Brasil pede que países aliados não invistam recursos para se espionar
Internacional|Do R7
Rio de Janeiro, 29 nov (EFE).- O Chefe de Assuntos Estratégicos do Estado-Maior brasileiro, Carlos Augusto de Sousa, assegurou nesta sexta-feira que os países aliados devem "compartilhar esforços" em inteligência e "não investir recursos para se espionar". Carlos Augusto falou assim durante seu discurso na 10ª Conferência Internacional de Segurança, organizada pela Fundação Konrad Adenauer, realizada nesta sexta-feira no Rio de Janeiro. O representante do Ministério da Defesa do Brasil se referiu em sua fala às denúncias de espionagem dos EUA à presidente Dilma Rousseff, e a empresas como a Petrobras, detalhadas em documentos vazados pelo ex-analista da CIA Edward Snowden. Carlos Augusto lembrou que o Brasil apresentou nas Nações Unidas um projeto de resolução para proteger a vida privada dos cidadãos no novo contexto de comunicação digital, o que, na sua opinião, representa um dos "grandes desafios" da segurança mundial. "Os estados devem respeitar este direito e perseguir as práticas nocivas que o violam", assegurou. O militar também detalhou alguns dos desafios de segurança enfrentados pelo Brasil, desafios todos eles globais como terrorismo internacional, pirataria em algumas rotas de transporte, tráfico de armas e drogas e ciberterrorismo. Nesse sentido, ele insistiu na necessidade de colaboração entre países aliados para enfrentar esses desafios, uma cooperação que exemplificou em organismos permanentes como o Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS) ou as reuniões mantidas com frequência pelo grupo dos Brics (siglas para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Ele também ressaltou os tratados de cooperação que o Brasil mantém com alguns países europeus, graças aos quais pôde projetar submarinos nucleares e outros instrumentos de combate. A cooperação do Brasil com os países de seu entorno também foi objeto de análise de Carlos Augusto, para quem a América do Sul "é uma região relativamente pacífica" cujos países estão "unidos por problemas comuns". "Precisamos uns dos outros para resolver os males que nos afligem", asseverou. Sobre os novos desafios enfrentados pelos países, especialmente os emergentes, Carlos Augsuto se referiu às "imensas desigualdades" geradas nos últimos anos como consequência da globalização. Na sua opinião, os protestos que se expandiram pelo norte da África, Turquia, Europa e Estados Unidos mostram "a elevada tensão entre governantes e governados". Além disso, afirmou que "os cidadãos estão cada vez mais conscientes de seus direitos e demandam coisas novas aos governantes", algo que, segundo sua opinião, acontece graças à universalização da educação. "Isso é uma coisa boa", concluiu. EFE gdl/ma