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Educação

“Protagonismo da criança é essencial para o processo educacional”, defende educador italiano

Adultos devem agir mais como observadores do processo do que como alguém que dita regras

Educação|Eligia Aquino Cesar, do R7

Aldo Fortunati
Aldo Fortunati

Quando um bebê vem ao mundo é natural que os pais se preocupem com todos os aspectos da vida do pequeno. Desde os custos com fraldas e convênio médico até mesmo decidir — mesmo que precocemente — sobre a melhor maneira de educá-lo, o que importa de fato é garantir o que há de melhor aos filhos. E é aí que a questão começa a complicar: qual a diferença entre controlar e determinar o que é melhor para eles?

Aldo Fortunati, renomado especialista em psicologia do desenvolvimento em educação na primeira infância, defende não só a importância que a criança de zero a três anos frequente a escola, mas também que ela exerça o protagonismo nessa fase. Para o especialista italiano, não é possível padronizar o ensino quando se trata de crianças menores de seis anos de idade.

O fundamental neste método de ensino é entender que a criança rica, ativa e competente, não é previsível. Fortunati afirma que três palavras são capazes de nortear os princípios nos quais se baseiam o protagonismo infantil: confiança, oportunidade e tempo.

A cidade italiana de San Miniato, localizada na Toscana, tem cerca de 26 mil habitantes e é referência internacional quando se trata de educação infantil pública de qualidade. Fortunati, que, também, é presidente do Centro de Pesquisa de Documentação sobre a Infância, La Bottega di Geppetto, falou um pouco mais sobre o bem-sucedido método de ensino.


R7: Qual é o papel dos pais e dos educadores no protagonismo infantil?

Aldo Fortunati: A confiança diz respeito, tanto aos orientadores quanto aos pais. Eles precisam entender que a criança pode e deve exercer o papel principal na própria educação e deixar de enxergá-la como um sujeito fraco, que merece ser protegido o tempo inteiro. Isso só poderá ser provado por meio de oportunidades concretas, vindas por meio de recursos materiais organizados, colocados à disposição dos pequenos. Não basta carteira, cadeira e armários na sala de aula, é preciso mais do que isso. São necessários elementos que incentivem a criatividade e que despertem o interesse da criança. E, por último, compreender que a criança tem um tempo totalmente distinto, que ela precisa explorar, conhecer, transformar e descobrir. Muito diferente do tempo do adulto que é focado apenas em resultados.


R7: Como é possível impor limites, mantendo o protagonismo ao mesmo tempo em que a educa? Dá para agir da mesma forma com crianças mais calmas e também com as mais arteiras?

A. F.: O investimento sobre o protagonismo da criança deve ser geral e preventivo. Não creio que qualquer criança seja diferente daquelas com as quais trabalho. Se nós investirmos para que tenham uma situação positiva para a vivência delas, é um modo de ajudá-las a ter uma experiência tranquila e não nervosa ou agressiva.


R7:No Brasil as diferenças entre escolas privadas — que contam com cerca de 15 alunos por sala — e a rede pública de ensino, com no mínimo 30 crianças por classe, na maioria dos casos, é bem acentuada. Como aplicar o método que incentiva o protagonismo infantil nas escolas públicas?

A. F.:O método que incentiva o protagonismo infantil é mais adequado para comunidades de dimensões reduzidas. Porém, não é um método que não possa ser aplicado também em grandíssimas comunidades. A realização deve ser feita de maneira diferente. O reconhecimento do protagonismo pode ser universal.

R7: Qual o resultado esperado do protagonismo na primeira infância durante o desenvolvimento da criança nas outras etapas da vida até à fase adulta?

A. F.:Há muitos elementos que colaboram para a formação de uma pessoa, é difícil dizer que apenas um deles vai fazer com que a pessoa se torne um adulto diferente. Porém, é certo que, especialmente a criança que vem de uma família carente terá muitas vantagens se frequentar uma escola nos primeiros anos de vida. É preciso investir na qualidade da educação infantil, não porque dessa forma a criança se tornará um adulto melhor, mas para que ela viva com prazer, alegria e produtividade na infância.

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