STF reposta entrevista de professor de Harvard que elogia democracia brasileira
Autor de ‘Como as democracias morrem’, Steven Levitsky afirma que quem enfrenta Trump tem mais chance de sucesso em negociações

O STF (Supremo Tribunal Federal) repostou na rede social X, antigo Twitter, uma entrevista com o cientista político, escritor, professor de Harvard Steven Levitsky. Para ele, o “Brasil é hoje um sistema mais democrático do que os Estados Unidos”. Levitsky é autor do best-seller “Como as democracias morrem”.
O movimento ocorre após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atacar o Brasil com sanções a autoridades.
A primeira ação de Trump contra o país foi a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano. Em vigor a partir de 1º de agosto, a medida é uma resposta direta a supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão de empresas americanas e à forma como o país tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo Trump.
Dias após o anúncio do tarifaço, houve a revogação do visto do ministro do STF Alexandre de Moraes. O governo norte-americano ainda determinou a suspensão dos documentos de familiares e “aliados” de Moraes no Supremo — sem detalhar quais ministros estavam sendo afetados.
Na entrevista à BBC News Brasil, publicada na segunda-feira (22), Levitsky afirma que quem enfrenta “ameaças” e “intimidação” de Donald Trump tem mais chance de sucesso em embates comerciais e negociações de tarifa com os EUA.
“Aqueles que enfrentam Trump têm mais probabilidade de ‘sucesso’ no embate contra as ‘ameaças unilaterais’ e políticas comerciais do republicano”, disse.
Em relação às respostas do Brasil às ações da Casa Branca, o cientista político acrescentou que “é difícil pedir a qualquer governo para enfrentar Trump, mas acho que todos nós estaremos melhor se ele for contido”.
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Na opinião do estudioso, o governo brasileiro se tornou alvo do presidente americano por “motivos pessoais” de Donald Trump e por não se curvar aos Estados Unidos.
“De nações que não são potências nucleares, que não são a Rússia ou a China, Trump espera subserviência. E governos como o Brasil, que não se curvam, têm mais chances de se tornarem alvos”, sublinhou.
Compreensão imprecisa
No dia 13 de julho, o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou em carta pública que as sanções são “fundadas em compreensão imprecisa dos fatos ocorridos no país nos últimos anos”.
Em nenhum momento Barroso citou o nome do presidente dos EUA. “As diferentes visões de mundo nas sociedades abertas e democráticas fazem parte da vida e é bom que seja assim. Mas não dão a ninguém o direito de torcer a verdade ou negar fatos concretos que todos viram e viveram”, disse.
O presidente do STF finalizou dizendo que “o Judiciário está ao lado dos que trabalham a favor do Brasil e está aqui para defendê-lo”.
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