Brasil fecha 2017 com menor rombo externo dos últimos dez anos
Déficit em transações correntes de R$ 30,75 bilhões informado pelo BC corresponde a 0,48% das riquezas produzidas no País
Economia|Do R7
O Brasil fechou 2017 com déficit em transações correntes de R$ 30,75 bilhões (US$ 9,762 bilhões), melhor resultado em 10 anos, equivalente a 0,48% do PIB (Produto Interno Bruto), divulgou o BC (Banco Central) nesta sexta-feira.
O desempenho foi o melhor desde 2007, quando houve saldo positivo de R$ 1,28 bilhão (US$ 408 milhões), e ficou praticamente em linha com a expectativa do próprio BC, de rombo de R$ 28,9 bilhões (US$ 9,2 bilhões).
Só no mês passado, as transações correntes do País ficaram negativas em R$ 13,63 bilhões (US$ 4,327 bilhões).
O setor externo tem sido apontado pela equipe econômica, em especial pelo presidente do BC, Ilan Goldfajn, como uma variável econômica bastante positiva, capaz de proteger o país de eventuais turbulências.
O resultado foi guiado pela força da balança comercial, tanto pelo maior volume transacionado quanto por preços mais favoráveis de algumas commodities de peso na pauta brasileira, como minério de ferro e petróleo. Em 2017, o saldo comercial ficou positivo em R$ 201 bilhões (US$ 64,028 bilhões).
No sentido contrário, os gastos líquidos de brasileiros no exterior fecharam 2017 em R$ 41,55 bilhões (US$ 13,192 bilhões), quase 56% a mais do que o resultado do ano anterior.
As remessas de lucro e dividendos de multinacionais instaladas no Brasil também cresceram em 2017, apesar de ritmo menor, totalizando R$ 66,25 bilhões (US$ 21,032 bilhões). Em 2016, esse rombo havia sido de R$ 60,93 bilhões (US$ 19,433 bilhões).
Para 2018, o BC prevê déficit de R$ 57,9 bilhões (US$ 18,4 bilhões) na conta corrente do País, também ajudado pela balança comercial mais forte.
O BC informou ainda que os IDP (investimentos diretos no País) somaram R$ 221 bilhões (US$ 70,332 bilhões) em 2017, o pior desempenho desde 2013, quando ficaram em R$ 219 bilhões (US$ 69,686 bilhões). A queda do IDP foi puxada pelo tombo em operações intercompanhia, que fecharam em R$ 35,2 bilhões (US$ 11,194 bilhões) em 2017, contra R$ 76 bilhões (US$ 24,146 bilhões) no ano anterior, segundo o BC. Os números sugerem que multinacionais relutaram em investir em novos projetos antes das eleições de 2018.
Em 2017, vendas de participações no capital de companhias brasileiras, no entanto, atingiram o maior nível desde 2012, a R$ 186 bilhões (US$ 59,138 bilhões), em linha com a retomada das operações de fusões e aquisições no ano passado.
Conglomerados envolvidos em escândalos de corrupção e empresas endividadas foram forçados a vender ativos no ano passado, impulsionando a atividade de fusões e aquisições. Banqueiros e advogados disseram que a recuperação econômica e juros em queda provavelmente devem sustentar esse avanço em 2018.