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Cúpula entre Trump e Kim termina com mais promessas que conteúdo

Ausência de clareza no documento assinado por EUA e Coreia do Norte fez com que analistas coloquem em dúvida a efetividade do acordo a longo prazo

Internacional|Cristina Charão, com Reuters

Inédito: Trump e Kim encontraram-se em Cingapura
Inédito: Trump e Kim encontraram-se em Cingapura Inédito: Trump e Kim encontraram-se em Cingapura

O histórico encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un, realizado nesta terça-feira (12) em Cingapura, terminou com mais declarações impactantes do que compromissos formais. O comunicado conjunto que encerrou a inédita cúpula entre EUA e e Coreia do Norte, assinado por Kim e Trump, traz poucos detalhes sobre as obrigações assumidas por ambos os países.

A ausência de clareza no documento fez com que diversos analistas colocassem em dúvida o quão efetivo o acordo será a longo prazo, especialmente em relação a conseguir que a Coreia do Norte abra mão de seu arsenal nuclear.

Também observaram que o comunicado não fez nenhuma referência a direitos humanos em uma das nações mais repressoras do mundo.

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O documento também não mencionou as sanções contra a Coreia do Norte ou fez qualquer referência a um tratado de paz para encerrar formalmente a Guerra da Coreia, que acabou em uma trégua depois de deixar milhões de mortos entre 1950 e 1953.

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Desnuclearização da Coreia

A desnuclearização da Coreia do Norte era um dos principais temas da pauta em Cingapura.

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Durante o encontro, Trump disse que Kim Jong Un se comprometeu a trabalhar pela completa desnuclearização da península coreana, enquanto Washington prometeu garantias de segurança a seu antigo inimigo.

Em coletiva de imprensa, o presidente dos EUA disse esperar que o processo de desnuclearização comece "muito, muito rapidamente" e que as ações serão verificadas "tendo muitas pessoas na Coreia do Norte".

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O texto do comunicado, no entanto, não estabelece metas. "O presidente Trump se comprometeu a fornecer garantias de segurança à RPDC e o presidente Kim Jong Un reafirmou seu firme e inabalável compromisso com a completa desnuclearização da península coreana", disse o comunicado, fazendo referência ao nome formal da Coreia do Norte — República Popular Democrática da Coreia.

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e autoridades norte-coreanas irão continuar as negociações "o mais cedo possível", disse o comunicado.

Promessas do passado

Anthony Ruggiero, membro sênior do grupo de pesquisa Fundação para Defesa das Democracias, de Washington, disse não ter ficado claro se as negociações irão levar a desnuclearização, ou se terminarão com promessas quebradas como aconteceu no passado.

"Isso parece como uma reafirmação de onde nós deixamos as negociações há mais de 10 anos e não como um grande passo para frente", disse.

Daniel Russel, que ocupou o cargo de principal diplomata para a Ásia do Departamento de Estado norte-americano, disse que a falta de qualquer referência aos mísseis balísticos da Coreia do Norte no documento é "gritante".

"Trocar nossa defesa da Coreia do Sul por uma promessa é um acordo desigual que ex-presidentes poderiam ter feito mas se recusaram", disse.

A Coreia do Norte tem há muito tempo rejeitado o desarmamento nuclear unilateral, ao invés disso se referindo à desnuclearização da península coreana. Isso sempre foi interpretado como um pedido para os Estados Unidos removerem seu "guarda-chuva nuclear" que protege a Coreia do Sul e o Japão.

Exercícios na Coreia do Sul

O início das negociações que visam acabar com o que Trump descreveu como o "muito substancial" arsenal nuclear da Coreia do Norte pode ter ramificações abrangentes para a região.

Em uma das maiores surpresas do dia, Trump disse que irá interromper exercícios militares com a aliada Coreia do Sul.

Trump disse que os exercícios não serão retomados "a menos que e até que nós vejamos que a negociação futura não está indo como deveria".

Antes, Kim disse que ele e Trump "decidiram deixar o passado para trás. O mundo verá uma grande mudança".

A medida, se efetivamente levada adiante, pode irritar a Coreia do Sul e o Japão, que dependem do guarda-chuva de segurança de Washington.

Cautela

Os dois líderes pareciam cautelosos e sérios quando chegaram para a cúpula no hotel Capella, em Sentosa, uma ilha turística com hotéis luxuosos, um cassino e um parque de diversões dos estúdios Universal, em Cingapura.

Especialistas em linguagem corporal disseram que ambos tentaram projetar postura de domínio quando se encontraram, mas também exibiram sinais de nervosismo.

Após um aperto de mão, os dois líderes estavam logo sorrindo, antes de Trump guiar Kim até uma biblioteca onde se reuniram apenas com seus tradutores. Trump havia dito no sábado que saberia um minuto após encontrar com Kim se chegaria a um acordo.

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