O euro na casa de R$ 4,50 em 2019 não tem sido suficiente para tirar o interesse dos brasileiros em viajar para a Europa. Dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) mostram um recorde de passageiros que embarcaram para o Velho Mundo no primeiro trimestre. Segundo os registros da agência, foram 887 mil passageiros transportados no período, o maior número desde o início da série histórica, em 2000 (veja gráfico abaixo). A alta, de 9,6% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, supera a média dos destinos internacionais, que foi de 2,6%. Em 2018, o número de passageiros que foram à Europa também teve recorde: 3,4 milhões, alta de 14,1% em relação a 2017.Anac autoriza Air Europa a operar no mercado doméstico de aviação Não é possível, no entanto, afirmar que todos esses passageiros sejam brasileiros, já que a Anac não identifica a nacionalidade deles nas estatísticas. Por outro lado, o interesse dos brasileiros existe. O site de buscas de passagens Kayak registrou aumento de 57% das pesquisas de voos entre Brasil e Europa entre julho e dezembro de 2018 para viajar no primeiro trimestre de 2019, na comparação com igual período dos anos anteriores. "A consolidação do hub de Fortaleza, com voos para Portugal, Amsterdã e Paris, faz com que as empresas possam oferecer essas passagens mais baratas... R$ 1.500 [ida e volta]", observa Eduardo Fleury, líder de operações do Kayak no Brasil. O movimento se explica, em parte, pelo grande interesse dos brasileiros por Portugal, que tem sido a porta de entrada para milhões de turistas todos os anos. Um quarto de todos os passageiros que viajaram à Europa foi em voo direto para Portugal, segundo a Anac. Oferta não falta. A TAP opera voos regulares entre Lisboa e dez capitais brasileiras (Belém, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). A companhia ainda possui frequências ligando São Paulo à cidade do Porto. A Azul oferece voos entre Campinas (Viracopos) e Lisboa, além de inaugurar no dia 3 de junho uma nova rota, também partindo de Campinas, para o Porto. Serão três voos semanais. "Portugal tem uma característica diferente da Europa. A quantidade de brasileiros morando hoje em Portugal o faz ser um destino diferente. É uma demanda mais estável e menos sujeita às variações do câmbio e tudo mais", explica o diretor de distribuição e alianças da Azul, Marcelo Bento. Mesmo assim, ele diz que muitos dos viajantes chegam via Portugal para outros destinos europeus. Paris e outras cidades turísticas estão a cerca de 2 horas de avião. A Latam opera voos diários para Madri, Paris, Londres, Frankfurt, além de frequências em alguns dias da semana para Lisboa, Barcelona e Roma (este último será suspenso a partir de 1º de outubro). Outras 14 companhias aéreas internacionais possuem voos ligando Brasil e Europa. A Norwegian inaugurou em março uma rota entre o Rio de Janeiro e Londres, com bilhetes a partir de R$ 1.697 ida e volta, com taxas. Recentemente, a britânica Virgin Atlantic anunciou que pretende voar entre Londres e São Paulo a partir de 2020. Esse interesse das empresas aéreas pelo mercado brasileiro fez com que a oferta de assentos entre Brasil e Europa aumentasse 12,8% no primeiro trimestre. Outra razão que explica a maior procura por destinos europeus é a alta do dólar. "Como o dólar está alto, as pessoas buscam outros destinos internacionais [além dos Estados Unidos] como opção", diz o executivo do Kayak. Não que a Europa seja mais barata do que os EUA, mas a oferta de passagens aéreas é maior, com tantas companhias no mercado. A passagem é, sem dúvida, uma parte pesada do orçamento da viagem. Encontrar bilhetes em promoção é um grande incentivo para quem está em busca de um destino turístico. Entretanto, os custos com hospedagem, refeições, transporte e passeios deixam muitos turistas receosos com o valor total da viagem. Vale ressaltar que sexta-feira (24) o euro era vendido nas casas de câmbio acima de R$ 4,70. A libra chega a R$ 5,45. "Os preços das passagens vão se mantendo acessíveis para quem consegue se programar com antecedência. A maior questão tem sido o câmbio", acrescenta o diretor da Azul.
