Preocupações com o setor de energia limitam alta da Bolsa
Ibovespa fechou o pregão desta terça com variação positiva de 0,25%, aos 47.876 pontos
Economia|Do R7
A alta de quase 2% registrada mais cedo pelo Ibovespa deu lugar a uma valorização tímida nesta terça-feira (20), à medida que o ânimo do mercado com o anúncio de medidas fiscais dividiu a atenção com persistentes preocupações com o fornecimento de energia no País e a queda das bolsas norte-americanas.
O Ibovespa fechou com variação positiva de 0,25%, a 47.876 pontos. O giro financeiro do pregão totalizou R$ 5,37 bilhões.
Apesar do pregão positivo das bolsas asiáticas e europeias, que apoiou mais cedo o mercado brasileiro, Wall Street retomou os negócios depois do feriado de segunda-feira em baixa, após o FMI (Fundo Monetário Internacional) reduzir suas previsões de crescimento global para 2015 e 2016.
O desempenho negativo do pregão norte-americano contribuiu para minar o ânimo de investidores da Bovespa, que haviam comemorado mais cedo o anúncio de um pacote de medidas fiscais pelo governo federal brasileiro para colocar as contas públicas do país em ordem.
"O humor estava muito ligado à forte queda da Bovespa ontem (segunda-feira), então houve um pouco de ajuste (para cima) pela manhã. Quando abriram as bolsas dos EUA, o mercado voltou para o seu rumo normal", disse o analista Raphael Figueredo, da Clear Corretora. Depois do fechamento do mercado brasileiro, as bolsas nos EUA passaram a subir.
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As preocupações do mercado sobre o fornecimento de energia no Brasil, que levaram o Ibovespa a recuar 2,57% na véspera, também ajudaram a conter o otimismo do mercado acionário brasileiro. Na segunda-feira, o ONS (Operador Nacional do Sistema) exigiu que distribuidoras de energia fizessem um corte seletivo no fornecimento.
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou que não houve falta de geração de energia na segunda-feira, mas uma falha "aparentemente técnica na rede Norte-Sul". A declaração, no entanto, não diminuiu os temores do mercado nem impediu nova queda de ações de empresas que fazem uso intensivo de eletricidade, como a da petroquímica Braskem. O papel recuou 6,54% nesta terça, na esteira da queda de 7,7% registrada na segunda-feira.
Ações do setor elétrico, como Eletrobras e CPFL Energia, também caíram com a percepção cada vez mais alta de risco de racionamento por conta dos níveis baixos de chuvas e do aumento do consumo de energia.
Já Cosan registrou alta de 4,47%, beneficiada pelo anúncio de aumento da tributação sobre gasolina e diesel, com a expectativa de que a medida possa incentivar o consumo de etanol.
A companhia de shoppings BR Malls e a siderúrgica CSN foram outros destaques de alta.
A preferencial de Petrobras, que chegou a subir mais de 7%, reduziu ganho para apenas 1,41% no fechamento.
A estatal surpreendeu o mercado ao informar pela manhã que os preços da gasolina e do diesel cobrados nas refinarias serão acrescidos do PIS/Cofins e da Cide, sem alterações para os valores recebidos pela empresa.
"Era consenso que quando aumentasse o preço do combustível a Petrobras deixaria o preço na bomba igual ou muito parecido para não pressionar a inflação", disse o economista Hersz Ferman, da Elite Corretora. "Essa mudança indica de certa maneira um princípio de independência da Petrobras em relação à ingerência política."