Sem reformas, País deve violar regra de ouro em 2020 e ter recessão, diz OCDE
Economia|Do R7
Apenas alguns anos depois de passar pela pior recessão de sua história, o Brasil corre o risco de voltar a registrar recuo da sua economia. O quadro negativo foi apresentado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os riscos para a economia brasileira, de acordo com a entidade que tem sede em Paris, estão relacionados principalmente com a implementação de reformas.
"O cenário político fragmentado e, às vezes, a relação desafiadora entre os diferentes ramos do governo, estão dificultando a construção de consenso político para reformas fundamentais", observou em relatório da entidade divulgado nesta terça-feira, 21.
Se o Congresso não aprovar a "ambiciosa agenda de reformas" do Executivo, a regra de ouro deve ser violada em 2020, na opinião da OCDE, o que resultaria em custos de financiamento mais altos, consequência de crescimento mais baixo, e possivelmente um retorno à recessão.
Por outro lado, a instituição previu que um impulso de reforma mais forte que se estenda para além da reforma previdenciária, apontada no documento como "urgentemente necessária", poderia melhorar significativamente o clima de negócios e crescimento mais forte, incluindo exportações.
"A possibilidade de aumento das tensões comerciais também traz riscos para o Brasil, já que a China e os Estados Unidos são os dois principais parceiros comerciais do Brasil", citou ainda no documento.
Incerteza sobre Previdência
O Brasil apresentou uma proposta "ambiciosa" de reforma da Previdência para assegurar a sustentabilidade fiscal de longo prazo ao Congresso, mas a incerteza sobre sua implementação permanece, conforme a OCDE descreveu no relatório Perspectiva Econômica. "Se esta incerteza dissipa-se, a demanda interna é projetada para acelerar e o desemprego, diminuir", pontuou a entidade que tem sede em Paris.
Nesse documento, a OCDE diminuiu suas projeções para o crescimento do PIB brasileiro em 2019, para 1,4%, e de 2020, para 2,3%.
Em outro trecho do relatório comentou que um crescimento mais forte exigirá mais esforços de reformas para fortalecer a produtividade, maior integração na economia global e menores barreiras administrativas à entrada no mercado.
Na avaliação da instituição, com ampla capacidade ociosa, a inflação deve permanecer abaixo da meta. "A política monetária permanecerá acomodatícia, apoiando os gastos das famílias", previu em relação ao trabalho do Banco Central.
Já a questão orçamentária brasileira gera preocupações, segundo o relatório. "Sem grandes esforços para conter o crescimento das despesas, a sustentabilidade das contas fiscais continua em risco, especialmente, mas não apenas, devido ao aumento dos gastos com pensões", considerou.
A OCDE também enfatizou que reequilibrar os gastos sociais para famílias de baixa renda reduziria as desigualdades.