Motoristas já encontram gasolina quase R$ 0,50 mais cara em SP após aumento de impostos
Postos visitados pelo R7 tiveram aumento na gasolina acima do reajuste líquido de R$ 0,34 prometido pelo governo federal
Economia|Johnny Negreiros, do R7*
Com a volta dos impostos federais sobre os combustíveis, que passou a valer na última quarta-feira (1º), os motoristas já encontram a gasolina quase R$ 0,50 mais cara nos postos de São Paulo (SP). Como justificativa para a medida, o governo federal apontou a necessidade de equilibrar as contas públicas.
O consumidor, que fica com a conta, já reclama do preço que acha na bomba. O R7 entrevistou nove moradores de São Paulo (SP) em quatro postos, na zona oeste da capital. Apenas um deles disse não ter sentido no bolso o aumento.
“Eu abastecia a R$ 4,88 por litro. Hoje, já está R$ 5,50, então pesa bastante no bolso porque não é um tanque só que você usa, né?", explicou o taxista Eloi Moraes, de 56 anos, 18 anos na profissão.
Monalisa Andrade, que é gerente de um posto de combustível na Barra Funda, zona oeste da capital paulista, explica que, para o negócio, é melhor vender o combustível mais barato para ganhar no volume. Mas admite que o consumidor não tem saída e, se quiser escapar do reajuste dos combustíveis, deverá migrar para o ônibus ou trem.
"Está todo mundo no mesmo barco, né? Do mesmo jeito que eles [consumidores] abastecem, a gente abastece também. Eu acho ruim, porque é bom você vender mais barato, o volume é maior, a princípio. Não mudou muita coisa [no consumo] porque agora acabou o Carnaval. O pessoal voltou a trabalhar, e não tem o que fazer. Tem que abastecer para andar. Mas, com o tempo, o pessoal começa a procurar outros meios, como o transporte público", explica.
Arrecadação do governo
Os consumidores ouvidos pela reportagem dizem que havia outras formas de aumentar a arrecadação do governo.
Mais que isso, afirmam não acreditar que o dinheiro extra para o governo, via aumento de impostos do combustível, voltará para a população por meio de serviços públicos.
Uma delas é a professora Marinês Montoro, de 51 anos, que, apesar de simpatizar com o atual governo, discorda da reoneração. “[Era] melhor manter a desoneração, porque o combustível é uma coisa que afeta muitos setores. Não é uma individualidade do carro. É muita coisa que [a reoneração] influencia [na economia]”, disse.
Montoro não soube dizer onde será investida a verba a ser arrecadada pelo governo com a tributação. “Esse seria o caminho: eu sempre achei que uma reforma tributária era mais importante do que isso [a reoneração]”, opinou.
No posto em que a professora abasteceu, o preço do litro da gasolina teve aumento de R$ 0,47, o que coincide com o valor bruto prometido pelo governo somente com a volta dos impostos federais.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a alta líquida para o consumidor seria de R$ 0,34. Esse valor conta com a redução cobrada pela Petrobras para as distribuidoras de combustíveis, que foi de R$ 0,13. O objetivo era amenizar os preços na bomba.
Gerente de um posto na Santa Cecília, zona oeste de São Paulo, José Marcos Silva contou ao R7 que o consumo de combustível sofreu uma queda depois do aumento do preço.
A maior parte dos entrevistados disse que já esperava a reoneração dos combustíveis e criticou a administração anterior. Em agosto do ano passado, o governo federal zerou a tributação nos combustíveis, poucos meses antes das eleições presidenciais.
“Fizeram uma brecada por causa da eleição no fim de ano. [A gente] já estava esperando só a bomba estourar a qualquer momento, né?”, diz o gerente do posto.
O consumidor também teve leitura parecida do cenário de aumento de preços de combustíveis e disputa política. "Eu concordo com a reoneração porque foi uma baixa [nos preços] praticamente para efeitos políticos. O antigo presidente fez uma manipulação para efeitos eleitorais", diz o advogado aposentado Clóvis de Merval.
* Estagiário do R7, sob supervisão de Raphael Hakime