Ciro promete revogar flexibilizações a armas e diz que vai trocar comando do Banco Central
Em sabatina na Record TV, candidato do PDT diz que armas servem para matar e afirma que demitirá presidente do BC se for eleito
Eleições 2022|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, disse nesta terça-feira (27) em sabatina na Record TV que vai anular os decretos editados pelo presidente Jair Bolsonaro que flexibilizaram o porte e a posse de armas de fogo e a comercialização de munições. Na entrevista, ele também afirmou que vai trocar a presidência do Banco Central e criticou a lei que deu autonomia à instituição.
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Segundo Ciro, “armas só prestam para matar”. Ele disse que, em um eventual governo, quer que apenas profissionais da segurança andem armados em locais públicos. "Meus valores cristãos me ensinaram que arma só presta para matar, e eu sou da vida. Alguém que é cristão e se diz pela vida porque é contra o aborto é muito incoerente defender arma. No meu governo, arma na rua só desmontada ou na mão de autoridade."
O político do PDT ainda comentou que anular as normas assinadas por Bolsonaro que facilitaram o acesso a armas é necessário para evitar que elas cheguem às mãos de membros de organizações criminosas.
"As autorizações vão ser todas revistas. Hoje, essa frouxidão [das regras] está fazendo com que armas pesadas estejam indo parar nas mãos de milícias e de facções que mandam e desmandam sob clima de terror nas periferias do Brasil”, opinou Ciro, que se comprometeu a “desbaratar as organizações criminosas".
Banco Central
Em fevereiro do ano passado, Bolsonaro sancionou a lei que estabeleceu autonomia para o Banco Central. Com isso, os mandatos do presidente e dos diretores da instituição passaram a ter vigência não coincidente com o do presidente da República. Ciro, no entanto, disse que não vai manter o atual presidente, Roberto Campos Neto, que tem mandato até 2024.
“Ele será convidado a se demitir no primeiro dia do governo. E eu o demitirei se ele não se demitir”, afirmou o candidato. Segundo ele, manter a atual gestão do Banco Central seria fazer com que o Brasil continuasse refém de uma política econômica que não traz resultados efetivos. Ciro criticou os adversários dele, em especial o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por sinalizar que deve manter Campos Neto.
"Lula está comprometido em manter a direção do Banco Central que o Bolsonaro nomeou. O Lula está pedindo que a gente derrote o fascismo, mas vendeu-se ao sistema financeiro. E eu quero ser presidente só se for para mudar isso. Como vou resolver o problema da maior taxa de juros do mundo se deixo Banco Central comprado pelo sistema financeiro?", questionou.
Falhas no modelo político e econômico de governança
Ciro ainda reclamou que o atual modelo econômico do país vem sendo adotado desde a redemocratização e que nunca trouxe resultados positivos.
"Collor governou com esse modelo econômico e de governança política e foi cassado. Fernando Henrique Cardoso governou com essa gente e esse modelo econômico, e o PSDB ficou tão desmoralizado que nem está disputando eleições. Lula governou com esse modelo econômico e com essa gente e foi parar na cadeia. Dilma foi cassada. Temer foi parar na cadeia. E o Bolsonaro governa com essa gente, tendo prometido enfrentar, e também está desmoralizado", afirmou.
O candidato do PDT prometeu mudanças e disse que quer aproximar o cidadão brasileiro da tomada de decisões. "Quero reconciliar o povo brasileiro, porque fazer acordo com esse tipo de gente é prorrogar eternamente essa crise. Se eu for eleito, terá acontecido uma revolução no Brasil. Nosso povo terá se levantado contra o poderoso sistema pela primeira vez."
Críticas a Lula e Bolsonaro
Na sabatina, Ciro teceu críticas a Lula e Bolsonaro. Sobre o petista, reclamou que ele se deixou corromper com os casos de corrupção que aconteceram ao longo dos mandatos que teve como presidente da República e que as práticas criminosas registradas no governo dele penalizaram a vida de muitos brasileiros.
“O Lula produziu, a um só tempo, a mais devastadora crise econômica do Brasil, com a Dilma [Rousseff], que ele assume que não é o responsável. São 7% de queda na economia brasileira, o desemprego saltou de 5%, 6% para 12% ali. O crédito farto que o Lula expandiu virou 66 milhões de pessoas humilhadas no SPC, virou 6 milhões de empresas no Serasa, na antessala de quebrar”, disse.
Sobre Bolsonaro, Ciro comentou que ele é um “trágico presidente” e que desperdiçou a oportunidade de fazer um governo diferente. “Bolsonaro que teve a oportunidade de ouro, mas acabou se rendendo ao esquema que denunciou. Bolsonaro é tosco, inorgânico, incompetente. Se fosse um cara mais lido e estudado, estaríamos em péssimos lençóis”, observou.
“Bolsonaro está disputando com a Dilma qual foi o pior presidente, mas como ele é muito mal-educado, grosseiro, criador de caso, ele vai ganhar como pior, porque a Dilma pelo menos é uma pessoa honrada, embora tenha sido o maior desastre porque produziu o Bolsonaro”, acrescentou.
Adiar dívidas de estados e municípios com a União
Durante a entrevista, Ciro falou sobre o plano de gerar 5 milhões de empregos nos dois primeiros anos de governo. Para isso, ele diz que vai propor um adiamento das dívidas que estados e municípios têm com a União e permitir que os entes invistam na conclusão de 14 mil obras inacabadas. Além disso, o candidato do PDT falou em reduzir subsídios e incentivos fiscais em 20%, que podem garantir aos cofres públicos R$ 70 bilhões.
“Por que eu não pego a parte da dívida que vai vencer nos próximos quatro anos, capitalizo no fino, acerto com governadores e prefeitos um programa consistente de investimento? Qual a guia? 14 mil obras paradas e 5 milhões de empregos. Meu projeto busca crescer 5% ao ano. São empregos de rápida geração, porque as obras estão licitadas e licenciadas. Eu, cortando 20% das desonerações fiscais, tenho R$ 70 bilhões no primeiro ano. Com isso, gero 1,5 milhão de empregos na veia”, explicou.
O candidato declarou, ainda, que vai propor a taxação de lucros e dividendos de pessoas com fortunas acima de R$ 20 milhões. Com isso, segundo Ciro, seria possível arrecadar R$ 60 bilhões, o suficiente para bancar um programa de renda mínima no valor de R$ 1.000 a cada beneficiário. “Com essa medida, alcanço 58 mil pessoas entre 212 milhões de brasileiros, fecho a conta do programa de renda mínima e acabo com fome no Brasil.”
Ciro foi o segundo a participar das sabatinas que a Record TV realiza nesta semana com os candidatos à Presidência da República. Na segunda (26), o entrevistado foi o presidente Jair Bolsonaro (PL). A próxima a participar é Simone Tebet (MDB), na quarta (28). O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi convidado, mas não quis comparecer.