Acordo com terroristas do Hamas deve sair em poucas horas, diz autoridade de Israel
Grupo extremista teria aceitado proposta de trégua, mas gabinete de Netanyahu nega que tenha recebido resposta
Internacional|Do R7

O grupo terrorista Hamas teria concordado com o cessar-fogo em Gaza e com a proposta de libertação de reféns compartilhada por negociadores do Catar, disse à agência de notícias Reuters um oficial de Israel nesta quarta-feira (15).
Autoridades em Jerusalém disseram que o acordo deve ser assinado ainda nesta quarta ou quinta-feira (16), e que uma declaração conjunta é esperada para logo depois, segundo o site de notícias israelense Walla News.
No entanto, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse logo depois que, “ao contrário dos relatos”, o Hamas ainda não havia dado uma resposta.
Não houve comentários do grupo terrorista nesta quarta, mas uma autoridade palestina próxima às negociações disse à Reuters que um acordo pode “ser assinado hoje à noite, no máximo amanhã”.
Na terça-feira (14), um oficial do Hamas informou que ainda não havia dado sua resposta porque estava esperando que Israel enviasse mapas mostrando como suas forças se retirariam de Gaza, de acordo com a agência.
Autoridades do Catar, país que está sediando as negociações, assim como do Egito e Estados Unidos, disseram na terça que o acordo estava “mais próximo do que nunca”, segundo a agência de notícias AP.
A possibilidade de trégua surge depois de mais de 15 meses de conflito, que já deixou milhares de mortos e forçou o deslocamento de milhões de pessoas na Faixa de Gaza desde o início do confronto, em 7 de outubro de 2023.
Apesar disso, a questão sobre o futuro governo de Gaza após a guerra ainda não tem solução. Israel rejeita qualquer envolvimento do Hamas, que governava o território antes do conflito, e também se opõe ao governo da Autoridade Palestina.
O primeiro-ministro palestino, Mohammad Mustafa, afirmou que a Autoridade Palestina deve ser a única responsável por governar Gaza, posição que é defendida pelo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.
O que diz o acordo
Caso seja aprovado, o acordo teria três fases, segundo a AP, que informou que teve acesso a uma cópia do documento.
A primeira etapa começaria com a libertação gradual de 33 reféns tomados pelo Hamas, incluindo mulheres, crianças, idosos e civis feridos, em troca de centenas de mulheres e crianças palestinas presas por Israel.
Entre os 33 reféns do Hamas, estariam cinco soldados israelenses. Cada um deles seria libertado em troca de 50 prisioneiros palestinos, incluindo 30 terroristas condenados que cumprem penas de prisão perpétua.
Durante a primeira etapa, que duraria seis semanas, as forças israelenses se retirariam dos centros populacionais, os palestinos seriam autorizados a retornar para suas casas no norte de Gaza e haveria um aumento na ajuda humanitária.
Na segunda fase, o Hamas libertaria os reféns vivos restantes, principalmente soldados, em troca de mais prisioneiros e da “retirada completa” das forças israelenses de Gaza, segundo a cópia do acordo obtida, informou a AP.
O grupo terrorista disse que não libertará os reféns restantes antes do fim da guerra e de uma retirada completa de Israel. Por outro lado, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu prometeu retomar esses combates até que as capacidades militares e governamentais do Hamas fossem eliminadas.
Um oficial israelense disse à agência de notícias que “negociações detalhadas” sobre a segunda fase começarão durante a primeira etapa. Ele informou que Israel não deixaria a Faixa de Gaza até que todos os reféns tivessem retornado para o país.
Em uma terceira fase, os corpos dos reféns restantes seriam devolvidos em troca de um plano de reconstrução de Gaza que seria executado em um período de três a cinco anos sob supervisão internacional.
O acordo foi elaborado a partir de uma estrutura definida pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e endossado pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
Por que o conflito começou
Na madrugada de 7 de outubro de 2023, integrantes do Hamas bombardearam Israel em um ataque surpresa. 1.200 pessoas foram mortas e outras 250, sequestradas, no que foi considerado o maior golpe sofrido pelo país na história.
O Hamas disse que aquela era uma grande operação para a retomada do território -- o conflito é sobre a divisão da região entre judeus e árabes.
No mesmo dia, Benjamin Netanyahu, disse que o país havia entrado em estado de guerra. Em seguida, Israel iniciou uma invasão na Faixa de Gaza com ataques por terra e ar.
Ao menos 46 mil pessoas morreram desde então, mais da metade delas mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas e não informa quantos dos mortos eram combatentes.