Como as armas de curto alcance do Irã ameaçam bases dos EUA no Oriente Médio
Teerã mantém em operação ao menos seis tipos de mísseis de curto alcance, com capacidade para atingir alvos em distâncias de até 800 quilômetros
Internacional|Do R7

O Irã ameaça retaliar contra bases americanas no Oriente Médio após os ataques realizados pelos Estados Unidos às instalações nucleares iranianas na noite de sábado (21). Mesmo com parte da capacidade militar comprometida pelos bombardeios de Israel na última semana, especialistas alertam que Teerã ainda mantém um arsenal significativo de mísseis de curto alcance capaz de atingir alvos americanos na região.
Antes mesmo dos ataques dos Estados Unidos, agências de inteligência dos EUA já alertavam que bases no Golfo Pérsico e no Iraque seriam alvos prioritários em caso de escalada. Em discurso na Casa Branca após os bombardeios, o presidente Donald Trump disse esperar que o Irã opte pela paz, mas advertiu que, se houver retaliação, haverá uma resposta ainda mais severa. “Ou haverá paz, ou haverá uma tragédia muito maior para o Irã”, afirmou.
Boa parte do arsenal de médio alcance iraniano foi esgotado nos últimos dias, segundo autoridades dos Estados Unidos e de Israel. Bombardeios israelenses destruíram dezenas de lançadores, depósitos e bases militares, reduzindo a capacidade do Irã de realizar ataques em larga escala. Ainda assim, os mísseis de curto alcance permanecem uma ameaça concreta às forças americanas posicionadas no Oriente Médio.
Em meados de 2025, havia entre 40.000 e 50.000 soldados dos Estados Unidos distribuídos pela região, tanto em bases permanentes quanto em postos avançados menores. Os países com maior presença militar americana incluem Catar, Bahrein, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Iraque. Essas instalações são estratégicas para operações aéreas e navais, logística, coleta de inteligência e projeção de força no Oriente Médio.
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Entre as bases mais expostas está a Base Aérea de Erbil, no norte do Iraque, usada pelos EUA para operações na região e apoio às forças curdas e iraquianas. Todas essas instalações estão dentro do alcance dos mísseis de curto alcance do Irã.
De acordo com dados do Projeto de Ameaça de Mísseis do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), o Irã possui ao menos seis modelos operacionais desse tipo. O Fateh-110 tem alcance entre 200 e 300 quilômetros. A versão mais recente, o Fateh-313, alcança 500 quilômetros. O Qiam-1, um dos mais potentes dessa categoria, chega a 700 ou 800 quilômetros. Há ainda os modelos Shahab-1, com alcance entre 285 e 330 quilômetros, Shahab-2, com até 500 quilômetros, e o Tondar 69, com capacidade de 150 quilômetros.
Esse arsenal é suficiente para atingir não só bases no Iraque, como também instalações no Catar, Kuwait, Bahrein e Emirados Árabes Unidos. Além dos mísseis balísticos, o Irã também possui drones de ataque, que podem ser operados diretamente ou fornecidos a milícias aliadas, como os Houthis no Iêmen e grupos xiitas no Iraque.
Em entrevista ao jornal The New York Times, Nicholas Carl, pesquisador do Projeto de Ameaças Críticas do American Enterprise Institute, afirmou que, embora os mísseis de curto alcance do Irã não tenham autonomia suficiente para alcançar Israel, eles representam uma ameaça direta às bases americanas no Oriente Médio.
As forças dos EUA contam com sistemas avançados de defesa antimísseis, como baterias Patriot e destróieres Aegis. No entanto, uma barragem coordenada de Teerã poderia sobrecarregar essas defesas. Especialistas apontam que os ataques israelenses nas últimas semanas prejudicaram essa capacidade de ofensiva iraniana, ao destruírem ao menos metade dos lançadores disponíveis.
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