Rubão, candidato a deputado distrital
Redes sociais/ReproduçãoO empresário e candidato a deputado distrital Rubens de Araújo Lima, conhecido como Rubão (PTB), disse que "estaria na Papuda [complexo penitenciário] ou no [cemitério] Campo da Esperança" caso tivesse uma arma no momento da confusão que terminou com o funcionário de uma churrascaria baleado no rosto. O caso aconteceu no último sábado (27) durante uma ação de campanha eleitoral na Vila Planalto, no Distrito Federal. O candidato enviou os áudios em um grupo de aplicativo.
"O colega que estava me auxiliando, eu não sabia que ele estava armado. Se eu estivesse armado, lamentavelmente, ou eu estaria na Papuda ou no Campo da Esperança. Eu tenho 67 anos, não estou aqui para apanhar de ninguém não, entendeu?", disse no áudio enviado em um grupo de WhatsApp, ao qual a Record TV teve acesso, e em que participam bombeiros militares do Distrito Federal.
"Eu estava na paz, estava botando até uns hinos para não ficar enfadonho e falando um pouco das minhas metas. Eu estava numa área pública, entendeu? Não estava dentro do estabelecimento de ninguém. Eu estou exercendo o meu direito de candidato. Quem gostar gostou. Quem não gostar, paciência. Eu estava exercendo [um direito] e vou continuar exercendo", continuou.
Até o momento, Marco Antônio Leal, apontado como suspeito de alvejar o funcionário do restaurante, não se apresentou à polícia. Rubão foi autuado em flagrante por porte ilegal de munição. No carro dele, foram encontradas munições de calibre 9 mm. A polícia ainda investiga a quem pertence a arma utilizada no crime.
Em esclarecimento enviado à Record TV no domingo (28), Rubão reforçou que não sabia que o funcionário estava armado e disse que apenas ouviu "o estampido que dispersou os agressores". "Se Marco Antônio não estivesse armado, provavelmente eu não estaria aqui em face da intolerância dos agressores", completou o candidato.
O R7 procurou o candidato nesta segunda-feira (29) para comentar os áudios, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. Em nota, o PTB disse que "repudia a violência", que "confia na competência das forças policiais do Distrito Federal e aguarda a apuração dos fatos".
No áudio, o candidato também disse que foi atacado por ter um adesivo do presidente Jair Bolsonaro (PL) no carro e afirma, ainda, que seu funcionário atirou no rosto do homem porque viu que o candidato "estava em risco" e para exercer "a legítima defesa de terceiros".
"Deu um pipoco e pegou na cara do cara lá. Sabe, os caras têm que aprender a respeitar. Toda ação corresponde a reação igual ou contrária. Deus teve piedade dele [do funcionário da churrascaria], que ele não foi para o saco."
Rubão é ex-fuzileiro naval, ex-bombeiro militar e ex-mergulhador de resgate do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Esta é a segunda eleição em que ele disputa o cargo de deputado distrital. Em 2018, recebeu 273 votos.
A briga aconteceu no último sábado (27), em frente à churrascaria Tchê Garoto, na Vila Planalto. Segundo a apuração da Polícia Civil, a confusão começou por causa de um carro de som da campanha do candidato. O funcionário do restaurante pediu a ele que abaixasse o volume do som, o que não foi atendido. Em seguida, um morador puxou o cabo que ligava o som à bateria, o que gerou uma discussão generalizada.
Funcionário de churrascaria é alvejado no rosto
Arquivo pessoalEm meio à confusão, o proprietário do restaurante passou a discutir com o candidato a distrital, que empurrou o dono da churrascaria. Nesse momento, o funcionário Raimundo Eduardo e outras pessoas tentaram apartar a briga. Foi aí que, segundo a polícia, Rubão agrediu Raimundo com socos.
"Nesse instante, o indivíduo que acompanhava o candidato a deputado distrital [Marco Antônio Leal], o qual já estava em posse de uma arma de fogo que pegou no carro do candidato, efetuou um disparo no rosto do funcionário do restaurante, fugindo, em seguida, do local", informou a 5ª Delegacia de Polícia, responsável pela investigação do caso.
Imagens gravadas após a confusão mostram o chão da churrascaria ensanguentado e funcionários do restaurante socorrendo Raimundo Eduardo. Ele foi encaminhado ao Hospital de Base do Distrito Federal e passou por cirurgia. O estado de saúde era estável até a última atualização desta reportagem.
Marco Antônio é ex-sargento do Corpo de Bombeiros e foi expulso da corporação após ter sido condenado por homicídio, em abril de 2002. Ele foi bombeiro por 18 anos e chegou a recorrer da decisão sob a alegação de que a Justiça Militar não tinha competência para julgar o caso. O pedido foi negado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal.