Denúncias de pedofilia ampliam declínio da Igreja Católica na França
Relatório revela que número de crianças e adolescentes abusados por padres e funcionários pode passar de 330 mil
Internacional|Do R7
![Igreja Católica na França tem realizado menos da metade dos casamentos de 20 anos atrás](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/GE4DSPG7ZFII7CJE3LML5PGOOE.jpg?auth=7b7082cec65ae26704fb9e3e983e71b909ed7ee64e863f709c0cfd357276de83&width=771&height=419)
No início do mês, um explosivo relatório revelou que mais de 330 mil crianças e adolescentes teriam sido abusados por sacerdotes e funcionários da Igreja Católica na França ao longo de mais de 70 anos. A instituição, que vem perdendo poder e influência no país nas últimas décadas, pode ver o seu declínio se acelerar, de acordo com especialistas ouvidos pelo New York Times.
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Segundo o jornal norte-americano, pesquisas feitas no início da década de 1960 mostravam que quase a totalidade dos franceses era católica, com perto de 96% dos entrevistados declarando que tinham sido batizados.
Em 2018, dados do Estudo de Valores Europeus, uma das principais pesquisas sobre o comportamento dos cidadãos da União Europeia, revelaram que apenas 32% dos franceses se identificavam como católicos e somente 10% frequentavam regularmente missas e outros eventos. A própria instituição diz que hoje celebra 40% dos casamentos que realizava há 20 anos.
Parte disso tem a ver com a perda de poder da instituição dentro do país. O ensino religioso deixou de ser aplicado nas escolas, o número de padres franceses diminuiu. Enquanto isso, populações de outras orientações religiosas, como os muçulmanos, cresceram.
Em entrevista ao NYT, a socióloga Céline Béraud, professora da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais de Paris, destacou que o relatório emitido no início do mês mostra que mais da metade dos abusos sexuais contra crianças e adolescentes cometidos por pessoas ligadas à igreja ocorreram entre 1940 e 1969.
“Esse é o período em que ainda havia dezenas de milhares de padres, quando as gerações mais jovens eram batizadas, iam para a escola religiosa ou eram escoteiras”, disse a especialista, autora de um livro sobre os escândalos de abuso sexual na Igreja Católica no país.