Oito em cada dez crianças estão expostas à publicidade na internet, aponta estudo
Nova edição da pesquisa TIC Kids Online Brasil realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) foi divulgada nesta terça-feira (16)
Educação|Karla Dunder, do R7

A nova edição da pesquisa TIC Kids Online Brasil mostrou que 81% dos entrevistados, jovens de 9 a 17 anos, foram expostos a conteúdo publicitário na internet, no entanto, a maioria não reconhece como propaganda. O estudo foi divulgado nesta terça-feira (16) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
Segundo o levantamento, sites de vídeos (67%) são os principais meios que as crianças e adolescentes têm contato com propaganda ou publicidade na internet. "Observando a série histórica, vemos que houve um aumento da exposição de adolescentes ao conteúdo publicitário, principalmente por meio de vídeos", avalia Luísa Adib, Coordenadora da Pesquisa TIC Kids Online Brasil. "O conteúdo publicitário não é apresentado de forma explícita, mas vale destacar que a propaganda direcionada a crianças e adolescentes é proibida no Brasil."
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Maria Mello, coordenadora do programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, reforça que tanto a Constituição, como o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), o Código de Defesa do Consumidor e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) protegem as crianças e os adolescentes de propagandas e manipulações comerciais. No entanto, as práticas persistem de forma velada, o que também não permite a identificação imediata da publicidade.
"A publicidade é apresentada por influenciadores mirins ou mesmo diluída em vídeos", explica Maria Mello. "Os pais e educadores devem acompanhar os conteúdos, mas a responsabilidade não deve cair somente nas famílias, mas em toda a cadeia das agências de publicidade, plataformas e Estado."
O estudo também apontou que 88% dos entrevistados possuem um perfil nas redes sociais, principalmente no Instagram e Tik Tok (plataforma que entrou pela primeira vez na pesquisa). "Além do acesso às redes, houve um aumento do número de crianças e adolescentes com conta nas redes sociais, aumentando a exposição a publicidade e a exposição a pessoas desconhecidas", observa Luísa Adib.
Entre os entrevistados pela pesquisa na faixa de 11 a 17 anos, 56% afirmaram que interagiram com conteúdos de produto ou marca na internet. As meninas estão mais expostas à publicidade de cosméticos, roupas e sapatos nas redes.
"Aspectos socioeconômicos apontados pelo estudo também merecem destaque, como diferenças significativas de acesso à internet nas áreas rurais e urbanas e jovens sem acesso à internet, deixando essa parcela da população ainda mais à margem", explica. "Além disso, as classes A e B acessam a rede por diferentes dispositivos e as classes C e D tem, basicamente, o celular como meio de acesso."