema da Abin para monitorar autoridades brasileiras, como os ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. De acordo com as investigações, o programa permitia o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses.
'Pente fino'
A Polícia Federal analisa em perícia que o sistema da Abin teria sido usado em milhares de monitoramentos ilegais e chegou a acompanhar os passos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e políticos. A informação foi confirmada ao R7 pelo diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues.