Após cinco anos de interrupção devido à pandemia de Covid-19, o serviço de trem de passageiros que liga Pyongyang, capital da Coreia do Norte, a Moscou, capital da Rússia, será retomado na próxima semana. A informação foi divulgada pela agência de notícias sul-coreana Yonhap, a partir de um comunicado transmitido pela Russian Railways, operadora ferroviária estatal russa responsável pelo trecho, na segunda-feira (9).A rota de trem direta entre as duas capitais voltará a operar a partir da próxima terça-feira (17), sob um acordo firmado recentemente entre as autoridades ferroviárias da Coreia do Norte e da Rússia.Em comunicado, a Russian Railways disse que a conexão Moscou-Pyongyang é “a rota ferroviária direta mais longa do mundo”. Os passageiros levarão oito dias para completar os mais de 10.000 quilômetros de viagem.Segundo a Yonhap, o serviço funcionará duas vezes por mês. Trens com destino a Moscou partirão de Pyongyang nos dias 3 e 17 de cada mês, enquanto os trens com destino a Pyongyang sairão de Moscou nos dias 12 e 26. Durante o trajeto, o trem fará paradas em cidades russas como Khasan, Khabarovsk, Novosibirsk e Kostroma.Além da rota principal, outro serviço ferroviário entre Pyongyang e Khabarovsk, cidade russa próxima à fronteira com a Coreia do Norte, começará a operar mensalmente a partir de 19 de junho.No final do ano passado, transportes de passageiros por trens já haviam sido restabelecidos entre a Estação do Rio Tumen, na Coreia do Norte, e a Estação Khasan, na Rússia, na região de fronteira. Em março deste ano, os dois países iniciaram a construção de uma ponte rodoviária sobre o Rio Tumen, com conclusão prevista para o final de 2026, para impulsionar o comércio e a circulação de pessoas entre ambos.A retomada do serviço ferroviário ocorre em meio ao fortalecimento das relações entre Coreia do Norte e Rússia, que intensificaram a cooperação nas áreas militar e econômica desde a assinatura de um tratado de defesa mútua, em junho de 2024.Um relatório divulgado recentemente pela MSMT (Equipe Multilateral de Monitoramento de Sanções), grupo formado por 11 países-membros da ONU (Organização das Nações Unidas), expôs detalhes sobre essa cooperação.Segundo o documento, Pyongyang forneceu a Moscou uma grande quantidade de armamentos, mísseis e pessoal militar em troca de defesas aéreas avançadas.Entre janeiro e dezembro de 2024, a Coreia do Norte entregou à Rússia pelo menos 100 mísseis balísticos usados para atacar cidades ucranianas, como Kiev e Zaporizhzhia, além de infraestrutura civil estratégica.O arsenal inclui também munições de diversos calibres compatíveis com os sistemas russos. As estimativas dão conta de que as munições enviadas possibilitaram até 9 milhões de tiros, entre artilharia e foguetes.As munições foram enviadas em mais de 20.000 contêineres desde setembro de 2023. Inicialmente, os carregamentos foram transportados por ferrovia. Mais tarde, por embarcações de bandeira russa.Já os mísseis e os lançadores, bem como sistemas de guerra eletrônica, foram transportados por meio de cargas aéreas.Inteligências ocidentais também estimam que a Coreia do Norte enviou à Ucrânia cerca de 11.000 soldados em outubro do ano passado e outros 3.000 entre janeiro e fevereiro deste ano.Apesar de enfrentarem dificuldades com equipamentos obsoletos e pesadas baixas – estima-se que cerca de 5.000 soldados de Kim tenham sido mortos ou feridos em combate –, as unidades norte-coreanas teriam se adaptado às condições de combate.A MSMT é formada por países como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Japão e Alemanha que se dedicam a monitorar e investigar o cumprimento das sanções internacionais, especialmente aquelas impostas contra a Coreia do Norte.O grupo foi criado em outubro de 2024, após a Rússia vetar a renovação do mandato do antigo painel de especialistas da ONU responsável por fiscalizar as violações das sanções contra Pyongyang.Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp