Dólar fecha a semana abaixo de R$ 5. É o momento de comprar a moeda?
A recomendação de especialistas é fazer a compra apenas no caso de objetivos específicos, como viagens internacionais
Economia|Do R7
Após quatro dias de queda consecutiva, o dólar encerrou a última semana cotado a R$ 4,91, menor valor de fechamento para a moeda norte-americana desde 8 de junho de 2022. Na semana, a moeda norte-americana acumulou baixa de 2,81%. Neste ano, a queda acumula mais de 6%.
A inflação abaixo do esperado em março, tanto aqui como nos Estados Unidos, que sugere que o Banco Central volte a afrouxar a política de juros, e os sinais de avanço no arcabouço fiscal do governo federal são apontados como os principais motivos.
Na terça-feira (11), o dólar caiu 1,16% e voltou ao patamar de R$ 5. Já na quarta-feira (12), a queda foi ainda maior, de 1,32%, fechando a sessão com a cotação em R$ 4,94. Na quinta (13), a moeda fechou cotada a R$ 4,92, em baixa de 0,27%, e na sexta-feira (14), a R$ 4,91.
Para Igor Rongel, head de investimentos do C6 Bank, é difícil prever para onde a divisa americana vai. Apesar das projeções dos economistas ouvidos pelo Boletim Focus, do Banco Central, apontarem que o dólar deve terminar 2023 em R$ 5,25, a moeda americana pode cair ainda mais antes de, eventualmente, voltar a subir.
"Quem investiu com o dólar mais caro, por exemplo, não deve se preocupar. O patrimônio segue investido em moeda forte, no maior mercado do mundo e deve se valorizar ao longo do tempo”, avalia Rongel
Mas vale a pena comprar dólar agora?
A recomendação em geral é fazer a compra apenas no caso de objetivos específicos, como viagens internacionais. Para quem tem esse foco, o patamar abaixo de R$ 5 pode ser de oportunidade.
"Apesar do movimento de baixa na cotação do dólar, não é recomendado comprar a moeda americana toda de uma vez. Quem pensa em viajar para o exterior, por exemplo, pode se proteger da volatilidade e da incerteza do dólar comprando um pouco por vez. Dessa forma, consegue fazer aquilo que é chamado de preço médio”, afirma Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank.
Por isso, a orientação para as pessoas que vão viajar ao exterior é não deixar para comprar a moeda na última hora. A estratégia é trocar o dinheiro logo no início do planejamento da viagem, evitar tarifas fixas no câmbio e utilizar meios de pagamento com menor incidência do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
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O ideal, no entanto, é não fazer a compra de dólar toda de uma vez. Como o câmbio é uma das variáveis mais difíceis de se prever, a recomendação é fazer aportes diferentes para se obter um preço médio, como explica Bruno Mori, planejador financeiro pela Planejar.
“Se não houver urgência, divida o montante a ser comprado em três ou quatro momentos diferentes com o objetivo de diluir o risco de comprar caro”, diz.
Histórico
A cotação da moeda americana já vinha em queda havia algumas semanas, depois de ter ultrapassado a faixa de R$ 5,27, na segunda quinzena do mês de março. À época, a falência de bancos nos Estados Unidos e a crise no Credit Suisse ajudaram a ampliar a aversão a risco nos mercados internacionais, pressionando o câmbio e desvalorizando o real.
Mas não é só o exterior que pode impactar o câmbio no curto prazo. Por aqui, a discussão sobre política fiscal também deve estar no radar, especialmente nesta semana, quando o texto do arcabouço fiscal será entregue ao Congresso para que seja discutido e aprovado pelo Legislativo.
A visão do mercado sobre o arcabouço fiscal se alterou. Passada a euforia inicial, agora, os planos do governo para zerar o déficit e alcançar o superávit são considerados ousados, enquanto muitas dúvidas sobre a viabilidade da proposta permanecem não respondidas.
Com a discussão do arcabouço por parlamentares, a perspectiva é que alguma dessas arestas sejam aparadas. Um cenário que, se concretizado, seria mais positivo para a Bolsa e para o câmbio.