E-mail vira "carroça" e adolescentes precisam de ajuda até para anexar arquivos
Ferramenta se tornou opção secundária em meio a tantas opções de comunicação
Educação|Caroline Apple, do R7

O e-mail deixou de ser a principal ferramenta de comunicação desde a difusão de programas e aplicativos de mensagem instantânea. Seu uso acabou ficando restrito aos ambientes escolares e profissionais. Porém, há adolescentes que não só usam pouco a ferramenta como precisam de ajuda para executar funções, aos olhos de alguns, fáceis e comuns, como anexar um arquivo, por exemplo.
Por outro lado, são esses mesmos adolescentes que sabem programar jogos, criar vídeos para canais de YouTube e elaborar ações mais complexas do que mexer em uma simples caixa de entrada.
O estudante de fisioterapia José Alberto Lourenço da Costa Moreira Filho, de 17 anos, passou a ter mais contato com o e-mail neste ano, quando ingressou na faculdade, momento em que surgiu a real necessidade, por causa do material acadêmico enviado por professores e avisos da própria universidade.
A mãe do jovem, Patrícia Rosa, conta que precisa lembrá-lo de verificar a caixa de entrada todos os dias, senão ela passa a acumular mensagens.
— Ele nunca se preocupou com isso, mas, agora, com a necessidade, tem que se virar. Pra ter uma ideia, a caixa dele deve ter mais de 900 mensagens. A última vez, fui eu que apaguei um pouco.
José explica que não usa porque a comunicação não é imediata, como no WhatsApp, por exemplo.
— Além de ser de certa forma ultrapassado [o e-mail], eu também nunca recebi um e-mail de alguém. Sempre de empresas, instituições. Só recebo algo por e-mail quando alguém não consegue enviar o arquivo pelo WhatsApp.
Funções mais complexas
Se os adolescentes apresentam dificuldade em enviar um e-mail, funções mais complexas não exigem tanto desses jovens. E as aulas de informática provam isso. Com o passar dos anos, a matéria teve que acompanhar as mudanças e os anseios desse nova geração, que dispensa o aprendizado de uso da máquina e de suas funções básicas.
A estudante Nicole Aparecida Matias, de 13 anos, está no oitavo ano, no Colégio Carlos Drummond de Andrade, no Tatuapé, zona leste de SP. Nicole cursa na aula de informática a matéria Jogos Digitais. Na aula, os alunos aprendem a desenvolver jogos para celulares e PCs, bem diferente do que se aprendia nos anos de 1990 e 2000, quando as aulas mais modernas eram voltadas para a criação de páginas na Internet em Html.
— O básico a gente já sabe, não precisa aprender, mas usar o o e-mail não é prioridade. Só sei mexer nas mensagens que chegam da escola. Abri uma conta de e-mail só para fazer minha conta no Facebook e para uma emergência, quando quebra o celular, por exemplo.
Waldenize de Oliveira Dias Bigonha, diretora pedagógica do Colégio Drummond, no Tatuapé, afirma que com o aprendizado avançado em funções básicas do computador é possível explorar melhor a tecnologia e usá-la de forma pedagógica e interdisciplinar.
— Há anos, as aulas de informática ensinavam coisas como ligar e desligar o computador, a mexer em um e-mail e isso se tornou desnecessário. Para esses jovens de hoje, a rapidez é palavra de ordem e o e-mail, por exemplo, não satisfaz essa necessidade. Temos o projeto de Jogos Digitais, no qual os alunos desenvolvem o raciocínio lógico, que pode ser aplicado em todas as disciplinas.
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