Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Com parlamento dividido, futuro econômico e político da Itália ainda é uma dúvida para italianos e União Europeia

Líder da coalizão de centro-esquerda afirmou que país enfrenta uma 'situação muito delicada'

Internacional|Do R7, com EFE, Reuters e AFP

Após contagem de votos, nenhuma coalizão política conseguiu obter maioria para governar a Itália
Após contagem de votos, nenhuma coalizão política conseguiu obter maioria para governar a Itália Após contagem de votos, nenhuma coalizão política conseguiu obter maioria para governar a Itália

A Itália se encaminha em direção à ingovernabilidade após as eleições gerais, cujos resultados mostram um Senado no qual nem a centro-esquerda nem a centro-direita têm uma maioria clara, ao mesmo tempo em que ganha força o partido do comediante Beppe Grillo. 

Segundo os dados da apuração oferecidos pelo Ministério do Interior, os resultados das eleições mostram, além disso, como o primeiro-ministro em fim de mandato, Mario Monti, que assumiu o governo em novembro de 2011, não obteve o respaldo dos eleitores para um segundo mandato. 

Centro-esquerda declara vitória em eleição na câmara dos deputados da Itália

Resultado das eleições mostram Senado italiano sem maioria definida

Publicidade

Partido de Berlusconi surpreende e conquista maioria relativa no Senado, diz secretário

Os mercados da Itália - terceira maior economia da zona do euro - pareceram assustados com o andamento dos resultados, depois de inicialmente subirem com a esperança de que um governo sólido de centro-esquerda se formasse, provavelmente com o apoio do atual premiê, o tecnocrata Mario Monti.

Publicidade

O primeiro-ministro disse que todos os partidos têm a responsabilidade de garantir que um novo governo seja formado após as eleições inconclusivas.

Caso um acordo entre os partidos não seja viável, o país terá que convocar novas eleições e para formar um outro parlamento. Certamente, este cenário pode atrasar a reformas econômicas e frustrar as expectativas do mercado internacional, além de aumentar a latente insatisfação popular.

Publicidade

Futuro incerto

O líder da coalizão de esquerda na Itália, Pier Luigi Bersani, estimou na última segunda-feira que o país enfrenta uma "situação muito delicada" após os inesperados resultados das eleições legislativas, que deixaram uma situação política pouco clara.

"A esquerda conquistou a Câmara de Deputados e, por número de votos, o Senado. É evidente que o país atravessa uma situação muito delicada", declarou Bersani após destacar que devido ao complexo sistema eleitoral sua coalizão não tem a maioria no Senado, o que ameaça a governabilidade.

O Partido Democrático de esquerda conquistou a Câmara de Deputados, mas a situação indecisa no Senado, após a apuração de quase 90% dos votos, antecipa um panorama difícil, sem maioria definida.

"O resultado será administrado tendo em conta os interesses da Itália", afirmou Bersani.

Termina o primeiro dia de votação para decidir o futuro da Itália

Feministas italianas protestam de topless contra Berlusconi no momento do voto

Entenda as eleições na Itália

O fenômeno Grillo

O bom desempenho do partido "Movimento 5 Estrelas", liderado pelo ator e humorista italiano Beppe Grillo, que alcançou cerca de 25% dos votos tanto na Câmara dos Deputados como no Senado nas eleições gerais, foi celebrado com milhares de mensagens nas redes sociais.

"Tomamos Roma e já começamos a celebrar nossa vitória" e "o resultado de Grilo estava anunciado, quem se surpreendeu com seu avanço não pôs o pé na rua e nem acessou a internet no último ano", eram algumas das mensagens postadas nas redes sociais em referência ao bom desempenho do "Movimento 5 Estrelas".

"A honestidade estará na moda", afirmou o próprio Grillo em seu primeiro Tweet após a jornada de votação do último domingo.

Conheça Beppe Grillo, o candidato comediante que quer derrubar os políticos italianos

Itália quer Berlusconi de volta?

Volta de Berlusconi seria "desastre" para Itália, diz NYT

Tido como um fenômeno pela imprensa local, Grillo já havia demonstrado seu potencial aos seus oponentes na última sexta-feira (22), quando concentrou cerca de 70 mil pessoas na Praça de São João de Latrão de Roma, enquanto os outros candidatos realizavam seus comícios em teatros e hotéis.

Grillo é o único político que percorreu toda Itália a bordo de uma caravana para explicar suas propostas, como a de "devolver os R$ 257 milhões (100 milhões de euros) que teria de reembolso eleitoral caso entrasse no Parlamento".

O genovês e grisalho Giusseppe Piero Grillo, de 63 anos, se lançou com tremenda energia aos comícios, onde denunciou desmoralizações e o suposto espólio do país por parte dos políticos, enquanto repetia que, na junta regional da Sicília, seus 15 deputados concordaram em reduzir 70% de seus salários.

O ponto forte de seu discurso é a "rendição" dos políticos, tidos como "inimigos". O líder da chamada "antipolítica" se caracterizou por não conceder entrevistas nesta campanha eleitoral e nem sequer, em seu último comício em Roma, que a imprensa se aproximasse dele, com exceção do canal "Skytg24".

Em consequência da filosofia de participação popular que sustenta seu movimento, Grillo elegeu seus candidatos através da internet e entre pessoas pertencentes a todos os setores trabalhistas, como donas de casa, estudantes e aposentados, mas nenhum político de profissão. Além de sua presença nas praças de toda Itália, a campanha de Beppe Grillo se desenvolveu ativamente através das redes sociais: seu blog é um dos mais seguidos na Itália, sendo que ele ainda conta com 907,8 mil seguidores no Twitter e com uma média de visitas diárias de 160 mil.

Monti perdeu espaço

O primeiro-ministro da Itália Mario Monti sofreu um duro revés nas eleições gerais realizadas recentemente no país, já que a coalizão de centro que liderava foi apenas a quarta mais votada e está em uma posição quase irrelevante tanto no Senado como na Câmara dos Deputados.

Os italianos deram as costas àquele que assumiu a chefia de Governo em novembro de 2011, após a renúncia de Silvio Berlusconi, quando foi chamado a entrar na primeira linha política para endireitar as contas públicas do país, em um momento no qual despertavam preocupação internacional.

Parecem ter pesado para o resultado de Monti as políticas de austeridade promovidas por seu governo tecnocrata, entre elas um plano de ajuste de mais de R$ 77 bilhões (30 bilhões de euros), a reintrodução do imposto ao primeiro imóvel e reformas como a do mercado de trabalho, que pretendia "flexibilizar" a entrada e a saída dos trabalhadores das empresas.

Além disso, os resultados de Monti no Senado podem agravar a situação de ingovernabilidade criada devido aos resultados equilibrados da centro-direita e da centro-esquerda.

Durante a campanha, cogitava-se que a coalizão de centro-esquerda liderada por Pier Luigi Bersani, caso não conseguisse a maioria absoluta no Senado, poderia recorrer a uma aliança com Monti para obter as margens necessárias.

No entanto, com os resultados atuais, o ex-comissário europeu de concorrência não obtém os números necessários para permitir uma aliança que outorgue essa maioria absoluta.

Monti apresentou sua renúncia como primeiro-ministro no dia 21 de dezembro, depois que o partido de Silvio Berlusconi, o PdL (Povo da Liberdade), lhe retirou seu apoio.

Posteriormente, ele anunciou sua decisão de entrar na batalha eleitoral à frente de uma coalizão de formações de centro, que se mostraram dispostas a apoiar seu programa, de marcado teor europeísta, no qual apostava na manutenção do caminho do rigor orçamentário e em reformas a favor do crescimento.

Entretanto, a decisão de Monti de continuar na política não esteve isenta de anomalias, já que apesar aspirar à presidência do governo, seu nome não apareceu como candidato nas coalizões eleitorais devido a sua condição de senador vitalício, pois já conta com uma cadeira no Parlamento e não pode concorrer a outra.

Participação do eleitorado 

As eleições gerais da Itália realizadas no domingo (24) e na segunda-feira (25) registraram uma queda na participação de 5,33 pontos percentuais em relação ao pleito de 2008, situando-se a afluência de voto para a Câmara dos Deputados em 75,17%.

Segundo os dados divulgados pelo Ministério do Interior italiano, a contagem é menor que o 80,5% registrado em abril daquele ano.

Neve e protesto contra Berlusconi marcam primeiras eleições de inverno da Itália

Em termos gerais, as porcentagens de participação mais altas foram registradas no norte do país, apesar do mau tempo, sobretudo na Lombardia, região-chave para o Senado pela grande quantidade de cadeiras que fornece e tradicional reduto de votos da centro-direita.

A ministra do Interior interina, Anna María Cancellieri, que cifrou em R$ 1 bilhão (390 milhões de euros) o custo para o Estado destas eleições, declarou na segunda-feira que o mau tempo pode ter desanimado alguns italianos a não comparecer aos colégios eleitorais, mas não nessa proporção.

"Não estou em posição de oferecer uma leitura política. Os colégios eleitorais eram acessíveis a todos. Quem quis pôde votar. Não havia um impedimento físico", comentou Anna María.

Quer ficar bem informado? Leia mais

O que acontece no mundo passa por aqui

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.