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Sindicatos pedem bloqueio de bens dos acionistas da Americanas

Medida visa garantir na Justiça os direitos de mais de 44 mil trabalhadores da empresa, além de 17 mil com ações em curso 

Economia|Do R7

Fachada de uma unidade das Lojas Americanas no centro do Recife (PE)
Fachada de uma unidade das Lojas Americanas no centro do Recife (PE)

As principais centrais e confederações sindicais do Brasil se reuniram para entrar com uma ação civil pública na 8ª Vara do Trabalho de Brasília, ajuizada na quarta-feira (25), para garantir os direitos dos mais de 44 mil funcionários do Grupo Americanas, que está em recuperação judicial, e de milhares de pessoas que que lutam na Justiça do Trabalho para receber créditos trabalhistas da empresa.

Participam da ação a CUT (Central Única dos Trabalhadores), a UGT (União Geral dos Trabalhadores), a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), a FS (Força Sindical), a CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), a NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), a Contracs-CUT (Confederação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços) e a CNTC (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio).

Em nota, os dirigentes justificam a iniciativa dizendo haver risco de inadimplência da empresa por falta de recursos, o que poderia terminar em calote nos trabalhadores, não apenas nos credores e pequenos acionistas.

A situação teve início em 11 de janeiro, quando executivos das Lojas Americanas comunicaram aos acionistas terem encontrado 'inconsistências contábeis' de R$ 20 bilhões no balanço da empresa. Descobriu-se, mais tarde, que o grupo tinha um rombo bilionário, de mais de R$ 43 bilhões, o que levou ao pedido de recuperação judicial.


“Com a ameaça de descumprimento dos direitos de trabalhadores e de trabalhadoras, a ação civil pública busca garantir que o patrimônio pessoal dos acionistas de referência Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles possa ser executado independentemente do processamento da recuperação judicial”, diz o texto divulgado pelos dirigentes sindicais.

“Além da defesa do emprego e dos direitos dos mais de 44 mil empregados do Grupo Americanas, que estão espalhados em mais de 1.700 lojas, a ação também busca garantir que aquelas pessoas que lutam na Justiça do Trabalho para conseguir receber seus direitos não se prejudiquem com o processo de recuperação judicial ou com eventual falência”, continua a nota.


“Há quase 17 mil ações trabalhistas em curso contra empresas do Grupo Americanas, representando um valor total de R$ 1,53 bilhão”, diz outro trecho do documento.

Por meio da ação, os sindicalistas pedem o bloqueio de exatamente R$ 1,53 bilhão das contas pessoais dos sócios majoritários, quantia que seria suficiente para o pagamento 'sem demora' dos trabalhadores "que lutam na Justiça por seus direitos”.


“A ação visa desconsiderar a personalidade jurídica da Americanas e responsabilizar os acionistas de referência pela fraude contábil que se desenrolou durante anos na companhia e que inflou artificialmente não só o lucro, mas os dividendos distribuídos aos acionistas, sendo os três bilionários os maiores beneficiários da fraude”, explicita a nota.

“Os fatos narrados na ação não deixam dúvidas sobre a necessária e urgente responsabilidade dos acionistas de referência, na medida em que esse risco não pode ser transferido aos trabalhadores e às trabalhadoras”, explica Fernanda Giorgi, sócia da LBS Advogados, escritório responsável pela causa.

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“É possível que estejamos diante da maior fraude corporativa da história do país. [a ação] É a única forma de garantir que o Grupo não dê calote nos trabalhadores e que cumpra com suas obrigações”, diz Felipe Gomes da Silva Vasconcellos, que também é sócio da LBS Advogados. 

O advogado informa que aguarda a resposta ao pedido de liminar sobre a ação e, como esse não discute a recuperação judicial, não se submete à decisão proferida naquele processo. Além disso, a ação também não pretende fazer as vezes de iniciativas individuais e locais de trabalhadores.

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