Dólar abre o dia em queda e vale R$ 4,91 nos primeiros negócios desta terça-feira
Cotação da moeda norte-americana segue abaixo dos R$ 5 com cenário doméstico mais atraente para investidores estrangeiros
Economia|Do R7
O dólar firmava queda nesta terça-feira (22), engatando seu quinto pregão consecutivo de perdas e flertando com a marca de R$ 4,90. A movimentação ocorre em meio à percepção de um cenário doméstico atraente para investidores estrangeiros.
Às 10h23 (de Brasília), a moeda norte-americana à vista recuava 0,64%, a R$ 4,9118 na venda, e, na mínima do dia, chegou a cair 0,77%, a R$ 4,9053. Caso mantivesse esse comportamento até o fim dos negócios, a moeda registraria uma mínima para encerramento desde 9 de junho de 2020 (R$ 4,8885).
A divisa dava sequência a uma tendência de desvalorização vista desde o início do ano, em que acumula baixa de quase 12% frente ao real, deixando a moeda brasileira com a melhor performance global no período. O dólar caiu em nove das 11 semanas completas de negociação de 2022.
A queda desta terça-feira — quinta sessão seguida de baixa — vem depois de o dólar ter perdido na véspera o suporte de R$ 5, patamar considerado uma barreira psicológica por operadores. Na segunda, a moeda norte-americana caiu 1,47%, a R$ 4,9435 na venda, o menor patamar para encerramento desde 29 de junho de 2021 (R$ 4,9431) e a primeira vez desde 30 de junho passado em que fechou um pregão abaixo de R$ 5.
Tornando o Brasil mais interessante aos olhos de agentes estrangeiros está o ciclo de aperto monetário iniciado em março do ano passado pelo Banco Central, que levantou a taxa Selic de uma mínima histórica de 2% para o patamar atual de 11,75%. Isso deixou o Brasil com uma das maiores taxas de juros nominais do mundo, atrás apenas de países considerados muito arriscados para investimento e com inflação muito acelerada: Argentina, Rússia e Turquia.
Isso "torna o (Brasil) bastante atraente para o investidor internacional, gera forte fluxo de recursos para o país e valorização da taxa de câmbio", escreveram analistas da Genial Investimentos, que também atribuíram parte da valorização recente do real a algum alívio nos ruídos fiscais domésticos.
O Brasil tem surpreendido positivamente no que diz respeito às contas públicas. Depois de ter encerrado 2021 com o primeiro superávit primário em oito anos, o país registrou saldo positivo recorde no mês de janeiro, quando a dívida bruta ficou abaixo de 80% do PIB pela primeira vez desde abril de 2020.
Ao mesmo tempo, a moeda doméstica parece ter se beneficiado de uma disparada global nos preços das commodities, provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia. Os custos mais elevados de petróleo, commodities agrícolas e matérias-primas tendem a intensificar o ingresso de dólares em países exportadores desse tipo de produto, principalmente na América Latina, vista como menos vulnerável às tensões geopolíticas.
"Com esse nível de preços de commodities os investidores buscam no Brasil um asilo importante. Ainda está a se confirmar a intensidade e a manutenção desse investidor aqui no Brasil, mas, mais importante, é o sinal que no curto prazo tem se confirmado" de ingresso de recursos estrangeiros no país e valorização do real, comentou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.