Volta às aulas: o que se sabe e como as escolas estão se preparando
Sindicato dos professores não é a favor do retorno em setembro. Colégios fazem parceria com hospitais e Unicef lança guia para evitar evasão
Educação|Karla Dunder, do R7
Logo que o governo do Estado anunciou uma possível data para volta às aulas presenciais no dia 8 de setembro, escolas e famílias se movimentam para uma nova adaptação. Muitas dúvidas estão no ar, mas as instituições de ensino já apresentam um plano de ação para o retorno.
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Até o momento, a Secretaria deu orientações gerais sobre segurança sanitária para que se evite a disseminação da covid-19 entre os estudantes. Questões mais práticas como a organização das aulas online e presenciais, quais os protocolos com as crianças pequenas entre outros pontos não foram respondidos ainda.
O Conselho Municipal de Educação de São Paulo deve apresentar uma resolução deixando a critério dos pais a escolha de enviar ou não os filhos para a escola. Os alunos da rede municipal não devem receber falta, mas devem continuar com o ensino remoto.
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Famílias que optarem por enviar as crianças terão a responsabilidade de medir a temperatura, enviar máscara e atualizar os telefones de contato para que sejam facilmente acionadas em caso de suspeita da doença.
Na última semana, na sexta-feira (24), a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Manual sobre biossegurança para reabertura de escolas no contexto da covid-19 com informações e protocolos para evitar a disseminação da doença. Ao mesmo tempo, a Fiocruz destacou que o retorno às aulas presenciais poderia aumentar o número de casos e levar a um novo fechamento das escolas.
Os professores, representados pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo), se posicionam contra o retorno às aulas presenciais.
Desigualdade
A Unicef relançou um guia não apenas para auxiliar estados e municípios neste momento, como para evitar a evasão escolar. O Busca Ativa Escolar foi adaptado para a pandemia de covid-19.
“Oferecemos um conjunto de orientações de meninos e meninas que não estão participando das atividades escolares e que no futuro não venham a retornar à escola”, explica Ítalo Dutra, chefe de Educação da Unicef.
Segundo a agência da ONU, mesmo com o ensino remoto, pelo menos 4,8 milhões de crianças e adolescentes em todo o Brasil não têm acesso à internet em casa, “além de outros milhões com acesso precário ou falta de equipamento, não podendo manter o vínculo com a escola durante todo o período de isolamento social”, avalia Dutra. Esses fatores, somado a questões econômicas, contribuem para o abandono escolar.
Uma pesquisa do Instituto Itaú Social e Fundação Lemann aponta que 30% dos estudantes brasileiros correm o risco de não voltar para a sala de aula após a pandemia.
“O guia auxilia as prefeituras ao retorno escolar, nossa preocupação é que 40% das escolas no Brasil não têm acesso a água, o que representa um risco para uma reabertura segura,” destaca o representante da Unicef.
Escolas Particulares
No outro extremo, escolas de elite de São Paulo contam com a organização em ‘squads’ e consultoria de médicos de hospitais de referência como Albert Einstein e o Sírio Libanês.
A Beacon School usou a metodologia dos squads, presente na organização de empresas, para desenvolver as estratégias para o retorno. “Criamos um grupo multidisciplinar ouvindo funcionários de diferentes setores”, explica a diretora Maria Eduarda Sawaya. “Diante de um mesmo assunto, tivemos diferentes opiniões.”
Além dos protocolos de higiene, a escola investiu na adequação da infraestrutura como a substituição das torneiras com sensores para evitar o contato físico. “Contratamos uma consultoria do Einstein que elabora em parceria com a escola os protocolos de segurança.”
No Colégio Visconde de Porto Seguro, os alunos desenvolvem um book de memórias da quarentena. “Este ano valeu sim, tivemos um aprendizado diferente”, conta Silmara Casadei, diretora Geral Pedagógica. A escola também investe em cabeamento e câmeras nas salas para que os professores possam dar aula para o presencial e online.
O Colégio Bandeirantes conta com a consultoria de especialistas do hospital Sírio Libanês.