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Ricardo Nunes anda de ônibus para lançar o programa Tarifa Zero e ouve cobranças de passageiros

Prefeito de São Paulo foi do Terminal Santo Amaro ao Shopping Ibirapuera na madrugada deste domingo e falou sobre gratuidade

São Paulo|Do R7


Ricardo Nunes anda de ônibus no Domingão Tarifa Zero
Ricardo Nunes anda de ônibus no Domingão Tarifa Zero

Em clima de pré-campanha, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), saiu à meia-noite deste domingo (17) do Terminal Santo Amaro, na zona sul da cidade, de ônibus, para lançar o programa Tarifa Zero. A viagem, com destino ao Shopping Ibirapuera, marcava o primeiro dia da gratuidade no transporte municipal, medida anunciada na última segunda-feira (11).

Ao longo do dia todo, a gestão municipal faz um teste de gratuidade no transporte público municipal, que será repetido nos dias do Natal (25), do Ano-Novo (1º de janeiro) e do aniversário de São Paulo (25 de janeiro). A ideia da prefeitura é repetir a ação todos os domingos.

Durante o trajeto, Nunes ouviu críticas sobre problemas da cidade e elogios ao Tarifa Zero. Essa iniciativa é uma das bandeiras do prefeito, que pretende se candidatar à reeleição no ano que vem e já fala em adotar o passe livre também nos dias úteis. Entretanto, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) não aderiu à medida, e o Metrô e a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) vão manter a cobrança da passagem.

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“Metrô e CPTM não acompanham [a gratuidade]. Não tem necessidade, porque temos abrangência de toda a cidade e tem interligação com todos os nossos equipamentos de esporte e de cultura”, falou Nunes, na plataforma de embarque do Terminal Santo Amaro.

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Nesse local foi possível constatar que grande parte dos passageiros ainda não sabia da gratuidade, que está em fase de teste. O “Domingão Tarifa Zero: explore, descubra, viva São Paulo” começou à meia-noite e termina às 23h59 deste domingo, podendo beneficiar cerca 2,2 milhões de passageiros que utilizam as 1.175 linhas de ônibus municipais.

“O objetivo é possibilitar que as pessoas conheçam e possam curtir a cidade”, disse Nunes, acrescentando que também pretende aumentar a adesão dos paulistanos ao uso do transporte público. “Não podemos ver o transporte como apenas uma questão tarifária. É uma questão de mobilidade, qualidade de vida e do ar.”

O principal empecilho para que o Domingão Tarifa Zero empolgasse mais os paulistanos foi o anúncio quase simultâneo do reajuste no valor das passagens de trem e metrô, a partir de 1º de janeiro, de R$ 4,40 para R$ 5.

O aumento, anunciado pela administração estadual, criou tensão, na última semana, entre o prefeito e o governador. Nunes disse que a tarifa de ônibus será mantida, o que quebra uma tradição de os reajustes do município e do estado serem feitos de forma coordenada.

Durante a semana

Enquanto falava com a imprensa, Nunes foi recebido com gritos das pessoas que estavam na fila da plataforma de embarque, a cinco passos dele. Ágda Carvalho, de 39 anos, atendente de call center, era uma delas. “Quase ninguém trabalha no domingo. A gente quer isso durante a semana, não no único dia que o pobre tem para descansar”, disse ela.

“Se houver o aumento do trem e do metrô, acho que não resolve muita coisa”, opinou a garçonete Josilene Oliveira, de 46 anos. Quando o prefeito desembarcou no ponto em frente ao Shopping Ibirapuera, ela pediu o aumento da frota de veículos à noite, período em que ela, diariamente, faz o trajeto até a zona leste e durante o qual já chegou a esperar mais de seis horas por um ônibus, contou.

“O que ajuda é uma tarifa justa ao longo da semana. Às vezes a gente vem socado dentro do ônibus, sem ter nem ar pra respirar”, reclamou.

Há pelo menos outros 89 municípios no país que já adotam o passe livre, segundo levantamento feito pelo pesquisador Daniel Santini, mestre em Planejamento Urbano e Regional pela USP (Universidade de São Paulo). Na maioria são cidades pequenas.

São Caetano do Sul, com 165 mil habitantes, implementou a mudança no mês passado e viu o número de passageiros do sistema dobrar. O município do ABC paulista está entre os maiores a adotar o modelo, assim como Caucaia (com 355 mil habitantes), no Ceará, e Luiziânia (209 mil), em Goiás.

Tarefa complexa

Parte dos especialistas que estudam o tema afirma que a Tarifa Zero promove o direito à mobilidade, além de mais inclusão social. Outra corrente vê na medida um uso ineficiente do dinheiro público, uma vez que é gasto um montante expressivo em uma política que não beneficia só os que mais precisam. Mesmo entre os que são favoráveis à medida, há ressalvas quanto à adoção do modelo na capital paulista.

Um exemplo recorrente, utilizado por Nunes para ilustrar o impacto da tarifa zero no ônibus, é que ela pode representar uma economia de quase R$ 50 para uma família formada por mãe, pai e três filhos que quiser passear aos domingos.

Com a gratuidade, a prefeitura vai deixar de receber cerca de R$ 283 milhões ao ano, valor correspondente à arrecadação com as tarifas aos domingos. Para 2024, a Câmara aprovou, em primeira votação, verba de R$ 500 milhões para o programa, ainda sem previsão de implantação da gratuidade durante a semana.

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A expectativa é, neste primeiro momento, aumentar em pelo menos 50% o total de pessoas que utilizam os ônibus municipais aos domingos. Hoje, segundo a SPTrans, esse número é de 2,2 milhões de passageiros, que demandam apenas 40% da frota disponível.

“Vamos ter de fazer alguns ajustes porque pode ser que algumas regiões tenham um número maior [de ônibus disponíveis], mas vamos monitorar”, disse Nunes.

O prefeito admitiu estar “bastante empolgado” com a implementação do programa Tarifa Zero, que pode se tornar uma marca da sua gestão, que enfrenta desafios como o espalhamento da Cracolândia e a alta da criminalidade no centro.

Enquanto ia de Santo Amaro a Moema, em uma viagem sem paradas, Nunes teve uma amostra das queixas da população com as quais terá de lidar, até mesmo referentes a problemas que não estão sob responsabilidade da prefeitura. Ouviu, por exemplo, reclamações sobre a truculência na abordagem de policiais, o desemprego e o aumento das passagens do trem e metrô.

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