Indústria espera dados oficiais do 1º mês de tarifaço para avaliar prejuízos e estratégias
Mercados como carne, frutas, café e vestuário não entraram na lista de exceções e aguardam números oficiais
Economia|Do R7, em Brasília
LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA
Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

O tarifaço imposto por Donald Trump a produtos brasileiros completa um mês no próximo sábado (6). Setores mais atingidos aguardam a divulgação de um balanço do governo com os dados desses primeiros 30 dias.
A previsão, segundo setores consultados pelo R7, é de que os resultados sejam apresentados na próxima semana.
Mercados como carne, frutas, café e vestuário ficaram fora da lista de exceções anunciada pelos Estados Unidos dias antes do início da cobrança das tarifas.
Veja mais
Na última quinta-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a realização de consultas necessárias para o uso da chamada lei de reciprocidade.
A medida busca avaliar se a tarifa de 50% aplicada pelos norte-americanos a produtos brasileiros preenche os requisitos para uma resposta equivalente por parte do Brasil.
Ao comentar a decisão, o vice-presidente Geraldo Alckmin, principal responsável pela interlocução com os americanos, afirmou que a iniciativa busca “acelerar” o diálogo com Donald Trump e reforçou a orientação do presidente Lula de resolver o impasse por meio de negociação.
“A Camex (Câmara de Comércio Exterior) foi provocada, é um órgão colegiado formado por dez ministérios, e vai iniciar o processo de análise para aplicação da lei. O que eu espero é que isso ajude a acelerar o diálogo e a negociação”, disse Alckmin.
Também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Alckmin acrescentou: “Lula tem nos orientado pela soberania nacional, pois o país não abre mão de sua soberania, e, no Estado democrático, os poderes são separados: Judiciário, Legislativo e Executivo; e, de outro lado, [Lula tem orientado] o diálogo e a negociação”.
Produtos atingidos pela nova tarifa
🔸 Café — Maior exportador global, o Brasil tem nos EUA um dos principais compradores. Em 2024, as vendas atingiram quase US$ 2 bilhões, equivalentes a 16,7% do total exportado.
🔸 Carne bovina — O mercado norte-americano absorveu 16,7% das exportações brasileiras em 2024, o que corresponde a 532 mil toneladas e US$ 1,6 bilhão em receitas. A Minerva projeta queda de até 5% na receita líquida.
🔸 Frutas — Mais de 1 milhão de toneladas foram enviadas ao exterior em 2024, e parte expressiva passará a ter tributação adicional.
🔸 Máquinas agrícolas e industriais — O decreto prevê isenções para peças da indústria de papel e celulose e itens da aviação civil. Equipamentos fora desses segmentos serão integralmente tributados.
🔸 Móveis — Alguns modelos escaparam da taxação, como assentos e estruturas metálicas ou plásticas utilizadas em aeronaves. O restante terá incidência da nova alíquota.
🔸 Têxteis — A isenção restringe-se a itens específicos, como fio de sisal para enfardamento e materiais aeronáuticos.
🔸 Calçados — Todos os modelos brasileiros passaram a ser taxados, agravando as dificuldades de um setor já pressionado pela concorrência global.
Entenda em 6 pontos o tarifaço de Trump sobre o Brasil
Auxílio às empresas
Em 13 de outubro, Lula assinou a medida provisória “Brasil Soberano”, que destina R$ 30 bilhões para auxiliar empresas afetadas pelas tarifas.
“Quero dizer para os empresários e para os trabalhadores que a gente vai tentar fazer o que estiver ao nosso alcance para minimizar o problema que foi criado. Nós vamos continuar vendendo as coisas que os EUA não querem comprar, nós vamos procurar outros países”, afirmou Lula.
A medida provisória prevê três eixos de atuação: fortalecimento do setor produtivo; proteção aos trabalhadores; e diplomacia comercial.
O objetivo é proteger exportadores brasileiros, preservar empregos, atrair investimentos e garantir continuidade ao desenvolvimento econômico.
Lula diz que quer conversar com Trump
Em entrevista exclusiva à RECORD na quinta-feira (28), Lula afirmou estar disponível para dialogar com Trump sobre o tarifaço.
“O Lulinha ‘paz e amor’ estará pronto para conversar quando o presidente Donald Trump quiser”, disse o presidente brasileiro.
Apesar da disposição, Lula enfatizou que não pretende insistir pela abertura de negociações com os EUA.
“Eu não sou de ficar chorando o leite derramado. Tomamos a atitude e colocamos R$ 30 bilhões à disposição das empresas exportadoras que vão ter problema [com o tarifaço]. Queremos defender o nosso trabalhador e o nosso empresário. Mas, ao mesmo tempo, temos que levar em conta que precisamos procurar novos mercados”, declarou.
Após a entrevista, Lula criticou a ausência de um canal direto com o governo norte-americano.
“Eu tenho o [vice-presidente Geraldo] Alckmin, o [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad e o [chanceler] Mauro Vieira, que são meus negociadores. Até agora, a gente não conseguiu falar com ninguém, com ninguém dos Estados Unidos”, afirmou, durante cerimônia de nomeação de diretores de agências reguladoras.
O presidente mencionou o cancelamento de uma reunião entre Haddad e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, marcada para 13 de agosto, mas suspensa dois dias antes. No mesmo dia, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) divulgou ter se reunido com Bessent.
“O Haddad estava com uma reunião com o secretário de Tesouro, suspendeu a reunião com o Haddad e foi se reunir com o deputado Eduardo Bolsonaro. Uma demonstração da falta de seriedade nessa relação com o Brasil”, comentou.
Escritório de advocacia nos EUA
Na quarta-feira (27), o governo contratou o escritório americano Arnold & Porter Kaye Scholer LLP para representar o Brasil em ações administrativas e judiciais relacionadas ao tarifaço.
A Advocacia-Geral da União (AGU) firmou o contrato, com valor máximo de US$ 3,5 milhões (cerca de R$ 19 milhões), válido por até 48 meses. A atuação será coordenada pela AGU, sob diretrizes exclusivas do órgão.
A expectativa é alinhar as estratégias nos próximos dias, após análise inicial do processo pelo escritório americano.
Perguntas e respostas
Qual é o contexto do tarifaço imposto pelos EUA sobre produtos brasileiros?
O tarifaço de Donald Trump sobre produtos brasileiros completa um mês no próximo sábado (6), e os setores mais afetados aguardam a divulgação de um balanço do governo com os números desses primeiros 30 dias.
Quais setores estão esperando os resultados do governo?
Setores como carne, frutas, café e vestuário não entraram na lista de exceções anunciada pelos Estados Unidos antes do início da cobrança das tarifas e estão aguardando os resultados oficiais.
O que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez em relação ao tarifaço?
Na última quinta-feira (28), o presidente Lula autorizou o governo federal a realizar consultas para avaliar se a taxa de 50% aplicada pelos EUA atende aos requisitos para que o Brasil possa recorrer à lei de reciprocidade e adotar uma medida equivalente contra os EUA.
Qual é a posição do vice-presidente Geraldo Alckmin sobre a situação?
Geraldo Alckmin afirmou que a ação tem o intuito de acelerar o diálogo com Donald Trump e que a orientação do presidente Lula é resolver o embate em uma mesa de negociação.
Quais são os impactos esperados do tarifaço nos setores afetados?
O Brasil, como maior exportador global de café, teve vendas para os EUA em 2024 que atingiram quase US$ 2 bilhões. A carne bovina também é significativa, com 16,7% das exportações brasileiras absorvidas pelo mercado norte-americano. Outros setores, como frutas, máquinas agrícolas, móveis, têxteis e calçados, também enfrentam impactos devido à nova tributação.
O que a Medida Provisória “Brasil Soberano” prevê?
A MP “Brasil Soberano”, assinada por Lula, destina R$ 30 bilhões em socorro às empresas afetadas pelo tarifaço, com foco no fortalecimento do setor produtivo, proteção aos trabalhadores e diplomacia comercial.
Qual foi a declaração de Lula em relação ao diálogo com Trump?
Lula se disse disponível para conversar com Trump sobre o tarifaço, afirmando que não irá “mendigar” aos EUA para negociar, e ressaltou que o maior prejuízo do tarifaço será para o povo americano, que pagará mais caro pelos produtos.
Como o governo brasileiro está se preparando para lidar com o tarifaço?
O governo contratou o escritório de advocacia americano Arnold & Porter Kaye Scholer LLP para atuar nos EUA e representar o Brasil nas ações relacionadas ao tarifaço, com um custo máximo de US$ 3,5 milhões por até 48 meses.
Qual é a expectativa do governo em relação à atuação do escritório de advocacia?
A expectativa é alinhar, nos próximos dias, as estratégias de atuação, após a análise do processo pelo escritório americano.
Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp








