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Educação

Fechamento de turmas em São Paulo dificulta retorno de jovens e adultos à educação

Nos últimos quatro anos, mais de 300 turmas foram fechadas, dificultando acesso de aluno em vulnerabilidade à escola

Educação|Agência Brasil

Cai número de escolas dedicadas ao EJA em São Paulo
Cai número de escolas dedicadas ao EJA em São Paulo

Atualmente, São Paulo tem 1.167 salas de Educação de Jovens e Adultos (EJA). A modalidade é fundamental para possibilitar a continuidade dos estudos, especialmente de quem precisou deixar a escola.

O tema está em debate na Câmara de Vereadores do município a partir de em levantamento, apresentado pelo vereador Carlos Celso Gianazzi, que mostra que, nos últimos quatro anos, mais de 300 turmas foram fechadas.

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Com a redução da oferta de locais, chegar até a escola se soma ao desafio de seguir com a formação educacional.

Numa rotina corrida, Ducenizia Santana dos Santos prepara-se para mais um dia de aula no ensino médio.


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São raros os dias em que ela consegue passar em casa, depois do trabalho, para ver as filhas antes de seguir para a escola, onde fica até as 23h. Trabalhadora doméstica, decidiu voltar a estudar aos 33 anos, depois de 14 anos distante da sala de aula.

“Eu me levanto às 6h porque as minhas filhas entram às 7h na escola. Eu levanto, faço o café, faço lanche para elas. ‘Vamos, vamos que estão atrasadas!’. Aí, depois, faço uma coisa, outra coisa. Quando penso que não, já acabou o tempo e eu tenho que correr para o serviço. Não é sempre que venho em casa, porque no decorrer do dia sempre tem alguma coisa a mais para a gente fazer. Então, decido ir para a escola direto”, conta.


Depois de um dia inteiro de trabalho, os desafios para Ducenizia continuam, antes mesmo de chegar à sala de aula.

Da casa dela até a escola são 30 minutos de caminhada. Percurso que ainda precisa fazer a pé, mesmo morando na maior cidade do país. Isso porque a oferta de ônibus é limitada. Se esperar, ela chega atrasada. São mais de dois quilômetros caminhando, mesmo com escolas do lado de casa.

Uma audiência foi realizada em conjunto com a Câmara Federal, em Brasília, para evitar o desmonte da EJA na cidade de São Paulo.

“É com uma política de bolsa EJA que a gente vai dar garantias para que aquele estudante que está na vulnerabilidade tenha condições efetivas de retornar ao estudo, à educação, à escola”, destaca a deputada federal Luciene Cavalcante.

André Sapanos, professor do EJA e especialista em direitos humanos, explica que esses problemas prejudicam o aprendizado na sala de aula.

“Os estados, em todo o território nacional, têm feito polos de EJA. E esses pólos normalmente ficam distantes das casas dos estudantes. Então, quando a escola fica distante, ou do local de trabalho, ou da sua residência, complica um pouco o acesso”, avalia.

A Secretaria Municipal de Educação diz, em nota, que a demanda por EJA caiu depois da pandemia e, por isso, as turmas foram transferidas para outras escolas. O órgão diz ainda que atende a toda a demanda de matrículas para essa modalidade de ensino.

Ainda de acordo com a prefeitura, “com a obrigatoriedade de estudos a partir dos quatro anos de idade, espera-se a diminuição de matrículas e turmas de adultos para a modalidade de EJA, uma vez que os estudantes se formam na idade recomendada”.

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