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Novo Ensino Médio: professores e alunos ainda se ajustam às novidades e Enem preocupa

Para diretores e coordenadores de escolas, MEC precisa definir o currículo para os itinerários formativos, um norte para preparar estudantes para as provas

Educação|Karla Dunder, do R7

Alunos do colégio Vereda: aula de linguagens na prática
Alunos do colégio Vereda: aula de linguagens na prática Alunos do colégio Vereda: aula de linguagens na prática

Por lei, o novo ensino médio entrou em vigor neste ano em todas as escolas do país e trouxe uma série de novidades, como os itinerários formativos, matérias eletivas e interdisciplinaridade. Para fazer um balanço deste primeiro semestre diante das mudanças propostas, o R7 ouviu professores e alunos de escolas públicas e privadas de São Paulo.

Para o coordenador pedagógico do colégio Anglo Chácara Santo Antônio, Alcir Caria, o novo ensino médio foi implantado em um momento difícil para estudantes e professores: veio no retorno após o longo período de isolamento gerado pela pandemia de Covid-19. "Muitos alunos ainda estão se readaptando ao presencial e retomando o hábito de estudar, além disso, precisamos recuperar a aprendizagem", diz. 

A questão emocional é outro ponto que merece atenção. "Em duas décadas de magistério, eu nunca vi um volume tão significativo de alunos enfrentando um sofrimento emocional tão grande." 

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"Estamos lidando com as questões emocionais dos alunos e a ansiedade dos professores em fazer dar certo, mesmo com toda a preparação da escola, todos nós estamos aprendendo", avalia Viviane Bozolan Porto, professora de Biologia do Colégio Mary Ward . "Implantar o novo ensino médio por si só já seria um desafio, em meio à pandemia, tudo é mais intenso." 

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É nesse contexto que os estudantes encaram as mudanças: na prática, 60% do conteúdo está na formação geral básica e os outros 40% da formação ficam por conta dos itinerários formativos. "A escola passa a ser mediadora do processo de aprendizado e é muito interessante acompanhar a reflexão dos alunos sobre a escolha da carreira", destaca Bruna Silva Marques, da escola Vereda.

"Para os professores, esta é uma oportunidade de abrir o leque e oferecer muito mais conteúdo, sem ficar engessado", conclui o diretor Osmar F. de Carvalho, diretor da Escola Estadual Milton da Silva Rodrigues.

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Enem

A expressão "tudo o que novo assusta" nunca foi tão usada neste período, mas uma preocupação é real, como será o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)? O MEC (Ministério da Educação) apresentou as principais diretrizes para o exame a partir de 2024, no entanto, ainda faltam pontos a serem esclarecidos.

O Enem é a principal porta de entrada para o ensino superior, no entanto, o MEC não deu detalhes do que será exigido nas provas do segundo dia de exame, quando serão cobrados os conteúdos dos itinerários formativos.

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"É importante que o MEC e o CNE (Conselho Nacional de Educação) definam o que deve ser ensinado nos itinerários para que a escola possa preparar os alunos para o Enem", destaca Alcir. "Falta clareza sobre o conteúdo a ser oferecido nos itinerários, é preciso que haja uma definição quanto antes." 

Para Talita Marcilia, coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Colégio Humboldt, o inglês é a maior novidade até o momento no novo Enem. "Segundo o que foi anunciado pelo MEC, o inglês cobrado nas provas será instrumental, parecido com o que é exigido em exames como Toefl ou Cambridge", diz. "Estamos investindo em processos de interdisciplinariedade, apresentando textos em inglês de diferentes matérias."

Alunos

"Quando soube das mudanças, tive receio, mas a escola soube nos acolher e nos acalmar", conta Mateus Aquino, aluno do 2º ano na Escola Estadual Milton da Silva Rodrigues "Escolhi seguir o itinerário Corpo e Movimento, que acreditei estar de acordo com o meu projeto de vida, mas conhecendo outras áreas e conversando com colegas, percebi que não era o que eu realmente gosto e mudei minha cabeça."

A colega de Mateus, Luara Damasceno, escolheu linguagens e ciências humanas por conseguir se expressar melhor por poemas e textos. "Eu consigo enxergar o meu projeto de vida seguindo os itinerários formativos", diz. "Trazer situações do cotidiano para a sala de aula e poder trabalhar com diferentes disciplinas amplia o nosso conhecimento."

"Percebi que meu mundo não é só a escola, que posso me aprofundar nas matérias que eu gosto e fazer atividades fora da sala de aula, nas eletivas", avalia Sayuri de Deus Cintra Sato, aluna do 2º ano do Colégio Humboldt. "Mas não gosto de aulas em formato EAD, acho muito impessoal e sinto falta do contato com o professor."

As aulas eletivas, aquelas que dialogam mais com o mundo do trabalho, são realizadas, na maioria das escolas, em formato online. "Os professores poderiam apresentar o material antes, abrir para uma conversa para conhecermos melhor o roteiro", conclui o estudante Luís Felipe Costa Araújo, também do Humboldt.

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