Logo R7.com
Logo do PlayPlus

Preço do petróleo dispara e eleva pressão por reajustes na Petrobras

Barril de Brent, referência internacional do combustível, atingiu seu maior patamar desde novembro de 2022, ampliando a defasagem sobre a gasolina e o diesel vendido no Brasil

Economia|Do R7

Diesel vendido pela Petrobras tem R$ 0,70 de defasagem por litro
Diesel vendido pela Petrobras tem R$ 0,70 de defasagem por litro

Uma nova disparada dos preços do barril do petróleo no mercado internacional nesta quarta-feira (28) elevou a defasagem entre os valores dos combustíveis vendidos pela Petrobras no Brasil e os praticados no exterior, ampliando a pressão por um novo reajuste nas refinarias da petroleira estatal.

O cenário ocorre em um momento em que já havia uma avaliação de que a companhia precisaria reajustar o preço do diesel em breve, uma vez que a Rússia — atualmente a principal fornecedora externa do combustível ao Brasil — decidiu restringir as exportações do produto, que vinha chegando ao país com preço mais baixo do que o praticado por outros fornecedores mais tradicionais.

"Como a nova política [de preços da Petrobras] não segue o PPI [Preço de Paridade de Importação), fica sempre difícil analisar quando pode ter o aumento. Mas, sem dúvida, pressiona a companhia", afirma o diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Pedro Rodrigues.

O petróleo Brent, referência internacional, chegou a subir cerca de 3% nesta quarta-feira e fechou acima de R$ 480 (US$ 96) por barril, em seu maior patamar desde novembro de 2022, após notícias sobre uma queda expressiva dos estoques de óleo bruto nos Estados Unidos. Já o petróleo norte-americano WTI (West Texas Intermediate) fechou a R$ 468,4 (US$ 93,68) por barril, máxima desde agosto de 2022.


O sócio-diretor da Raion Consultoria, Eduardo Oliveira de Melo, destacou que a disparada do preço do barril do petróleo ocorreu ainda nesta quarta-feira junto com uma alta do dólar, que ficou acima de R$ 5 pela primeira vez em mais de um mês. "Realmente, combinação explosiva", comentou o especialista, acrescentando que o diesel vendido pela Petrobras tem mais de R$ 0,70 de defasagem por litro, ante a paridade de importação.

Compartilhe esta notícia no WhatsApp


Compartilhe esta notícia no Telegram

Entretanto, apesar de elevada, a defasagem ainda está atrás da atingida em agosto deste ano, de cerca de R$ 1 por litro, antes de a petroleira realizar seu último reajuste, de 25,8% para o diesel e 16,3% para a gasolina, explicou.


Uma vez que o Brasil não é autossuficiente em derivados de petróleo, especialistas recomendam que os preços da Petrobras, a principal fornecedora de combustíveis do Brasil, estejam em equilíbrio para não inviabilizar importações por terceiros. Além de ser suprido pela Petrobras e por algumas refinarias privadas, o mercado brasileiro importa cerca de 25% do óleo diesel e 15% da gasolina.

Já nos cálculos da StoneX, os preços do diesel da Petrobras estariam também mais de 70 centavos de real por litro abaixo da paridade de importação, necessitando de um reajuste de cerca de 19% para se igualar ao valor internacional. A gasolina, por sua vez, estaria aproximadamente 30 centavos abaixo, necessitando de um aumento de quase 10%.

"Desta vez, acredito que o câmbio tenha ajudado a piorar a conta. O mercado está ansioso por um ajuste da Petrobras", disse o diretor na área Petróleo, Gás e Renováveis da consultoria Stonex, Smyllei Curcio.

Desde que anunciou uma nova estratégia comercial, em maio, a Petrobras deixou de ser obrigada a seguir preços de paridade de importação, passando a considerar outras variáveis na precificação de seus produtos, com a promessa de ser a melhor opção para seus clientes e fornecedores, mas garantindo sua rentabilidade.

A empresa tem ainda segurado por mais tempo a defasagem antes de subir seus preços, em busca de evitar volatilidades. O cenário causa algumas incertezas para importadores do produto.

Procurada, a Petrobras reiterou em nota que "sua estratégia comercial tem como premissa a prática de preços competitivos e em equilíbrio com os mercados nacional e internacional, se valendo de suas melhores condições de produção e logística, ao mesmo tempo em que evita o repasse da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio".

A petroleira disse ainda que o mercado brasileiro de diesel em 2023 tem apresentado crescimento quando comparado ao ano anterior e que a demanda vem sendo atendida tanto pela Petrobras quanto pelos demais produtores e importadores. A empresa também afirmou que não tem importado diesel nem gasolina da Rússia.

Sobre a Rússia

Sobre a anunciada restrição da Rússia — cujas vendas representaram em agosto cerca de 70% das compras externas brasileiras —, os especialistas consideram que possa já ter havido até o momento algum impacto marginal em preços, mas que não foi registrada falta de produto no Brasil em razão disso.

"O que a gente tem sentido são alguns aumentos marginais já por conta dessa notícia da escassez envolvendo a restrição na Rússia, que é o primeiro efeito, já cria uma expectativa de restrição de oferta e eleva os preços, mas restrição de produto físico, não", afirmou Melo, da Raion.

"Não está sobrando produto, tem algumas restrições, mas nada diferente por conta da notícia envolvendo a Rússia", diz Melo. Curcio, da StoneX, foi na mesma linha. Disse que uma notícia como essa acaba gerando especulações que podem afetar preços, mas que não foi sentida até agora uma falta dos fluxos da Rússia.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.