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Dólar fica abaixo de R$ 5 pela primeira vez desde junho de 2022

Real é beneficiado pela manutenção da Selic em 13,75% ao ano e pela nova desaceleração da alta de juros nos Estados Unidos  

Economia|Do R7

O dólar chegou a R$ 4,949 na manhã desta quinta-feira (2), o menor valor desde junho
O dólar chegou a R$ 4,949 na manhã desta quinta-feira (2), o menor valor desde junho

O dólar caía acentuadamente na abertura do mercado nesta quinta-feira (2) e era negociado abaixo do nível de R$ 5 pela primeira vez em quase oito meses. Às 10h34 (horário de Brasília), a moeda à vista recuava 2,25%, a R$ 4,9493 na venda, a menor cotação desde meados de junho passado. 

A queda, segundo analistas, é influenciada pela manutenção da taxa Selic em patamar elevado pelo BC (Banco Central) e por uma nova desaceleração no ritmo de aperto monetário do Fed (Federal Reserve), o banco central dos Estados Unidos, acontecimentos que pintaram um quadro de diferencial de juros favorável à divisa doméstica.

As eleições para as lideranças do Congresso também são vistas por alguns investidores como um suporte adicional para o real.

Na B3, às 10h34 também no horário de Brasília, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 2,16%, a R$ 4,9715.


Na quarta (1), o Fed decidiu elevar sua meta de taxa de juros em 0,25 ponto percentual, uma desaceleração em relação a aumentos anteriores, de 0,50 e até 0,75 ponto.

"Ganhou força desde o final do ano passado a ideia de que o Fed ia desacelerar a alta de juros. Isso se concretizou ontem e enfraquece o dólar em relação às moedas todas, é um movimento global", disse Bruno Mori, planejador financeiro pela Planejar.


Ainda na quarta, o Banco Central do Brasil optou por manter a Selic, a taxa básica de juros da economia, em 13,75% ao ano. A autoridade monetária ressaltou que a incerteza fiscal e a deterioração nas expectativas de inflação elevam o custo para chegar às metas, sugerindo que as taxas devem se manter altas por mais tempo.

"A ideia de que os juros não vão cair tão cedo ganha cada vez mais força e evidência prática, e o fluxo para o mercado local tende cada vez mais a aumentar", explicou Mori, destacando o amplo espaço entre os patamares de juros no Brasil e nos Estados Unidos.


Quanto maior o diferencial entre os custos dos empréstimos domésticos e internacionais, mais atraente fica o real para uso em estratégias de carry trade, que consistem na contratação de empréstimo em um país de juro baixo e aplicação desses recursos em uma praça mais rentável. Dessa forma, a manutenção da Selic no nível elevado atual e um arrefecimento do aperto monetário do Fed jogam a favor da divisa brasileira.

O resultado das eleições para as lideranças do Congresso também favoreceram o real, depois que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu o que queria, ao ver reeleitos Arthur Lira (PP-AL), como presidente da Câmara dos Deputados, e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), como presidente do Senado.

"Câmara e Senado consolidaram condições de governabilidade melhores, isso é superpositivo para a questão da atividade (econômica)", disse Mori. Ele também citou uma reabertura econômica na China como outro impulso para a divisa doméstica e outras moedas de países emergentes.

Com o real nadando a favor da correnteza, a tendência para o mês de fevereiro é de que o dólar rompa definitivamente a barreira dos R$ 5 para baixo, acrescentou o especialista.

Na véspera, a moeda norte-americana à vista já havia fechado em queda de 0,25%, a R$ 5,0633 na venda, patamar de encerramento mais baixo desde 4 de novembro passado (R$ 5,0524).

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