PM entra no Centro Paula Souza, ocupado há quatro dias contra falta de merenda
Justiça determinou a reintegração de posse do prédio; não há informações sobre feridos
Educação|Do R7, com Agência Brasil e Estadão Conteúdo
O batalhão da Força Tática da Polícia Militar entrou, na manhã desta segunda-feira (2), na sede do Centro Paula Souza, na região central de São Paulo, ocupada deste quinta-feira (28) por estudantes em protesto contra falta de merenda em algumas unidades. Não há informações sobre feridos.
De acordo com informações iniciais, a PM fez um cordão de isolamento na recepção do prédio para que os funcionários pudessem chegar dentro do edifício para trabalhar. O grupo entrou e cerca de 50 PMs continuam dentro do prédio enquanto os estudantes gritam frases como "cadê minha merenda" e "não tem arrego". Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a rua dos Andradas está completamente bloqueada, em ambos os sentidos, desde às 6h20.
A Polícia Militar fez um cerco em ruas próximas com duas viaturas, mas descartou que a reintegração seja feita hoje. "O caso aqui não é de iniciar a reintegração. O caso aqui é de conversar. Tem duas viaturas da PM apenas para fechar o trânsito", disse o tenente-coronel da PM Francisco Cangerana.
De acordo com o policial, a PM e os alunos não haviam recebido até as 9h documento autorizando a reintegração. "Os alunos ainda não receberam [a decisão judicial]. Não foi ainda avisado ou pedido ajuda policial para reintegração de posse", declarou o tenente-coronel Cangerana. "O que está sendo feito aqui é uma negociação que permita a entrada dos funcionários para poder desenvolver o trabalho deles."
Alguns estudantes conversaram com funcionários que queriam entrar no prédio. Os profissionais estão receosos com a folha de pagamento, que cai na quinta-feira (5). Os alunos afirmaram que a forma mais rápida de resolver a situação é a diretora-superintendente, Laura Laganá, assinar um documento se comprometendo a atender as reivindicações atendidas.
Um dos funcionários, que não quis se identificar, chegou a conversar reservadamente com um dos alunos e saiu afirmando que iria passar o recado à diretora.
Já segundo o funcionário do administrativo Raul de Albuquerque, a ordem dos superiores do centro é que os profissionais continuem vindo todos os dias até que consigam voltar a trabalhar. Albuquerque disse que não apoia a ocupação porque ele só quer trabalhar.
De acordo com os estudantes, os trabalhadores não podem entrar porque a continuidade da ocupação é uma "moeda de troca" com o governo estadual. Se houvesse a permissão da entrada, a parte administrativa voltaria a funcionar, o que, segundo eles, tiraria a legitimidade da negociação.
Para justificar a ocupação, os alunos citam em cartazes o Artigo 3º da Lei 11.947: "A alimentação escolar é direito dos alunos da educação básica pública e dever do Estado".
A diretora-superintendente do CPS e o secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, chegaram por volta das 10h15 no prédio ocupado. Laura disse apenas que os funcionários entrarão no edifício nesta segunda-feira para trabalhar, sem informar como será a negociação com os alunos. Os servidores aguardavam na lateral do imóvel.
Apesar de determinação judicial pela reintegração de posse, os estudantes decidiram nesta manhã, em assembleia, permanecer do prédio. No texto da liminar, o juiz Fernão Borba Franco, da 14ª Vara de Fazenda Pública, cita justamente a possibilidade de atraso no pagamento dos salários como um dos motivos para embasar sua decisão, proferida neste domingo (1º). “O prédio não é utilizado para aulas, mas para sede administrativa de rede educacional, o que pode causar desproporcionais prejuízos à atuação do Estado, bastando para tanto considerar o atraso no processamento da folha de pagamentos e a possibilidade de dano aos arquivos”, enfatizou o magistrado.
A principal reclamação dos estudantes que ocuparam o Centro é a falta de merenda no ensino técnico. Eles reclamam que nem os matriculados no ensino integral recebem alimentação. Os alunos querem a consrução de restauranes bandejões e, provisoriamente, a concessão de vales-alimentação. Como resposta, a autarquia anunciou, neste domingo (1º), que vai construir cozinhas e refeitórios para oferecer a merenda padrão aos alunos de dez unidades, todas fora da capital paulista. Ao todo, 23 das 219 escolas não recebem nenhuma alimentação escolar.
Outras ocupações
Estudantes promoveram outras três ocupações na cidade em apoio ao protesto. Na madrugada de sexta-feira (29), em solidariedade aos alunos das Etecs, secundaristas ocuparam o colégio estadual Fernão Dias, que se tornou o símbolo da luta contra a reorganização escolar proposta pelo governo no fim do ano passado.
Nesta segunda-feira (2), outras duas escolas foram ocupadas, de acordo com informações dos próprios alunos divulgadas nas redes sociais. Uma delas é a Etesp (Escola Técnica Estadual de São Paulo), que fica na avenida Tiradentes, na Luz. A outra é a Etec Paulistano está ocupada, que fica na avenida Elísio Teixeira Leite, no Jardim Paulistano.
Experimente: todos os programas da Record na íntegra no R7 Play