Senador pelo Estado de Oklahoma, nos Estados Unidos, Shane David Jett (Partido Republicano) enviou um ofício ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes pedindo que reconsidere a decisão de reter o passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O documento está apreendido desde fevereiro de 2024. Bolsonaro teve de entregar o passaporte em função de um inquérito da Polícia Federal que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.O pedido a Moraes foi enviado em 15 de fevereiro, cinco dias antes da posse de Trump. Shane David Jett queria garantir que Bolsonaro participasse do evento. A defesa do ex-presidente também tentou reaver o documento, mas Moraes negou duas vezes. Bolsonaro diz ter sido convidado para a posse de Trump.O senador também alegou que caso o documento não fosse liberado a tempo para a posse, que ocorreu na manhã desta segunda-feira (20), ainda assim o pedido deveria ser considerado.Segundo ele, a apreensão do passaporte impede a locomoção internacional do ex-presidente brasileiro, inviabilizando a presença dele em eventos que serão futuramente realizados pela Casa Branca e que, porventura, Bolsonaro pudesse ser convidado. “Reconhecemos e respeitamos a soberania do Brasil. No entanto, permitam-me destacar que, a presença de Jair Bolsonaro num evento de tamanha importância internacional transcende questões individuais e assume caráter de representatividade para a relação histórica e estratégica entre o Brasil e os Estados Unidos. A participação de Bolsonaro reforçaria os laços diplomáticos e promoveria uma imagem de parceria e de diálogo entre as nações, refletindo interesses mútuos que tanto beneficiam nossos povos”, defendeu Jett no ofício.Aliado de Bolsonaro, o deputado estadual Tenente Coimbra (PL-SP) alegou que articulou o envio do pedido de Jett a Moraes. O deputado considera “vergonhosa” a apreensão do documento.“Por óbvio, na posse de Trump, Bolsonaro teria visibilidade e prestígio internacional, o que o fortaleceria para a disputa de 2026. Ao que me parece, querem evitar isso. Querem prejudicar seu trânsito político”, avaliou Coimbra.Na sexta-feira (17), o ministro manteve a decisão que apreendeu o passaporte do ex-presidente. Os advogados alegaram que a vontade do ex-presidente de viajar não pode ser interpretada como um indicativo de que ele pretende fugir, “na medida em que [Bolsonaro] já demonstrou, concreta e objetivamente, sua intenção de permanecer no Brasil, quando retornou da Argentina e dos Estados Unidos” em viagens anteriores. Na quarta-feira (15), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, se manifestou contra o pedido. Segundo o procurador, Bolsonaro não comprovou interesse público na ida dele aos Estados Unidos.