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TCU suspende contrato entre governo e ONG ligada ao PT para limpar terra yanomami

Convênio de R$ 15,8 milhões foi firmado por secretaria vinculada à pasta e comandada por ex-ministro petista

Brasília|Do Estadão Conteúdo

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Decisão foi tomada pelo ministro do TCU Benjamin Zymler Arquivo/Leopoldo Silva/Agência Senado

O TCU (Tribunal de Contas da União) determinou a suspensão dos repasses de recursos federais destinados a um contrato entre o Ministério do Trabalho e Emprego e uma ONG ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), para atuar na retirada de lixo da terra indígena yanomami, em Roraima.

A decisão foi tomada após reportagens revelarem que o convênio, no valor de R$ 15,8 milhões, foi firmado por meio da Secretaria de Economia Popular e Solidária, vinculada à pasta e comandada pelo ex-ministro Gilberto Carvalho (PT), um dos principais conselheiros do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


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A medida cautelar, proferida pelo ministro Benjamin Zymler na quarta-feira (17), atendeu a um pedido do senador Jorge Seif (PL-SC), que acionou o TCU para investigar o contrato celebrado entre o ministério e a ONG Unisol (Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Brasil).

A decisão também determina o bloqueio das contas bancárias vinculadas ao convênio. A ONG funciona em uma sala alugada de 40 metros quadrados no subsolo do prédio do sindicato e tem entre seus diretores Carlos José Caramelo Duarte, que, ao mesmo tempo, ocupa a vice-presidência do sindicato.


O presidente da entidade é Arildo Mota Lopes, ex-diretor sindical. Ambos são filiados ao PT. Procurada pela reportagem, a direção da Unisol não retornou. O montante já está no caixa da ONG, mas as atividades em campo só devem começar no segundo semestre.

Segundo maior contrato

O contrato firmado é o segundo maior custeado com a verba destinada pelo governo, em 2024, à “gestão de políticas para povos indígenas”. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, nos três primeiros meses houve “reuniões de planejamento técnico da operação” e, no segundo trimestre, “iniciaram os estudos técnicos”.


Na decisão, além da Unisol, o TCU determinou a suspensão do convênio com o CEA (Centro de Estudos e Assessoria), outra entidade selecionada no processo. As duas foram escolhidas entre um total de dez ONGs que participaram da disputa.

O ministro proibiu ainda a Unisol de realizar qualquer pagamento ou movimentação bancária com os recursos já recebidos. O Ministério do Trabalho e Emprego, por sua vez, deverá encaminhar ao TCU todos os processos administrativos completos relacionados aos dois convênios.


No despacho, o TCU estabelece que o ministério e a entidade terão 15 dias para apresentar defesa e detalhar pontos como a falta de metas específicas e cronogramas no plano de trabalho, o que dificulta o controle e a fiscalização, além da ausência de justificativa para o pagamento antecipado integral, em parcela única, feito à Unisol antes mesmo do início das atividades.

Além dessas possíveis irregularidades, o TCU apontou indícios de falhas no processo de seleção, no qual metade das ONGs participantes foi desclassificada.

O tribunal também destacou a existência de avaliações técnicas divergentes dentro da própria comissão do Ministério do Trabalho e Emprego e ressaltou o fato de a Unisol ter dirigentes filiados ao PT e funcionar dentro da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, tradicional reduto político do presidente Lula.

O ministro, porém, rejeitou o pedido do senador para o afastamento do secretário Gilberto Carvalho, ao considerar que não há evidências de que sua permanência no cargo possa prejudicar as investigações.

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